_
_
_
_
_

Quatro detentos envolvidos em massacre no Pará são mortos em transferência

Eles estavam dentro de um caminhão com outros 26 presos que iriam para presídio de Marabá

Gil Alessi
Parentes dos presos mortos no masscre se desesperam enquanto aguardam identificação dos corpos.
Parentes dos presos mortos no masscre se desesperam enquanto aguardam identificação dos corpos.BRUNO SANTOS (AFP)

Quatro presos envolvidos no massacre do Centro de Recuperação Regional de Altamira foram mortos dentro de um caminhão durante transferência para presídio em Marabá, a 600 quilômetros de distância, na noite de terça-feira. Segundo informações da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup), os corpos foram descobertos sem vida na manhã desta quarta-feira com sinais de sufocamento. No total, 30 presos viajavam no veículo. "Durante o transporte, estavam algemados, divididos em quatro celas. A capacidade das celas era para até 40 presos, e 30 eram transportados. O Estado não possui caminhão com celas individuais", informou o Governo. Ainda de acordo com a Segup, os mortos seriam da mesma facção criminosa e inclusive dividiam cela no Centro de Recuperação.

"Todos os 26 presos remanescentes serão colocados em isolamento. As razões deste fato lamentável estão sendo investigadas", informou a Segup. Com as mortes registradas durante a transferência já são 62 detentos de Altamira assassinados desde a manhã de terça-feira, quando presos da facção Comando Classe A, aliada do Primeiro Comando da Capital, invadiram a área destinada ao Comando Vermelho e mataram 58 rivais. A maioria morreu sufocada e carbonizada dentro das celas depois que colchões em chamas foram colocados dentro delas, mas ao menos 16 foram decapitados —a maioria deles do CV. Foi o maior massacre de presos este ano —em maio, outros 55 presos foram mortos no Amazonas em quatro prisões distintas— e o segundo maior do país, atrás apenas do Massacre do Carandiru, no qual 111 presos foram assassinados em São Paulo.

Mais informações
Rebelião em presídio do Pará deixa ao menos 57 mortos
Racha em facção aprofunda a crise crônica nas penitenciárias de Manaus
Mortos em presídios de Manaus sobem a 55 e Moro anuncia força-tarefa

Após a matança, o ministro Sergio Moro ofereceu vagas em presídios federais para os líderes da facção responsável pelo crime. Dos 30 que estavam no caminhão rumo a Belém, dez teriam este destino. Até que os assassinatos durante a transferência sejam esclarecidos, os demais presos ficarão em isolamento em Marabá. Questionado sobre o massacre na tarde de terça, o presidente Jair Bolsonaro fez um breve comentário: “Pergunta para as vítimas dos que morreram lá o que eles acham. Depois eu falo com vocês”.

A região Norte entrou de vez no mapa da violência dentro do sistema prisional em 2017, quando 56 presos foram assassinados no Complexo Penitenciária Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. Foi também o primeiro movimento mais ousado da facção manauara Família do Norte, que se aliou ao Comando Vermelho e decidiu fazer frente ao PCC e à sua política expansionista. Atualmente estes três grupos disputam o domínio das unidades prisionais e das rotas de tráfico na região. Em alguns Estados existe ainda a presença de grupos menores, como o Comando Classe A, que orbitam em torno deles. 

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_