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Neonazista alemão confessa assassinato de político que defendeu abrir as portas aos refugiados

"As investigações não acabaram. Temos que continuar trabalhando para determinar se ele teve cúmplices”, disse o ministro do Interior, Horst Seehofer

O neonazista Stephan Ernst (centro), em agosto de 2002 em Kassel (Alemanha).
O neonazista Stephan Ernst (centro), em agosto de 2002 em Kassel (Alemanha).NSU Watch

As suspeitas mais temidas acabaram se concretizando. O extremista de direitista Stephan Ernst confessou ser o assassino de um político conservador, Walter Lübcke, conhecido por sua defesa dos refugiados. Isso foi confirmado nesta quarta-feira pelo ministro do Interior, Horst Seehofer, após deixar a reunião de uma comissão no Parlamento, em Berlim. "O promotor público nos informou que o suposto assassino confessou", disse Seehofer.

O filho de Walter Lübcke encontrou-o na noite de 2 de junho com um tiro na cabeça no terraço de sua casa em Kassel, no oeste da Alemanha. O assassinato deste político da União Democrata Cristã (CDU), de 65 anos, chocou o país, que assiste, segundo os especialistas, ao ressurgimento da violência da extrema direita com a qual convive há décadas. Vários políticos municipais receberam novas ameaças de morte nos últimos dias, nos quais a violência da extrema direita esteve na linha de frente do debate nacional.

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Restos do DNA de Stephan Ernst, de 45 anos, foram detectados nas roupas do político assassinado. Em sua confissão, o suspeito afirma ter agido sozinho, mas o ministro do Interior, Seehofer, alertou nesta quarta-feira que a investigação está longe de terminar. "As investigações não acabaram, temos que continuar trabalhando para determinar se Stephan E. teve cúmplices", disse o ministro.

O Ministério Público da República continuará a conduzir o caso, o que significa que há uma motivação política no crime. Nos últimos dias, a imprensa alemã revelou que o suspeito mantém relações com o ambiente neonazista há anos.

O assassinato de Lübcke também intensificou o debate na Alemanha sobre as consequências do discurso anti-imigração do partido de extrema-direita Alternativa para Alemanha (AfD). A legenda conseguiu entrar no Parlamento por meio de um discurso excludente, após a chegada de mais de um milhão de requerentes de asilo na Alemanha a partir de 2015. Foi nesse ano que Lübcke, durante um debate municipal em Lohfelden, no Estado de Hesse, defendeu a acolhida dos refugiados. "É preciso defender esses valores e quem não os represente pode deixar o país se não estiver de acordo. Essa é a liberdade de todo alemão ", disse o então chefe da CDU em Kassel. Vários extremistas de direita participaram desse encontro. A edição digital do Der Spiegel garante que Stephan Ernst também estava presente naquele dia. Depois disso, as ameaças contra o político conservador afloraram na Internet e acabaram sendo consumadas em 2 de junho.

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