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FMI confirma que previsão de crescimento do Brasil não chega a 1% neste ano

Queda na estimativa do PIB brasileiro reflete na região. Segundo novo relatório do organismo, a atividade desacelerou notavelmente na América Latina, que deve crescer 0,6% em 2019

Economista-chefe do FMI, Gita Gopinath.
Economista-chefe do FMI, Gita Gopinath. Shawn Thew (EFE)
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Maus tempos para a economia global. Desde abril do ano passado, em cada revisão realizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as estimativas de crescimento das economias, o organismo se vê obrigado a rebaixá-la. Quatro vezes ao ano, ele precisa dar má notícias. E desta vez não foi diferente.

O panorama revelado pelas previsões globais, publicadas nesta terça-feira, é ainda um pouquinho mais sombrio que o conhecido até agora: mais tarifas por conta da guerra comercial entre Estados Unidos e China , mais incertezas, e mais tensões geopolíticas. Tudo isso se traduz em um crescimento inferior. O mundo vai crescer 3,2% neste ano e 3,5% no próximo, um décimo menos tanto em 2019 como 2020.

No Brasil, a revisão é ainda maior. O FMI cortou a projeção de crescimento do Brasil para este ano de 2,1% para 0,8% e diminuiu também a estimativa de 2020, que passou de 2,5% para 2,4%. Em relatório divulgado nesta terça-feira, o organismo afirmou que expectativa se enfraqueceu consideravelmente já que persistem as incertezas sobre a aprovação da reforma da Previdência e de reformas estruturais.

As novas projeções se alinham mais ao consenso do mercado financeiro, que aposta em um avanço de 0,82% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 e de 2,1% no próximo ano, segundo o boletim Focus desta semana, divulgado pelo Banco Central, que leva em conta um levantamento feito com mais de 100 instituições financeiras. Uma cifra de 0,81% já havia sido apontada pelo Governo de Jair Bolsonaro, que admitiu que a expansão da economia brasileira não alcançaria nem um ponto este ano.

Puxada pelo Brasil, a projeção para a América Latina também caiu drasticamente. A região deve crescer 0,6% neste ano (0,8 ponto percentual abaixo do estimado em abril). Para 2020, a previsão é de avanço de 2,3%.

O crescimento da atividade da região é considerado fraco inclusive se compararmos com os dados dos anos anteriores, em que a maioria dos organismos internacionales e analistas coincidiam em ressaltar como decepcionante -1.2% e 1% em 2017 e 2018 respectivamente. O avanço de 0,6% fica bem atrás em relação ao resto dos blocos dos países em desenvolvimento, que este ano irá crescer em média 4,1%, liderados, como vem acontecendo constantemente, pela Ásia. 

A "considerável revisão para baixo" em 2019 da América Latina também é um reflexo da economia mexicana. De acordo com organismo comandado por Christine Lagarde – que deixará o cargo em outubro –, os investimentos no México continuam fracos e o consumo das famílias desacelerou, refletindo a incerteza política, o enfraquecimento da confiança e o aumento dos custos dos empréstimos no país. O Fundo estima que a economia mexicana irá crescer este ano 0,9%, sete décimos menos que o projetado anteriormente, e em 2020 avançará 1,9%. Em amobos casos, a expansão está aquém da promessa do presidente Andrés Manuel López Obrador, que prometeu um crescimento de 4% nos seis anos do seu mandato.

Segundo o FMI, a atividade econômica desacelerou no início do ano em várias economias latino-americanas. Na Argentina, a terceira maior da região, a atividade se contraiu no primeiro trimestre do ano, embora a um ritmo mais lento do que em 2018. A previsão de crescimento para 2019 no país vizinho - que foi resgatado pelo próprio Fundo há um ano e onde a inflação permanece muito alta - também foi revisada para baixo. Para 2020, os economistas do Fundo apostam que a economia argentina "irá se recuperar"- registrando taxas positivas -ainda que de forma "modesta".

As previsões para o Chile, a economia mais sólida da América Latina, também não são positivas, já que o Fundo também revisou o seu crescimento para baixo. A mudança representa outro entrave para o presidente chileno, Sebastian Piñera, que escolheu a revitalização econômica como o ponto central de sua campanha, mas tem visto sua popularidade cair ao não alcançar o objetivo nos primeiros meses  do seu segundo mandato.

As piores notícias, no entanto, são reservadas para a Venezuela, presidida por Nicolas Maduro. Segundo o FMI, a profunda crise humanitária e a implosão econômica na Venezuela continuam a ter um impacto devastador, e a estimativa é que a economia, que fechou o ano de 2018 com uma queda de 25% do PIB, irá encolher cerca de 35% em 2019.

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