_
_
_
_
_

Megan Rapinoe é eleita melhor do mundo: “Seria ótimo se todos se posicionassem contra homofobia e racismo”

Norte-americana campeã do mundo levou o principal prêmio da categoria e fez discurso contra racismo e homofobia. Entre os homens, Messi venceu pela sexta vez e Alisson também foi premiado

Diogo Magri
Mais informações
"A ânsia coletiva que cultiva mitos para colher vilões"
Di Maria brilha e PSG passa por cima do Real Madrid na estreia da Champions
“Queria que algumas jogadoras famosas defendessem mais o futebol feminino”

A americana Megan Rapinoe, 34 anos, foi eleita a melhor jogadora do mundo pela FIFA nesta segunda-feira, no evento The Best, que premiou os melhores da temporada em Milão, na Itália. Campeã do mundo pelos Estados Unidos, Rapinoe superou a compatriota Alex Morgan e a britânica Lucy Bronze. Entre os homens, Lionel Messi saiu com o prêmio principal, deixando Van Dijk, do Liverpool, e Cristiano Ronaldo, da Juventus, em segundo e terceiro lugares. O brasileiro Alisson também saiu vencedor como melhor goleiro do ano.

Rapinoe é a terceira americana a ganhar o prêmio de melhor do mundo, antecipada por Mia Hamm (2001 e 2002) e Carli Lloyd (2016). Apesar de jogar apenas por três vezes na temporada pelo seu clube, o Seattle Reign, a atacante teve destaque na Copa do Mundo feminina, onde marcou seis gols em sete jogos e foi eleita a craque do Mundial. Além do desempenho em campo, Rapinoe também chamou a atenção por protestar publicamente contra o presidente dos EUA, Donald Trump.

No discurso da vitória, Rapinoe destacou a valorização do futebol feminino, que teve um ano atípico com o Mundial mais assistido de todos os tempos. "Vocês que começaram a assistir agora estão um pouco atrasados para a festa, mas vou perdoá-los", começou. Ela lembrou dos casos de racismo vividos pelo inglês Raheem Sterling, do Manchester City, e pelo senegalês Kalidou Koulibaly, do Napoli, além da garota iraniana Sahar Khodayari que se suicidou ateando fogo ao próprio corpo após ser presa tentando assistir à uma partida de futebol em seu país, e das "incontáveis jogadoras LGBT que lutam todos os dias". "Essas histórias me inspiram e me entristecem", afirmou a jogadora. "Seria excelente se todos se posicionassem contra racismo, homofobia e a favor da igualdade salarial. Temos a oportunidade no futebol de usar esse jogo para mudar o mundo para melhor".

Antes de anunciar o prêmio para Rapinoe, o presidente da FIFA, Gianni Infantino, anunciou que a partir de agora as mulheres estão autorizadas a assistirem partidas de futebol no Irã. A proibição, que durava 37 anos, foi parcialmente contornada ano passado, quando o Governo autorizou as mulheres a assistirem no estádio um jogo da seleção iraniana na Copa transmitido no telão. Em março de 2019, porém, a torcedora Khodayari, 29 anos, se disfarçou de homem para assistir uma partida da Champions asiática em Teerã, mas foi descoberta. Ao saber que poderia pegar seis meses de prisão, a iraniana se suicidou colocando fogo em si mesma às portas do tribunal.

Messi volta a ganhar

Vencedor em 2009, 2010, 2011, 2012 e 2015, Messi faturou seu sexto prêmio e superou Cristiano Ronaldo, que tem cinco. Apesar disso, foi a primeira vez que o argentino foi eleito o melhor jogador do mundo desde que o prêmio passou a se chamar FIFA The Best. Com o Barcelona, Messi venceu o campeonato espanhol e foi o maior artilheiro da Europa na temporada, mas amargou uma eliminação traumática para o Liverpool nas semifinais da Champions e uma derrota para o Valencia na final da Copa do Rei. Ele superou Van Dijk, campeão da Champions e melhor jogador da temporada pela UEFA, e Cristiano, campeão da Nations League.

A torcedora brasileira Silva Grecco e o filho Nickollas, deficiente visual, foram homenageados com o FIFA Fan Awards. Torcedora do Palmeiras, a mãe ficou conhecida por narrar os jogos do clube brasileiro para Nickollas dentro do estádio. Em seu discurso, reforçou a importância do esporte como ferramenta de inclusão para deficientes.

A FIFA também revelou no evento a seleção dos melhores jogadores do ano. Apesar da temporada ruim, o Real Madrid foi quem mais emplacou jogadores no time: Sergio Ramos, Marcelo e Modric, além do recém contratado Hazard. O time foi formado por Alisson; Ramos, Van Dijk, De Ligt e Marcelo; De Jong, Modric e Hazard; Messi, Mbappé e Cristiano Ronaldo. Jürgen Klopp, do Liverpool, ganhou como melhor treinador. Pela primeira vez, foi montada também uma seleção feminina: Veenendaal; Lucy Bronze, Renard, Fisher e Ohara; Henry, Ertz, Marta e Lavelle; Rapinoe e Alex Morgan. Jill Ellis, treinadora dos Estados Unidos, foi eleita a melhor entre mulheres.

No Prêmio Puskas, que traz o gol mais bonito da temporada, Daniel Zsori foi o vencedor com uma bicicleta aos 47 minutos do segundo tempo que ganhou o clássico pelo Debrecen contra o Ferencvaros, no campeonato húngaro. Por fim, Marcelo Bielsa, treinador argentino do Leeds United, venceu o prêmio FIFA Fair Play, dado por conta da atitude do treinador durante o penúltimo jogo da segunda divisão inglesa de 2018-19. Jogando contra o Aston Villa, a equipe de Bielsa lutava pelo acesso quando se aproveitou de uma lesão de um jogador adversário em campo para abrir o placar. Imediatamente, o argentino mandou sua equipe deixar os rivais marcarem um gol em sequência. O jogo terminou empatado em 1 a 1 e o Leeds não subiu de divisão.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_