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Kalil confirma vitória esmagadora no primeiro turno e crava reeleição em Belo Horizonte

Em nenhum momento da campanha, concorrentes se mostraram competitivos contra o atual prefeito, que se cacifa a disputar o Governo de Minas Gerais em 2022

Alexandre Kalil reeleito BH
Prefeito Alexandre Kalil consegue renovar mandato em Belo Horizonte.Divulgação

A vitória com ampla margem pode ser traduzida como uma goleada pelo ex-dirigente de futebol Alexandre Kalil (PSD), reeleito em primeiro turno neste domingo para a prefeitura de Belo Horizonte. Sem que nenhum de seus 14 concorrentes esboçasse reação ao longo da campanha, o atual prefeito da capital mineira confirmou o favoritismo e angariou 63,3% dos votos, contra 9,9% de Bruno Engler (PRTB) e 9,2% de João Vitor Xavier (Cidadania), segundo e terceiro colocados, respectivamente. O triunfo expressivo, somado ao alto índice de popularidade de sua administração na capital mineira, o impulsionam à corrida eleitoral para o Governo do estado, em 2022.

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Enquanto Kalil não teve dificuldades em garantir mais um mandato à frente da prefeitura, o governador Romeu Zema (NOVO) sofreu reveses nas urnas ao tentar emplacar candidatos de seu partido. Nenhum deles vai ao segundo turno. Em BH, o novista Rodrigo Paiva somou apenas 3,6% dos votos, terminando em quinto lugar. Na região metropolitana, em Contagem, Márcio Bernardino também ficou em quinto, com 4,6% dos votos. Nem mesmo em Araxá, sua cidade natal, Zema conseguiu impulsionar um apadrinhado. O empresário Emilio Neumann só levou 9% dos votos, perdendo a disputa para Robson Magela (Cidadania) —52%— no município do Triângulo Mineiro.

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Tal qual Zema, o possível adversário daqui a dois anos também é novo na política. Depois de se consagrar como o mais vitorioso presidente da história do Atlético-MG, Alexandre Kalil chegou à Prefeitura após desbancar o ex-goleiro do clube, João Leite (PSDB), em 2016, impondo uma derrota definitiva aos planos de recuperação do cacife eleitoral do tucano Aécio Neves, que deu as cartas no Estado até ser derretido pelos escândalos de corrupção. Porém, os dois outsiders do tradicional circuito mineiro não se bicaram nas articulações entre os executivos municipal e estadual.

Com relacionamento distante do Governo, o prefeito viu as diferenças se acirrarem a partir da pandemia de coronavírus. Chegou a denunciar a existência de um “gabinete do ódio” na cúpula do Estado e afirmou não ter recebido amparo financeiro nem suporte de Zema. “Zero apoio. O Governo de Minas está quebrado”, disse em entrevista ao EL PAÍS. Adotando medidas rígidas para tentar evitar a explosão de contágios na capital, Kalil comprou briga com comerciantes e entidades empresariais, que o acusaram de intransigência na gestão da crise. “Se uma família perder uma pessoa querida em BH porque eu pensei em mim ou em reeleição, não vou conseguir dormir nunca mais. Prefiro morrer com um tiro que de remorso por ter sido covarde.”

Também virou alvo de bolsonaristas, antes mesmo do início da campanha. No fim de abril, integrantes de uma carreata a favor do presidente Jair Bolsonaro protestaram em frente à casa do prefeito, contrários às medidas restritivas na cidade. Alguns vizinhos reagiram atirando ovos em direção aos manifestantes. Bruno Engler, candidato apoiado por Bolsonaro em BH, se referia ao mandatário como ditador por causa das medidas de isolamento social decretadas na cidade, que Kalil atribuiu a determinações da ciência e do comitê médico que o auxilia na Prefeitura.

Indiferente a críticas e protestos, o ex-dirigente saiu praticamente ileso da pandemia. Posicionado como um candidato de centro, evitou fazer promessas de obras e grandes empreendimentos no decorrer da campanha, preservando a retórica realista, sem papas na língua e de apelo popular que o elegera quatro anos atrás. “A saúde em Belo Horizonte é uma porcaria. Mas é a melhor porcaria do Brasil, disparado”, disse o prefeito em uma de suas propagandas eleitorais.

Agora, como político mais experimentado, Kalil amplia seus horizontes, inclusive como forte candidato a rivalizar com Zema pelo status de maior liderança do Estado e pelo posto de governador, apesar do discurso de pés no chão. “Eu não sento em uma cadeira pensando em outra. Quando sentei no Atlético, não pensei na Prefeitura. Quando sentei na Prefeitura, não pensei no Governo de Minas”, declarou ao comentar a vitória acachapante.

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