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Produção de cloroquina pelo Exército aumenta 80 vezes, mesmo sem conclusão de sua eficácia contra a covid-19

Antes da pandemia, 250.000 comprimidos eram fabricados a cada dois anos. Agora, número saltou para 1,2 milhão em um mês e meio

Laboratório da Fiocruz, que testa a cloroquina para tratar coronavírus: ainda não é possível atestar a eficácia do medicamento.
Laboratório da Fiocruz, que testa a cloroquina para tratar coronavírus: ainda não é possível atestar a eficácia do medicamento.Joédson Alves (EFE)
Marina Rossi

O Laboratório Químico Farmacêutico do Exército(LQFEx) turbinou sua capacidade de fabricação da cloroquina mesmo antes da conclusão sobre a eficácia e os riscos do uso da substância no tratamento de infectados pelo coronavírus. Do início da pandemia, no final de fevereiro, até o último dia 14, a instituição, que produz a droga desde 2000 para o tratamento da malária, já produziu mais de 1,2 milhão de comprimidos, todos à pedido do Ministério da Saúde. A média até então era de 250.000 comprimidos a cada dois anos. As informações foram fornecidas pela assessoria de imprensa do Exército.

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A produção de agora, 80 vezes maior do que a média histórica, pode ser ainda maior. Enquanto em um mês e meio de pandemia foram produzidos 1,250 milhão de comprimidos, o Exército informa que já tem capacidade para produzir quase a mesma quantidade, no período de uma semana: “A capacidade de produção pode ser de até 1 milhão de comprimidos por semana”, diz a instituição.

Localizado no Rio de Janeiro, o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército(LQFEx) informa que a fabricação da substância “será de acordo com a evolução da pandemia no país, não havendo previsão de término”. E que cabe ao Ministério da Defesa, conforme orientação do Ministério da Saúde, o destino do medicamento. Cada unidade tem um custo de 20 centavos.

Porém, apesar dos esforços para acelerar a produção da droga, seu uso ainda não tem o respaldo estabelecido em estudos em escala. No Brasil, estudo com o medicamento está sendo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e, até o momento, não é possível afirmar sua eficácia no tratamento dos infectados pelo novo coronavírus. Os primeiros resultados dessa pesquisa apontam somente que pacientes graves com covid-19 não devem usar doses altas da substância.

Enquanto pesquisadores do mundo inteiro tentam chegar a alguma conclusão sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina, drogas análogas, no tratamento do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) viu nelas uma oportunidade de apontar uma solução para a grave pandemia, assim como fez Donald Trump nos EUA. Desde que os primeiros casos de covid-19 foram registrados no Brasil, Bolsonaro vinha dizendo que já havia uma cura para a doença, que, no início, foi chamada de “resfriadozinho” e “gripezinha” pelo mandatário.

De lá para cá, o Ministério da Saúde liberou o uso da substância em pacientes com o vírus, a critério do médico e contanto que haja consentimento do paciente, já que seus resultados ainda não estão seguros. O próprio Ministério da Saúde chamou a atenção para efeitos adversos do remédio, que pode causar problemas no coração. O Conselho Federal de Medicina foi na mesma linha, frisando que “não há evidências sólidas de que essas drogas tenham efeito confirmado na prevenção e tratamento dessa doença”, mas permitindo a prescrição desde que com o consentimento do paciente e que lhe seja informado o atual status inconclusivo sobre sua aplicação.

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