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Rússia e China alertam sobre escalada militar após teste de míssil pelos EUA

Moscou e Pequim desaprovam a primeira prova de um míssil de cruzeiro norte-americano desde a ruptura, no início de agosto, de um acordo de desarmamento da Guerra Fria

Lançamento do míssil, na segunda-feira, em San Nicolás (Califórnia).
Lançamento do míssil, na segunda-feira, em San Nicolás (Califórnia).Departamento de Estado de EE UU
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O Kremlin condenou nesta terça-feira a prova de um míssil norte-americano de cruzeiro terrestre de alcance superior a 500 quilômetros. O teste aconteceu menos de três semanas depois do vencimento do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF na sigla em inglês), que proibia que a Rússia e os Estados Unidos armazenassem, testassem ou implantassem mísseis terrestres, convencionais ou nucleares, de alcance intermediário (entre 500 e 5.000 quilômetros). Pequim também mostrou sua insatisfação com o teste do Pentágono.

A prova de Washington demonstra mais uma vez que “os norte-americanos procuraram desde o início acabar com o INF”, disse um porta-voz do Kremlin em declarações à imprensa.

Ao denunciarem o INF — assinado por Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev em 1987 —, os Estados Unidos acusaram Moscou de violar o tratado durante os testes do míssil Novator 9M729. O Kremlin negou repetidamente e prosseguiu o desenvolvimento e a implantação desses projéteis. Além disso, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou Washington de descumprir o acordo com a instalação, em 2015, do sistema de mísseis Aegis na Romênia.

O vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Riabkov, disse que esses testes mostram que o Pentágono vinha desenvolvendo o novo míssil há muito tempo, pois é altamente improvável que em um “tempo tão curto” os norte-americanos tenham preparado o teste de segunda-feira.

O mais lamentável para o diplomata russo é que com isso Washington revela suas intenções de “estender o potencial desestabilizador” a um campo que, até recentemente, era firmemente regulado, como o dos mísseis terrestres de médio alcance. A situação é simplesmente “lamentável”, disse Riabkov. Tudo isso estaria demonstrando que a Casa Branca preparou com muita antecedência sua renúncia ao tratado INF, tanto no aspecto propagandístico quanto no militar e técnico, afirmou.

O vice-ministro ressaltou que Putin reiterou na segunda-feira, durante sua visita ao presidente francês Emmanuel Macron, em Paris, que a Rússia não implantará mísseis de médio alcance enquanto Washington não o fizer.

Por sua parte, o Governo chinês alertou contra “uma escalada de enfrentamentos militares”. O teste realizado pelos Estados Unidos ao largo da costa da Califórnia “terá sérias consequências negativas para a segurança regional e internacional”, disse à imprensa o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang.

A prova norte-americana, realizada com sucesso, aconteceu na ilha de San Nicolás, na costa da Califórnia, às 14h30, horário local (18h30 em Brasília), segundo o Pentágono, que afirmou que se trata de uma “variante do míssil de cruzeiro de ataque terra-terra Tomahawk”. O INF não proibia o desenvolvimento e o uso de mísseis de médio alcance lançados de embarcações ou aeronaves.

Os testes tanto da Rússia quanto dos Estados Unidos mostram que a corrida armamentista entre os dois países está crescendo e que, no futuro próximo, continuará a acelerar, com as consequentes ameaças que isso implica.

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