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Alemanha condena ‘enfermeiro da morte’ que assassinou 85 pacientes

Niels Högel injetava tóxicos nos internos e depois procurava reanimá-los. É considerado o maior assassino em série da Alemanha desde a II Guerra Mundial

Niels Högel, o 'enfermeiro da morte’, nesta quinta-feira, no tribunal de Oldenburg.
Niels Högel, o 'enfermeiro da morte’, nesta quinta-feira, no tribunal de Oldenburg.Getty

Niels Högel, um enfermeiro de 42 anos que trabalhava em hospitais de Oldenburg e Delmenshort, no norte da Alemanha, foi condenado nesta quinta-feira por matar 85 pacientes entre 2000 e 2005 e novamente sentenciado a prisão perpétua por um juiz do Tribunal Regional de Oldenburg. O magistrado também considerou que a culpabilidade era "particularmente grave", de modo que a chance de ele sair depois de cumprir 15 anos de prisão (algo comum em penas de prisão perpétua) é nula. Högel está preso há 10 anos.

A atividade criminosa do enfermeiro foi descoberta por acaso no início de 2005, quando um colega o pegou desprevenido injetando em um paciente uma substância tóxica. Em 2008, ele foi condenado a sete anos de prisão por tentativa de homicídio e, em 2015, um juiz o condenou a prisão perpétua depois de ter sido declarado culpado pelo assassinato de cinco pessoas.

A nova sentença não foi surpresa para ninguém, mas o juiz Sebastian Bührmann não conseguia esconder sua indignação ante a dimensão dos crimes de Högel, que é descrito pela mídia local como o maior assassino em massa da história criminal alemã desde a Segunda Guerra Mundial.

O juiz argumentou em sua explanação que as ações do enfermeiro tinham sido "algo que vai além de qualquer limite e excede qualquer referência". "Senhor Högel, suas ações são tão incompreensíveis que a mente humana capitula diante de sua dimensão." "É tão incompreensível o que fez que não posso acreditar. Às vezes, a pior imaginação não é suficiente para descrever o que o senhor fez", acrescentou o magistrado.

Högel foi acusado pelo Ministério Público, no final de outubro, de ter matado 100 pacientes durante seus anos de enfermeiro nas clínicas de Delmenhorst e Oldenburg. Quando o julgamento começou, e depois de um minuto de silêncio em memória das vítimas, Högel ouviu,com a cabeça baixa e o rosto sem expressão, a acusação e os nomes das 100 pessoas mortas, lidos pela promotora, Daniela Schiereck-Bohlmann.

Quando questionado sobre se admitia as acusações, respondeu com um lacônico "sim", e acrescentou: "O que foi confessado ocorreu de fato". Durante cinco anos, primeiro no hospital de Oldenburg e mais tarde no da vizinha Delmenhosrt, o enfermeiro injetou intencionalmente a pacientes medicamentos que lhes causaram parada cardíaca, e posteriormente tentava reanimá-los, na maioria das vezes, sem sucesso.

De acordo com a promotoria, Högel procedia com essa crueldade para mostrar aos colegas seu talento na reanimação, mas também por "tédio". Suas vítimas tinham entre 34 e 96 anos, ele as escolhia de forma arbitrária e o número real pode chegar a 300. O Ministério Público reconheceu que nunca poderá fornecer um número exato de mortos, porque muitos foram cremados.

Durante o julgamento, Högel admitiu sua responsabilidade global pelos 100 assassinatos, mas, por fim, disse só ter certeza de haver injetado em 43 pacientes e que não se lembrava de outros 52, e negou qualquer responsabilidade em cinco casos específicos. Durante o julgamento, a Promotoria também procurou esclarecer como foi possível que matasse tantas pessoas sem ninguém perceber o que estava acontecendo, e apesar de haver evidências indicando que o número de mortes e o elevado uso de medicamentos para doenças do coração aumentavam quando Högel estava de plantão.

A sentença de 2015 parecia ter encerrado o caso, mas, na prisão, Högel começou a se gabar para outros presos de ter acabado com a vida de mais pacientes. "Depois de ter matado 50 pacientes, parei de contar", dizia ele.

A revelação chegou ao Ministério Público, que retomou a investigação, desta vez para esclarecer a morte de mais de 100 pacientes nas duas clínicas. Depois de descobrir que todas as mortes tinham ocorrido nos turnos de trabalho de Högel, a Promotoria o levou novamente diante do juiz, desta vez sob a acusação de ter assassinado 100 pessoas.

Nesta quarta-feira, Högel pediu desculpas aos parentes e afirmou que durante todo o julgamento tinha ficado claro os danos que havia causado com suas "terríveis ações". "Peço desculpas a todos e a cada um deles por tudo o que fiz a eles ao longo dos anos".

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