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Carlos Bolsonaro mira agora Heleno e ataca GSI por caso de tráfico de cocaína em comitiva presidencial

Filho do presidente Jair Bolsonaro, um dos responsáveis por abrir crise com ministros militares, diz não confiar nos seguranças da pasta chefiada pelo general Augusto Heleno

Foto postada no Twitter por Carlos Bolsonaro na noite desta segunda-feira.
Foto postada no Twitter por Carlos Bolsonaro na noite desta segunda-feira.
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Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, pode ter inaugurado uma nova crise com os militares nesta segunda-feira. Isso porque o vereador do Rio de Janeiro criticou abertamente nas redes sociais —e ainda destacou seu comentário no Twitter— os seguranças que estão subordinados ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), cujo ministro-chefe é ninguém menos que o general Augusto Heleno, homem forte do Governo e próximo ao mandatário. 

O ataque a Heleno foi indireto, mas cutucava o general em um dos temas mais sensíveis para a pasta: a prisão na Espanha do sargento Manoel Silva Rodrigues, acusado de ter traficado 39 quilos para a Europa em avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que fazia parte da comitiva que acompanhava o presidente em viagem rumo ao Japão, onde a cúpula do G-20 se reunia, na semana passada. Carlos comentava um vídeo publicado por uma página bolsonarista que trata o GSI e a FAB como cúmplices do sargento. "Por que acha que não ando com seguranças? Principalmente aqueles oferecidos pelo GSI? Sua grande maioria podem (sic) ser até homens bem intencionados e acredito que sejam, mas estão subordinados a algo que não acredito", escreveu Carlos. "Tenho gritado em vão há meses internamente e infelizmente sou ignorado. Não digo que sou dono da razão e evitei até aqui ao máximo me expor desse jeito, mas não está dando mais. Estou sozinho nessa, podendo a partir de agora ser alvo mais fácil ainda tanto pelos de fora tanto por outros (sic). Há muito mais nisso tudo!", continuou. "Mas se viemos aqui para deixar uma mensagem! Creio que essa faz uma parte dela, mesmo que isso custe minha vida! (sic) Um abraço!", completou. 

Apesar de ser vereador, Carlos é o filho que mais influência tem dentro do Palácio do Planalto. Ele é considerado como parte da ala mais ideológica do Governo, influenciada diretamente pelo escritor Olavo de Carvalho, guru da extrema direita. Esta ala entrou em choque direto com a ala militar do Governo, ocupada por generais da reserva e tida como mais moderada. O mais recente resultado dessas rusgas foi a demissão do general Carlos Alberto Santos Cruz, que foi ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência. Há também um acúmulo de atritos com o vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva que desde o início do mandato vem tentando descolar sua imagem do radicalismo presidente no Governo e se firmar como um contraponto ao próprio presidente. Na noite desta segunda-feira, horas depois do comentário em que alfinetava Heleno, Carlos ainda compartilhou uma notícia do Diário de Pernambuco sobre uma nova indicação do filho de Mourão para cargo no Banco do Brasil — ele já havia sido indicado para a assessoria da presidência do banco, que acabou voltando atrás após a polêmica suscitada. 

Dessa vez, Carlos parece não ter tido apoio, ao menos por ora, da ala ideológica do Governo. Na noite desta segunda-feira, o ideólogo Olavo de Carvalho publicou um elogio a Heleno em seu Twitter. Fazia referência ao fato de que neste domingo o general, conhecido por ter chefiado a missões brasileira de paz da ONU no Haiti, compareceu a um dos atos em apoio ao juiz Sergio Moro e ao Governo Bolsonaro. Estava ao lado de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e também dos membros da ala olavista do Governo. "Ver o general Heleno no palanque, ao lado do Eduardo Bolsonaro, defendendo com bravura o nosso presidente, foi um grande momento para todos os brasileiros", escreveu Carvalho.

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