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Violência diminui de intensidade no sexto dia de protestos em Barcelona

Grupos de voluntários fazem mediação entre manifestantes e policiais para evitar confrontos como os dos dias anteriores. Em Madri, 26 pessoas ficaram feridas e 10 foram presas durante um protesto

Manifestantes protestam sentados.
Manifestantes protestam sentados.EL PAÍS
F. Javier Barroso

O sexto dia de protestos em Barcelona manteve uma calma precária até as primeiras horas da noite (começo da tarde no Brasil). Uma manifestação ocupou a Avenida Laietana, o mesmo local onde ocorreram as graves conflitos na sexta-feira. As concentrações totalizaram mais de 6.000 pessoas e dezenas de participantes formaram uma cadeia humana para impedir que o restante da multidão se aproximasse do cordão policial. No entanto, com o passar das horas, a tensão aumentou e, à meia-noite (19h de Brasília), os primeiros choques foram registrados com algumas barricadas e brigas isoladas. Mesmo assim, comparada às noites anteriores, a violência foi de baixa intensidade.

Os protestos têm como objetivo rejeitar a "violência policial" e reivindicar a liberdade dos líderes catalães condenados à prisão pelo Governo espanhol, após tentativa frustrada de independência. Em cinco dias de tumultos, 83 pessoas foram presas em toda a Catalunha e 182 ficaram feridas (152 só em Barcelona).

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As manifestações de sábado aconteceram em um dia de pedido oficial de calma. O ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, que ocupa a posição interinamente, a prefeita de Barcelona, Ada Colau, e também o presidente da Catalunha, Quim Torra, pediram uma atitude cívica dos participantes durante os eventos. O ministro do Interior, Miquel Buch, cuja renúncia os manifestantes exigem, também pediu explicitamente que, em caso de incidentes, as pessoas saiam "para facilitar a ação da polícia".

Até o início da noite em Barcelona, a missão da cadeia humana, mobilizada sob guarda-chuvas, cumpria seu objetivo. Alguns dos participantes jogaram objetos contra os agentes da polícia, mas dezenas de pessoas sentadas repeliram as agressões com as mãos e gritaram "somos pessoas de paz". A concentração, que começou às seis da tarde, passou sem incidentes até a meia-noite. Depois das onze horas (18h em Brasília), a polícia e o Mossos d'Esquadra tentaram dispersar a multidão. Paralelamente, alguns manifestantes formaram uma barricada em uma rua adjacente ao centro do protesto e puseram fogo. Neste momento, houve alguns choques e uma rápida intervenção policial para abrir espaço aos bombeiros. Pouco depois, houve outros surtos violentos na Rambla de Barcelona, com a queima de mobiliário urbano. Pelo menos seis prisões foram registradas.

Um manifestante lança um pedaço de pau contra a força policial na praça de Callao, em Madri.
Um manifestante lança um pedaço de pau contra a força policial na praça de Callao, em Madri.Guillermo Santos

A marcha concentrou grande parte de seus slogans na rejeição da violência policial. "Fora forças de ocupação", gritaram os manifestantes. Mas o medo, depois de dias de fortes conflitos em Barcelona e nas principais cidades catalãs, se espalhou e alguns manifestantes preferiram permanecer na retaguarda. "Se as coisas ficarem feias, podemos sair rapidamente", disseram eles. Os comerciantes da área foram avisados e, após o almoço, fecharam a porta para proteger suas janelas.

26 feridos e 10 presos em Madri

Agentes da Unidade de Intervenção Policial (UIP, antidistúrbios) avançaram na noite de sábado contra um grupo de manifestantes após uma marcha de protesto pela condenação do Supremo Tribunal aos líderes independentistas do procés. Por volta das 23h (18h de Brasília), se contabilizavam 26 feridos, 11 deles policiais nacionais, de acordo com um porta voz do Serviço de Emergências de Madri. Fontes policiais informaram que os antidistúrbios prenderam 10 pessoas e que outras 111 foram identificadas.

O protesto começou às 18h (13h de Brasília) e transcorreu entre a rua Atocha e a praça de Jacinto Benavente para terminar na Porta do Sol, em pleno centro da cidade. O lema era “liberdade aos presos políticos, liberdade aos detidos”. 4.000 pessoas compareceram à manifestação, de acordo com a Delegação do Governo.

O avanço policial ocorreu quando integrantes da marcha saíram da rua Preciados e chegaram à praça de Callao. Várias centenas de manifestantes tentaram fechar a Gran Vía, uma das principais artérias da cidade, com uma barricada, e a Polícia Nacional avançou contra eles. Os manifestantes lançaram cadeiras e outros objetos contra os agentes.

Os comércios, em especial grandes lojas situadas na região, fecharam suas portas e baixaram as portas de aço para evitar a entrada de manifestantes violentos. Centenas de clientes precisaram permanecer no interior do edifício durante alguns minutos.

O SAMUR (Serviço de Emergências de Madri) atendeu 26 pessoas, 11 delas policiais nacionais. No total, os serviços de saúde levaram sete feridos ao hospital. Entre eles, três agentes. Um deles tem ferida penetrante na coxa potencialmente grave, outro uma possível fratura de clavícula e outro, uma luxação no cotovelo. O restante tinha ferimentos leves, de acordo com o serviço de Emergências de Madri.

A noite de distúrbios na capital acabou com 10 presos, de acordo com fontes da Chefatura Superior de Polícia de Madri, que foram levados à Brigada Provincial de Informação, no distrito de Moratalaz, onde irão depor nas próximas horas.

A situação se encontrava controlada por volta da meia-noite (19h de Brasília), ainda que a polícia continuasse patrulhando as ruas das imediações caso ocorressem incidentes violentos. Os furgões da UIP foram enviados à região. Alguns agentes foram colocados em pontos estratégicos, como as entradas da Porta do Sol.

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