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Brasil iniciará última fase de testes de vacina chinesa contra o coronavírus em 20 de julho

Instituto Butantan, de São Paulo, é parceiro do laboratório chinês Sinovac Biotech, que testará em 9.000 voluntários. Brasil vira foco de testes por grande quantidade de casos de covid-19

Frasco com vacina testada contra o coronavírus: mais de 130 imunizantes contra a covid-19 estão sendo estudados neste momento em todo o mundo.
Frasco com vacina testada contra o coronavírus: mais de 130 imunizantes contra a covid-19 estão sendo estudados neste momento em todo o mundo.Dado Ruvic (Reuters)
Marina Rossi

O Brasil iniciará a etapa final de testes para uma das vacinas contra o coronavírus no próximo dia 20. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autoridade brasileira na regulação de medicamentos, autorizou o início das testagens pelo Instituto Butantan, em São Paulo, parceiro desde o mês passado da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. Com 1,6 milhão de casos e quase 65.000 mortes pela doença, o Brasil entrou no radar das empresas internacionais como celeiro de voluntários para os testes, que precisam de um local onde a circulação do vírus ainda seja alta. Além de participar da iniciativa chinesa, o país também firmou parceria com a Universidade de Oxford para a realização da última etapa da vacina desenvolvida pela universidade britânica, que começou a ser testada em voluntários no dia 15.

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De acordo com o Governo do Estado de São Paulo, a quem o Instituto Butantan é ligado, à partir do próximo dia 13 cerca de 9.000 voluntários de cinco Estados além do Distrito Federal, poderão começar a se inscrever para participar das triagens. Somente profissionais da saúde e que estejam trabalhando diretamente no tratamento de pacientes com a covid-19 podem se voluntariar, pois são mais expostos ao vírus. Há uma lista de restrições para a participação, como, por exemplo, não ter sido infectado pelo coronavírus e não ter doenças que necessitem de medicações que possam alterar a resposta imune. Os Estados onde 12 centros de pesquisas farão os recrutamentos e testagens são Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.

A autorização da Anvisa levou cerca de 25 dias para sair, um tempo considerado bastante curto para processos como esse. “A Anvisa trabalhou tecnicamente de forma intensa para resolver as pendências que ela tinha no começo”, ressaltou Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan. De acordo com ele, a expectativa é que a análise preliminar dos resultados desta fase saia ainda neste ano, para que a distribuição da vacina possa se concretizar em meados do ano que vem. Mas Covas não deu um prazo específico para a distribuição. Caso se comprove a efetividade da vacina nesta última fase de testes, o Brasil receberá da Sinovac até 60 milhões de doses até o final do ano para distribuição.

O acordo entre a farmacêutica chinesa e o instituto brasileiro prevê que, em uma segunda etapa, as vacinas também possam ser fabricadas pelo Brasil. O Butantan afirma que está adaptando uma fábrica com capacidade para a produção de até 100 milhões de doses da vacina.

As duas primeiras etapas de testagem da chamada CoronaVac ocorreram na China. Neste momento, segundo informou Dimas Covas, 136 vacinas estão em desenvolvimento em todo o mundo, sendo 12 em fase de estudos clínicos, e três na terceira etapa de testagens, que costuma ser a última. Dessas três em fase final, duas estão passando por provas no Brasil. Além desse convênio entre o Instituto Butantan, o Ministério da Saúde anunciou no último dia 27 parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, para participar da última rodada de pesquisas de uma outra vacina, com 5.000 voluntários. As testagens tiveram início na semana passada, sob coordenação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

Tendência de achatamento

O anúncio desta etapa de estudos clínicos da vacina pelo Instituto Butantan ocorre no momento em que o Governo de São Paulo afirma estar se aproximando de uma tendência de achatamento das curvas de contágio e óbitos. Neste momento, o Estado, o primeiro do país em número de casos e mortes, tem 323.070 confirmados com a doença, e 16.134 óbitos notificados em decorrência do coronavírus. O Governo informa, no entanto, que pela segunda semana consecutiva houve queda no número de mortos pela covid-19 e que a taxa de letalidade caiu para 5%, sendo a menor já registrada desde o início da pandemia.

Os números, no entanto, seguem altos, mostrando que a doença não está controlada no Estado, que hoje tem diversas cidades, incluindo a capital, em ritmo de retomada da economia, com lojas, shoppings, restaurantes e academias reabrindo. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde e o Centro de Contingência do Coronavírus, na semana entre 14 e 20 de junho houve 1.913 óbitos notificados. Nos sete dias subsequentes, de 21 a 27 de junho, o número registrado foi de 1.769 mortes. E no período entre 28 de junho a 4 de julho, foram 1.733 mortes notificadas em decorrência da covid-19. O número atual é 9,5% menor que o registrado há 16 dias, de acordo com o Governo do Estado.

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