_
_
_
_
_

Detidos dois sócios do advogado de Trump envolvidos no escândalo da Ucrânia

Dois empresários da Flórida nascidos na antiga União Soviética fizeram doações à campanha da reeleição, mas o dinheiro foi usado para investigar Joe Biden

Yolanda Monge
Rudy Giuliani (à esquerda) toma café no hotel de Trump em Washington com Lev Parnas, em setembro.
Rudy Giuliani (à esquerda) toma café no hotel de Trump em Washington com Lev Parnas, em setembro.ARAM ROSTON (REUTERS)
Mais informações
A polêmica vida de Hunter Biden, pivô da ação que pode levar os Estados Unidos a um impeachment
Trump declara guerra ao processo de ‘impeachment’

Dois empresários vinculados a Rudy Giuliani, o advogado pessoal de Donald Trump, foram detidos na noite de quarta-feira no aeroporto Dulles, perto de Washington, quando tentavam deixar o país com destino a Viena, informam a agência Reuters e o diário The Wall Street Journal. Os detidos, o empresário de origem ucraniana Lev Parnas e o investidor imobiliário bielorrusso Igor Fruman, fizeram doações financeiras a um comitê que arrecada recursos para a campanha de Trump à reeleição. Essas doações, no entanto, foram utilizadas no escândalo de Ucrânia, em que Giuliani supostamente orquestrou uma investigação contra Joe Biden e seu filho, exercendo uma pressão sobre Kiev que levou à abertura de um processo de impeachment do presidente.

Parnas e Fruman seriam duas importantes testemunhas na CPI da Câmara de Representantes (deputados) que precede ao impeachment. O primeiro deveria depor nesta quinta-feira às comissões da Câmara e, o segundo nesta sexta, embora não se esperasse que nenhum o fizesse de forma voluntária.

Segundo o Journal, os dois indivíduos são acusados de terem violado as regras de financiamento de campanhas. A peça da acusação afirma que eles teriam participado de uma trama para "canalizar dinheiro estrangeiro a candidatos a cargos federais e estaduais". Uma das atividades que relaciona Parnas e Fruman a Giuliani é a bem-sucedida manobra para retirar do seu cargo a então embaixadora dos Estados Unidos em Kiev, Marie Yovanovitch. Com a diplomata fora do jogo, supostamente Giuliani poderia pressionar, em nome de Trump, os promotores ucranianos a conseguirem informações que manchasse a reputação de Joe Biden e seu filho. No sumário de um telefonema de Trump ao presidente de Ucrânia que foi tornado público, o presidente dos EUA menciona a embaixadora demitida do seu cargo.

Os dois empresários teriam agido na Ucrânia como emissários de Giuliani quando este buscava informações que prejudicassem Biden, pré-candidato democrata à Casa Branca em 2020. Parnas conhecia Giuliani havia muitos anos e teria ajudado o ex-prefeito de Nova York a obter informação dos promotores ucranianos a respeito do democrata e seu filho, Hunter Biden, segundo o The New York Times.

Lev Parnas e Igor Fruman nasceram na antiga União Soviética, naturalizaram-se norte-americanos e hoje atuam como empresários na Flórida. Em maio, Giuliani identificou-os como seus clientes.

Ambos são executivos de uma companhia energética que em 2018 doou 325.000 dólares (1,33 milhão de reais, pelo câmbio atual) a um supercomitê de ação política de Trump. Esta doação desatou uma denúncia à Comissão Federal Eleitoral por parte de um órgão que vigia o financiamento de campanhas. Segundo o Times, no mês passado Giuliani minimizou a importância da investigação sobre seus dois colaboradores. “Eles têm um assunto de financiamento de campanha”, disse o advogado, acrescentando que havia encaminhado o caso a um especialista em campanhas que já o tinha “praticamente resolvido”.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_