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FMI acusa Trump de “minar” o comércio global

Fundo Monetário Internacional eleva em três décimos a previsão de crescimento dos EUA para este ano, para 2,6%, embora avise que a política de escalada tarifária é um "risco material"

Christine Lagarde, em um ato em Washington ontem.
Christine Lagarde, em um ato em Washington ontem.JIM WATSON (AFP)
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) acusa o Governo de Donald Trump de estar "minando" o sistema internacional de comércio, elevando as tarifas e adotando outras medidas para restringir as importações. Em vez de levantar barreiras, a diretora do organismo internacional, Christine Lagarde pede que Washington "trabalhe construtivamente" com seus parceiros para resolver as distorções e evitar que a disputa prejudique o crescimento global.

“É de vital importância que as tensões com China se resolvam rápido”, urge o organismo no relatório anual sobre a economia dos Estados Unidos. As medidas tarifárias, insiste, são ineficazes ao conter os déficits e serão prejudiciais tanto para a própria economia norte-americana como a mundial. Neste sentido, Lagarde pede que os EUA não se centrem só em um pacto bilateral e cheguem a um acordo mais amplo que reforce o sistema global de intercâmbios.

Essa reflexão está incluída no relatório anual sobre a economia dos EUA, conhecido no jargão como capítulo IV, que é publicado em meio à escalada da tensão entre o país e o México, seu principal parceiro comercial, de modo que ainda não contempla a estimativa de impacto. Limita-se a notar que a ratificação do acordo comercial norte-americano (o T-MEC, que já foi enviado aos Parlamentos dos EUA, México e Canadá, mas cuja aprovação final não será nada fácil nos dois primeiros países) ajudaria a aliviar a incerteza predominante no mercado.

Lagarde não escondeu sua "frustração", na quarta-feira, e disse que a extensão da batalha tarifária entre os Estados Unidos e a China e o México cria "ansiedade" pelo impacto que essa situação de tensão acumulada pode ter sobre a economia global em um momento de "fragilidade". "Há coisas que precisam ser resolvidas", disse ele, referindo-se à complexa reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), "mas sem prejudicar a economia". "Cuidado com o que é feito com essa máquina de crescimento que é o comércio", disse a diretora-geral do FMI, de olho na reunião de ministros das economia do G20.

O FMI projeta crescimento para os EUA de 2,6% este ano. São três décimos a mais do que o organismo internacional antecipou em abril, porque o início de 2019 foi mais robusto do que o previsto. Mas vai se moderar a partir de 2,9% registrados em 2018 e deve cair para 2% em 2020, este último é um décimo maior do que os indicados dois meses atrás. A partir daí, ele se estabilizará em 1,6% em anos sucessivos, porque os estímulos fiscais passam ter menor força. A inflação norte-americana, segundo o relatório, deve ficar em 2,1%.

Os riscos, em geral, são equilibrados e descartam um cenário de recessão. Mas a previsão está sujeita, em todo caso, à evolução da frente comercial. Uma nova escalada da disputa tarifária pode causar uma mudança abrupta nas condições financeiras devido à perda de confiança de investidores e empresas. Isso "representa um risco material" porque vai segurar o crescimento, acrescenta o FMI.

Além da incerteza comercial, o grande desafio dos EUA é a deterioração das finanças públicas. O FMI descreve a tendência atual como "insustentável". "A expansão fiscal para apoiar a atividade econômica", acrescenta, "tem um custo". O déficit subirá este ano para 4,2% do PIB e permanecerá acima de 4% no médio prazo. A dívida federal subirá para 80% do PIB até 2020.

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