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OMC avisa que comércio mundial de mercadorias se enfraquece

Instituição prevê que as transações globais continuarão “fracas” durante o terceiro trimestre

C. DELGADO
Contentores no porto de Valência, no passado mês de novembro.
Contentores no porto de Valência, no passado mês de novembro.Mònica Torres

A Organização Mundial do Comércio adicionou nesta quinta-feira mais sal à ferida. Acrescentou mais um elemento à combinação de dados e previsões que alertam para uma deterioração econômica mundial. "O crescimento do volume do comércio mundial de mercadorias deve permanecer fraco no terceiro trimestre de 2019", assinalou em seu barômetro. O embate comercial entre os Estados Unidos e a China está afetando as vendas internacionais. E as bolsas de valores, diante da instabilidade, voltaram a viver nesta quinta-feira um dia de volatilidade.

O barômetro da OMC sobre o comércio de mercadorias é produzido com dados que utilizam uma base 100. Quando o valor da análise ultrapassa esse limite, isso significa que a perspectiva é positiva. Se fica abaixo, indica a piora da situação. Neste momento, como informou a organização nesta quinta-feira, estão em 95,7 pontos. “A perda de impulso no comércio de mercadorias já foi confirmada em trimestres anteriores em que há dados oficiais disponíveis. O barômetro sugere que a expansão abaixo da tendência no comércio de mercadorias persistirá nos próximos meses”, afirmou.

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Tensões comerciais

Este indicador mostra enfraquecimento em todos os parâmetros que mede. “Os índices internacionais de carga aérea (91,4 pontos) e componentes eletrônicos (90,7) apresentaram os desvios mais fortes em relação à tendência, com leituras bem abaixo dos lançamentos anteriores. Os índices de pedidos de exportação (97,5), produção e vendas de automóveis (93,5) e matérias-primas agrícolas (97,1) se mantiveram abaixo da tendência, embora mostrem alguns sinais de terem atingido o fundo. Somente o índice de embarque de contêineres (99) ficou próximo do valor de referência de 100”, constatou.

A organização lembra que no mês passado, no relatório semestral, já ressaltara que os fluxos comerciais “afetados pelas novas restrições” continuaram “em níveis historicamente altos entre meados de outubro de 2018 e meados de maio de 2019”. E enfatiza que "as tensões que conduzem a maiores barreiras comerciais e maior incerteza representam riscos descendentes significativos para baixo para negociar prognósticos de crescimento".

Guerra tarifária entre os EUA e a China

A OMC não aponta diretamente nenhum conflito, mas as referências às barreiras comerciais nas quais os Estados Unidos e a China estão imersos são evidentes. Na terça-feira passada, o presidente Donald Trump disse que adiou o início da vigência de algumas das novas tarifas que ele imporá ao gigante asiático em setembro. A China respondeu na quinta-feira: o Ministério das Finanças do país afirmou que vai "retaliar" se achar necessário quando essas novas tarifas chegarem.

As bolsas continuam instáveis com tantos sinais de incerteza. O Ibex começou com aumentos tímidos, depois chegou a perder mais de 1% e fechou quase estável, com uma pequena perda de 0,04%. Na mesma linha se movimentaram Paris e Frankfurt, com quedas de 0,27% e 0,7%, respectivamente. Londres, no entanto, caiu mais de 1,13% e Milão, que foi o mercado de ações que registrou mais perdas, 2,53%.

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