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Ceará tem todos os leitos de UTI do SUS ocupados em meio à crise do coronavírus

Secretaria da Saúde do Estado afirma que não há mais vagas, no momento, nas unidades de tratamento intensivo. Dificuldade para compra de respiradores é principal entrave para criar novos leitos

Hospital Leonardo da Vinci, em Fortaleza, foi reativado pelo Governo do Ceará para o combate ao coronavírus.
Hospital Leonardo da Vinci, em Fortaleza, foi reativado pelo Governo do Ceará para o combate ao coronavírus.Fátima Holanda (Secretaria da Saúde do Ceará)
Beatriz Jucá

Epicentro do coronavírus no Nordeste e em situação de emergência pela alta incidência da covid-19, o Ceará esgotou a sua capacidade de receber novos pacientes que necessitem de tratamento intensivo com suspeita da covid-19. Segundo confirmou a Secretaria da Saúde do Estado nesta quinta-feira, 100% dos leitos de UTI do SUS estão ocupados. Há leitos de enfermaria disponíveis, mas o Estado, que havia anunciado o plano de criar 800 novos leitos de terapia intensiva até junho, tem enfrentado dificuldade para comprar respiradores em meio à disputa global por insumos médicos provocada pela pandemia.

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-FOTODELDIA- GRAFCVA4167. VALENCIA, 15/04/2020 Carlos, de 48 años y paciente de la UVI durante mas de tres semanas, sale de la Unidad de Cuidados intensivos del hospital Clínico de Valéncia, feliz y aplaudido por los sanitarios que le han cuidado.EFE/ Juan Carlos Cárdenas
Jovens internados mostram ‘rejuvenescimento’ da covid-19 no Brasil
Health workers help a patient suffering from the coronavirus disease (COVID-19) symptoms as he arrives at the field hospital Municipal Gilberto Novaes in Manaus, Brazil April 14, 2020. REUTERS/Bruno Kelly
Sem leitos de UTI, municípios pequenos temem por estrutura limitada para transferir pacientes graves com a Covid-19
Governador Camilo Santana no Palácio da Abolição, em Fortaleza.
Fortaleza lidera taxa de novos casos de coronavírus nas capitais e Ceará já requisita leitos de hospitais privados

A região de saúde de Fortaleza, que abrange a capital e algumas cidades metropolitanas, é a que tem maior incidência da doença por milhão de habitantes do país. E a segunda no coeficiente de mortalidade. Na noite desta quarta-feira, o Governo do Estado publicou um documento no qual projeta que 250 mortes podem ocorrer diariamente a partir do dia 5 de maio, caso o comportamento se mantenha. O estudo compara dados de óbitos do Ceará, do Brasil e de outros países em estado avançado da infecção, que têm experimentado elevada mortalidade pela pandemia, como Estados Unidos, Itália e Coreia do Sul.

Segundo o último boletim do Ministério da Saúde, o Ceará tem 2.157 casos confirmados de coronavírus e 116 mortes. O Estado decretou medidas de isolamento social antes mesmo de São Paulo, que concentra o maior número de casos absolutos no país. Há cerca de duas semanas (no dia 2 de abril), o governador Camilo Santana chegou a publicar um decreto no qual ampliava as atividades consideradas essenciais e relaxava o distanciamento social, mas recuou no mesmo dia, depois que especialistas alertaram sobre o risco da medida para acelerar a disseminação da doença.

Na noite desta quarta-feira, o governador anunciou que o Ceará abre mais um hospital público para o tratamento de pessoas com coronavírus. “O Hospital Batista é o segundo equipamento particular assumido pelo Governo do Estado para atender a população cearense. São 131 novos leitos, incluindo 7 UTIs. Em três semanas já montamos 169 UTIs”, afirmou no Twitter. Antes, o Governo já havia reativado outro hospital particular para tratar pacientes com coronavírus, o Leonardo da Vinci. Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, a concorrência internacional por insumos têm dificultado a criação de novas vagas de UTI, que necessitam de uma estrutura complexa que vai de respiradores e ventiladores mecânicos até equipe especializada.

Gestores de municípios do interior do Estado afirmaram ao EL PAÍS que conseguir fazer essas estruturas funcionarem é a grande preocupação deles no combate à pandemia, que enfrentam ainda problemas para transferir os pacientes às cidades polo, únicas com terapia intensiva. O isolamento social é apontado por especialistas como crucial para reduzir a velocidade do contágio e dar tempo para que o sistema de saúde se prepare para a elevada demanda de pacientes graves com a covid-19, que necessitam de atenção hospitalar de alta complexidade.

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