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Brasil ultrapassa 25.000 mortes pelo novo coronavírus e confirma mais 20.000 casos em 24 horas

Com alta de infecções e governadores ensaiando flexibilização da quarentena, parlamentares tentam reforçar o SUS, e aprovam projeto que permite requisição de leitos privados

Gil Alessi
Pessoas passeiam em shopping center de Brasília nesta quarta-feira.
Pessoas passeiam em shopping center de Brasília nesta quarta-feira.EVARISTO SA (AFP)

O Brasil superou nesta quarta-feira duas tristes marcas na pandemia do coronavírus. O país, que já é o segundo no mundo em número de infecções pela covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos, ultrapassou o número de 400.000 contágios e 25.000 mortes. De acordo com o Ministério da Saúde, o país tem um total de 411.821 casos confirmados (aumento de 20.599 infecções confirmas nas últimas 24 horas), e 25.598 óbitos pela doença, 1.086 a mais do que o número divulgado na terça-feira. Além disso, existem 4.108 mortes em investigação, e 219.516 pessoas estão sendo acompanhadas com suspeita do vírus. Os novos índices brasileiros foram registrados dias depois de especialistas e órgãos de pesquisa internacionais apontarem o país como novo epicentro global da crise do coronavírus.

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Em meio a um cenário no qual a curva de contágios no país não dá sinais de achatamento nacionalmente, e alguns governadores e prefeitos planejam a flexibilização da quarentena, os parlamentares decidiram ao menos reforçar o sistema público de Saúde. O Senado Federal aprovou na noite de terça-feira por unanimidade um projeto de lei que autoriza o uso de leitos vazios em Unidades de Terapia Intensiva de hospitais particulares por pacientes do Sistema Único de Saúde. O Governo já havia editado um decreto neste sentido em fevereiro, mas o texto do Parlamento amplia e regulamenta o procedimento. A própria Constituição também prevê este tipo de medida em casos de calamidade pública e alguns Estados já utilizaram.

As requisições de leitos de UTI privados vale para atender pacientes do SUS com Síndrome Aguda Respiratória Grave (SRAG) e suspeita ou diagnóstico da covid-19. Inicialmente o texto estendia a medida para todos os leitos do sistema privado, mas acabou sendo restrito para vagas de atendimento intensivo. De acordo com o projeto aprovado, o pedido destes leitos ser feito quando os hospitais solicitados tenham taxa de ocupação menor do que 85%, ou seja, tenham uma ociosidade de 15%, e os Governos terão de arcar com o custo de indenizar os centros de saúde privados. Este valor a ser pago pelo Estado inclui despesas com pessoal, equipe médica, equipamentos e insumos.

A medida ainda precisa ser votada pela Câmara. Segundo o autor do projeto, o senador e médico Rogério Carvalho (PT-SE), cerca 75% da população do país depende do SUS, que dispõe da metade dos leitos de UTI do país. “O projeto agrega a capacidade instalada já existente aos usuários do SUS, permitindo que tenham suas vidas bem cuidadas e salvas”, afirmou.

Em alguns Estados do país o SUS já apresenta sinais de colapso, e foram registrados casos de pacientes com suspeita de covid-19 morrendo em corredores e na porta de hospitais enquanto aguardavam a liberação de vagas de tratamento intensivo. De acordo com reportagem da Agência Pública feita com dados das Secretarias Estaduais de Saúde, em cinco unidades da Federação os leitos de UTI públicos dedicados a pacientes com covid-19 já estão com mais de 90% da lotação. Isso ocorre no Acre, Ceará, Pernambuco, Roraima e Amazonas —neste último, para cada leito intensivo livre nos hospitais públicos existem três desocupados no sistema privado. Em outros quatro Estados as UTIs públicas têm taxa de ocupação superior a 75%: Rio Grande do Norte, Pará, Maranhão e Espírito Santo.

Em São Paulo, epicentro da epidemia do Brasil, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quarta-feira seu plano de “flexibilização consciente” da quarentena, ainda que o Estado não tenha alcançado as metas estipuladas anteriormente pelo tucano para a reabertura. O Estado lidera o número de mortes e casos confirmados da covid-19 (6.712 e 89.483, respectivamente), e já tem 91% dos seus leitos de UTI ocupados. A reabertura em SP começará no dia 1º de junho, mas dependerá dos prefeitos de cada cidade definir os detalhes.

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