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Trump: “Se os imigrantes ilegais estiverem descontentes nos centros de detenção, que não venham”

Presidente dos EUA reage ao escândalo pelas condições insalubres e de aglomeração nas delegacias de polícia da fronteira com o México

Amanda Mars
Polaris

A denúncia pelas más condições dos centros de detenção de imigrantes sem documentos na fronteira dos Estados Unidos com o México começou pelos advogados, passou à voz dos congressistas democratas e nesta terça-feira já se tornou motivo de alerta para os próprios inspetores do Governo norte-americano. As celas estão abarrotadas, com gente dormindo no chão, conforme se via nas fotos que acompanhavam o relatório oficial. Então nesta quarta Donald Trump reagiu ao ataque: "Se os imigrantes ilegais estiverem descontentes com as condições dos centros de detenção que foram rapidamente construídos ou adaptados, digam a eles que simplesmente não venham. E todos os problemas resolvidos!", escreveu à tarde no Twitter.

A chegada maciça de famílias que fogem da miséria e da violência na América Central está superando a capacidade de um sistema de acolhida que não está preparado para essa quantidade de pessoas, especialmente de tantas crianças. A Administração norte-americana diz que a fronteira está à beira do colapso, transformando simples delegacias de polícia em improvisados centros de detenção. O gargalo se soma ao forte discurso anti-imigração do presidente, que desde que se lançou na disputa à Casa Branca, quatro anos atrás, fez da guerra aos imigrantes sem documentos uma de suas grandes bandeiras eleitorais.

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"Nossa Patrulha Fronteiriça não é formada por trabalhadores hospitalares, médicos e enfermeiras. O problema são as leis migratórias dos democratas, que poderiam facilmente ser consertadas. Grande trabalho da patrulha, sobretudo. Muitos desses imigrantes ilegais estão vivendo muito melhor agora do que no lugar de onde vieram, e em condições mais seguras", acrescentou o republicano numa segunda mensagem. "Digam aos migrantes que venham de forma legal e, com sorte, através de um sistema meritocrático.”

Segundo o relatório da Inspeção Geral do Departamento de Segurança Nacional (DHS), elaborado na semana de 10 de junho nos locais de detenção de imigrantes da região do rio Grande, no sul e leste do Texas, a patrulha fronteiriça mantinha 8.000 detidos, dos quais 3.400 superando as 72 horas de detenção, suposto limite legal para a tramitação das solicitações de asilo.

O republicano pressiona os legisladores democratas a aprovarem regras mais duras contra a imigração irregular, embora tenha deixado em um segundo plano sua antiga promessa eleitoral de construir um muro na fronteira com o México, algo que não é consenso nem entre os deputados e senadores do seu próprio partido, o que seria necessário para aprovar as verbas para o projeto. Por outro lado, a tensão está sortindo efeito com o México, país ao qual Trump ameaçou impor tarifas comerciais generalizadas se o Governo de Andrés Manuel López Obrador não agisse com mais firmeza com os centro-americanos que cruzam seu território a fim de alcançar a fronteira norte-americana. As deportações aumentaram 33% em junho com relação ao mês anterior, até alcançar 21.912 casos, o máximo desde 2006.

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