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Hong Kong vive um dos dias mais violentos em cinco meses de protestos

Neste sábado, manifestantes destruíram a entrada da sede da agência de notícias chinesa Xinhua

Macarena Vidal Liy
Uma barricada de pneus em chamas bloqueia no sábado uma rua de Hong Kong.
Uma barricada de pneus em chamas bloqueia no sábado uma rua de Hong Kong.MIGUEL CANDELA (EFE)

Semana número 22, e os protestos em Hong Kong não dão sinais de interrupção. No sábado foram registrados alguns dos piores incidentes de violência nos quase cinco meses de manifestações para pedir democracia e contra Pequim e o Governo local. Em confrontos com a Polícia, os manifestantes levantaram barricadas, incendiaram objetos como pneus, lançaram coquetéis Molotov e destruíram comércios suspeitos de manter ligações com a China. Um dos lugares mais afetados foi a sede da agência de notícias chinesa Xinhua, em pleno centro de Hong Kong, cujas vidraças de entrada ficaram completamente destroçadas.

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A Polícia, por sua vez, respondeu com avanços, canhões de água, gás lacrimogêneo e numerosas prisões.

A manifestação principal de sábado, que não tinha autorização policial, deveria começar no parque Vitória, o principal do centro de Hong Kong, como um comício eleitoral. A antiga colônia britânica realizará eleições municipais no dia 24 e, ao contrário das marchas de protesto, os encontros eleitorais não precisam de permissão prévia. Do parque, a ideia era continuar pelas principais avenidas da ilha.

Já antes de começar, a Polícia içou a bandeira azul com a qual avisa os manifestantes de que participam de uma assembleia ilegal.

Pelas ruas comerciais, os agentes perseguiam jovens vestidos de negro – a cor dos protestos – e mascarados, que lançavam pedras e coquetéis Molotov. Cobrir o rosto enquanto participa de uma manifestação ilegal e se a polícia pede para que o descubra é proibido desde o começo de outubro. Os choques se estenderam também ao outro lado da baía, no bairro comercial e de diversão de Tsim Sha Tsui.

Na sexta-feira, o Governo chinês, que acusa os manifestantes de querer a independência de Hong Kong e de agir sob a influência de potências estrangeiras, anunciou que “não tolerará” nenhum desafio à sua integridade territorial e qualquer ingerência exterior que pretenda fomentar o separatismo e “atividades destrutivas”. Entre as medidas discutidas se encontra a implantação da “educação patriótica” em Hong Kong e difundir entre os jovens e os funcionários um conhecimento maior da cultura e História da China.

Uma tentativa há seis anos de colocar em andamento um currículo “patriótico” desencadeou uma onda de manifestações entre estudantes secundaristas, liderados por Joshua Wong à época com apenas 16 anos. A ideia acabou sendo descartada. Mas entre os funcionários em Pequim circula a ideia de que parte do descontentamento entre os jovens que todos os finais de semana vão às ruas se deve ao fato de terem ficado “muito expostos a ideias e valores ocidentais”.

Os manifestantes pedem sufrágio universal para eleger o chefe de Governo autônomo. E a criação de uma comissão independente que investigue a violência da Polícia, a soltura dos aproximadamente 3.000 presos e a retirada da acusação de provocação de distúrbios, que pode significar até dez anos de cadeia. A única exigência concedida a eles foi a retirada do polêmico projeto de lei de extradição que desencadeou os protestos em junho.

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