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Brasil investiga três casos suspeitos de coronavírus e eleva nível de alerta no país

Ocorrências foram notificadas em Minas, Paraná e Rio Grande do Sul. Com isso, Brasil aumentou o grau de vigilância em portos e aeroportos e a triagem de pacientes

Pessoas comprando máscaras em Taiwan nesta terça-feira.
Pessoas comprando máscaras em Taiwan nesta terça-feira.DAVID CHANG (EFE)
Marina Rossi

O Brasil está investigando três casos suspeitos de coronavírus de uma pacientes que viajaram à China e apresentaram sintomas compatíveis com os protocolos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Na manhã desta terça-feira, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou o caso de uma paciente de Minas Gerais, que apresentou febre baixa e sintomas respiratórios e está internada com bom estado. Com a suspeita, o Brasil elevou o nível de alerta para dois, tecnicamente definido como “perigo iminente” para a circulação do vírus no território nacional. À noite, o ministério divulgou mais dois casos, no Rio Grande do Sul e no Paraná. “O que muda agora é o grau de vigilância”, afirmou Mandetta em entrevista coletiva na terça em Brasília. Segundo ele, o país passa a aumentar o monitoramento de portos e aeroportos e a triagem de pacientes. O grau máximo de alerta é o três, quando há ao menos um caso confirmado da doença, e então é declarada emergência de saúde pública. Ele acredita que até sexta-feira o caso suspeito poderá ser confirmado ou descartado.

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Guangzhou (China), 22/01/2020.- A passenger shows an illustration of the coronavirus on his mobile phone at Guangzhou airport in Guangzhou, Guangdong Province, China, 23 January 2020. The outbreak of coronavirus has so far claimed 17 lives and infected more than 550 others, according to media reports. Authorities in Wuhan announced on 23 January, a complete travel ban on residents of Wuhan in an effort to contain the spread of the virus. EFE/EPA/ALEX PLAVEVSKI
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O três casos questão são os primeiros reconhecidos pelo Ministério da Saúde como suspeitos da doença no Brasil. No último dia 22, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES) havia confirmado o que seria, então, o primeiro caso suspeito no país: o de uma paciente de 35 anos que foi atendida na rede de saúde de Belo Horizonte com sintomas respiratórios similares aos da doença: febre e dificuldades respiratórias. Ela, entretanto, não havia viajado para Wuhan, epicentro da enfermidade na China, mas, sim, para Xangai. Por isso, o Ministério da Saúde havia desconsiderado o caso, obedecendo os critérios estabelecidos pela OMS. O novo caso anunciado nesta terça também é o de uma mulher, de 22 anos. Ela, sim, esteve em Wuhan. A partir de agora, entretanto, o entendimento mundial sobre a localização em que estiveram os pacientes suspeitos também mudou e englobará qualquer local da China, não mais apenas a província onde o surto começou.

Mandetta afirmou que ainda existem muitas perguntas sem respostas sobre o coronavírus, como o tempo de transmissão e o potencial de letalidade, mas disse que o Brasil tem “total capacidade” de identificar geneticamente o vírus. “Nosso sistema de saúde já lidou com a SARS [síndrome respiratória grave], já lidou com o H1N1. Não é um sistema que está sendo preparado agora”, disse. A recomendação do Governo é que viagens à China sejam feitas somente em casos de necessidade. “O ministério da Saúde desaconselha qualquer viagem para o país”, afirmou o ministro. Nas Filipinas, uma família de brasileiros foi colocada em isolamento por suspeita de contaminação pelo coronavírus, mas ela não deve ser repatriada, segundo o presidente Jair Bolsonaro. “Não seria oportuno retirar [a família] de lá. Com todo o respeito. Pelo contrário, agora não vamos colocar em risco nós aqui por uma família apenas”, disse a jornalistas, após desembarcar de viagem à Índia.

Números no Brasil

De acordo com o Ministério da Saúde, o país avaliou 127 dentre ao menos 7.000 rumores sobre possíveis casos de contaminação. Dez deles foram notificados pelas redes de saúde, mas apenas um caso se enquadrou como suspeito até o momento. Ela foi colocada em isolamento e 14 pessoas que tiveram contato com ela estão sendo monitoradas —caso alguém seja infectada em território nacional por um paciente que veio da China, o país teria seu primeiro caso de transmissão local, como foi confirmado nesta terça pela Alemanha e pelo Japão. O Governo afirma que tem monitorado aeronaves com passageiros provenientes da China (mesmo os que fazem escala em outros países, já que não há voos diretos vindos do país) e pretende distribuir material impresso de informações sobre as doenças. Não há, porém, nenhuma estratégia especial para o Carnaval até o momento.

O Brasil ainda não tem um teste rápido para detectar a presença do vírus. Por enquanto, as recomendações são lavar as mãos, evitar espirrar ou tossir sem proteger a boca, não tocar os olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas, além de evitar o contato com pessoas doentes. Quem manifestar sintomas de gripe deve permanecer em casa. E é preciso desinfetar objetos e superfícies tocadas com frequência. Segundo o ministro, uma reunião com secretários de saúde de todos os Estados será convocada na próxima semana para avaliar eventuais necessidades dos municípios.

O coronavírus já matou ao menos 106 pessoas, todas na China, e contaminou mais de 4.500. A síndrome respiratória teve origem em Wuhan, cidade na região central do país com mais de 11 milhões de habitantes, mas a doença já foi detectada em outros países da Ásia, nos Estados Unidos e na Europa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o risco internacional de contaminação como “elevado”.


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