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Presidente do Conselho Europeu põe em dúvida acordo com Mercosul se Bolsonaro não combater incêndios

Donald Tusk afirmou, neste sábado, que é difícil imaginar a ratificação do acordo comercial enquanto Bolsonaro "permitir a destruição dos pulmões verdes" do planeta

Biarritz / São Paulo -
Tusk em coletiva no G7, em Biarritz.
Tusk em coletiva no G7, em Biarritz.DPA

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou, neste sábado, que é difícil imaginar a ratificação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul enquanto o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, permitir a destruição da Amazônia brasileira pelo fogo. As imagens dos incêndios percorreram nesta última semana as redes sociais e culminaram em protestos ao redor do mundo. Após a pressão internacional, Bolsonaro, que havia afirmado que "os principais suspeitos" dos incêndios são as ONGs, decidiu fazer nesta sexta um pronunciamento em rede nacional em que anunciou o envio das Forças Armadas para combater "ilícitos ambientais e levantar e combater focos de incêndio".

"Apoiamos o acordo UE-Mercosul, que também implica na proteção do clima, mas é difícil imaginar uma ratificação harmoniosa pelos países europeus enquanto o presidente brasileiro permite a destruição dos pulmões verdes do planeta", assinalou Tusk em uma coletiva de imprensa antes do início da cúpula do G7 em Biarritz. Para Tusk, as imagens da selva amazônica em chamas "se converteram em outro sinal deprimente de nossos tempos". Ele complementou que a UE está disposta a oferecer ajuda financeira ao Brasil para lutar contra o fogo. Uma proposta similar a feita na sexta-feira por Donald Trump, um aliado de Bolsonaro. O presidente norte-americano afirmou em seu Twitter que conversou com o mandatário brasileiro e os EUA estão prontos para ajudar. "Nossa relação está forte".

O presidente francês Emmanuel Macron havia anunciado na quinta-feira sua intenção de incluir esta “crise internacional” das queimadas amazônicas na cúpula do G7 que ocorre neste final de semana. Macron também ameaçou bloquear o acordo da União Europeia com o Mercosul por causa das "mentiras" do presidente brasileiro em relação ao compromisso com o meio ambiente e sugeriu que se imponham restrições às importações de carne do Brasil como forma de pressionar o país a preservar a Amazônia. A chanceler alemã, Angela Merkel, também se pronunciou na sexta-feira. E disse estar "convencida" de que os incêndios na Amazônia "precisam estar na agenda do G7" porque a Alemanha considera que a amplitude da catástrofe é "assustadora e ameaçadora não só para o Brasil e os demais países envolvidos, mas para o mundo inteiro", assinalou o porta-voz da chefe do Governo, Steffen Seibert, em Berlim. Irlanda também ameaçou não aprovar o acordo com o Mercosul, diante da situação ambiental no Brasil.

Celebrado em 28 de junho, o acordo entre os blocos econômicos prevê um incremento ao PIB brasileiro de 87,5 bilhões de dólares a 125 bilhões em 15 anos, segundo o Ministério da Economia brasileiro. A preocupação com os efeitos econômicos da política ambiental atual agita até mesmo os ruralistas, uma das principais bases de apoio de Bolsonaro, que temem um fechamento de mercado diante da degradação ambiental no Brasil.

Em uma coletiva de imprensa na manhã deste sábado, o Governo brasileiro apresentou as bases da "GLO Ambiental", como ficou conhecida a Garantia da Lei e da Ordem anunciada por Bolsonaro na sexta, destinada a combater os incêndios na Amazônia. O documento afirma que as Forças Armadas poderão atuar em “áreas de fronteira, terras indígenas, unidades de conservação ambiental e em outras áreas da Amazônia Legal”. Os Estados precisam solicitar o envio dos militares. Até o momento, segundo o Governo, a presença das Forças Armadas foi pedida pelos governadores de Rondônia e Roraima. Mato Grosso e Acre também devem solicitá-la.

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