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Fuga em massa de presos do PCC no Paraguai coloca autoridades em alerta

Cerca de 75 presos da penitenciária de Pedro Juan Caballero, na fronteira do Paraguai com o Brasil, escaparam na madrugada deste domingo por um túnel

O túnel usado pelos presos do PCC para fugir do presídio Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
O túnel usado pelos presos do PCC para fugir do presídio Pedro Juan Caballero, no Paraguai.Marciano Candia (AP)

Cerca de 75 presos da penitenciária de Pedro Juan Caballero, na fronteira do Paraguai com o Brasil, escaparam na madrugada deste domingo por um túnel que vinham construindo nos últimos dias, informou o Ministério Público paraguaio. Todos eles pertencem ao Primeiro Comando da Capital (PCC), um dos maiores grupos criminosos da América do Sul. Originário de São Paulo, o PCC ampliou suas operações de tráfico de cocaína e armas ao país vizinho.

Trata-se da maior fuga da história das prisões paraguaias, declarou a ministra da Justiça, Cecilia Pérez. “Há uma categórica conivência de funcionários do presídio”, afirmou. Segundo Pérez, os presos depositaram areia e escombros em celas durante dias, e não poderiam ter feito isso sem que os guardas soubessem. A saída do túnel ficava justo em frente ao muro da prisão e a metros de um posto de controle do perímetro, que tampouco alertou as autoridades em Assunção.

Entre os foragidos há vários líderes do PCC, como David Timoteo Ferreira e Osvaldo Pagliato, este último considerado pelas autoridades o chefe da facção nas prisões. Foi Pagliato que supostamente encabeçou o motim ocorrido em junho de 2019 na prisão paraguaia de San Pedro, onde 10 detentos foram assassinados, alguns deles decapitados, num confronto entre o PCC e o clã Rotela, uma máfia local.

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O ministro da Justiça do Brasil, Sergio Moro, afirmou que as forças de segurança estão em alerta ante a possibilidade de que os fugitivos tentem entrar em território brasileiro. “Estamos à disposição para ajudar o Paraguai na recaptura desses criminosos. O Paraguai tem sido um grande parceiro na luta contra o crime”, escreveu Moro no Twitter. De acordo com o site G1, o ministério informou que a fronteira do Paraguai com o Mato Grosso do Sul deve ser temporariamente fechada para evitar a entrada dos fugitivos.

Segundo a ministra Pérez, informações de inteligência permitiram saber que havia uma oferta de 80.000 dólares (336.000 reais) a quem ajudasse os líderes do PCC a fugir. “Não é raro que isso ocorra devido aos altíssimos níveis de corrupção e à fragilidade do sistema de segurança. E é ainda menos raro que ocorra no presídio de Pedro Juan Caballero, provavelmente o mais corrupto e violento”, explica ao EL PAÍS Dante Leguizamón, presidente do Mecanismo Nacional de Prevenção da Tortura, uma organização estatal independente do Governo que monitora o cumprimento das leis dentro das penitenciárias.

Os presídios paraguaios passam por uma situação de superlotação. A maioria abriga mais detentos do que deveria, apesar da aprovação, em setembro do ano passado, da Lei de Emergência Penitenciária, que mobilizou mais policiais e militares para a vigilância do perímetro externo das prisões. “A lei permite a custódia policial e militar fora do perímetro, mas evidentemente também falhou. Havia até um tanque e vários soldados posicionados ao redor da prisão”, diz Leguizamón.

Pelo menos 500 detentos das cadeias do Paraguai se identificam com o PCC. Muitos são brasileiros, mas também há paraguaios. Somente na prisão de Ciudad del Este, também na fronteira com o Brasil, existem outros 200 integrantes da facção criminosa; na de Encarnación há 100; e na de Concepción, outros 100. Além disso, há pavilhões completos destinados a eles em outros presídios do país, segundo dados do Governo e do Mecanismo Nacional de Prevenção da Tortura.

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