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Sharon Stone: “O termo ‘comível’ era usado para decidir se seríamos contratadas”

"Em ‘Instinto Selvagem 2’, trabalhei com um diretor que me pedia que sentasse em seu colo todo dia”

Sharon Stone em um evento beneficente no Tennessee.
Sharon Stone em um evento beneficente no Tennessee.CORDON PRESS
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Sharon Stone, uma das estrelas que encarnou mais vezes a imagem de uma mulher sexy em Hollywood, é também uma das mais combativas na luta feminista. Agora a atriz deu mais um passo e falou do assédio sexual que sofreu durante sua carreira em Hollywood.

“Quando comecei neste negócio, o termo fuckable [algo como ‘comível’] era usado com frequência para decidir se devíamos ser contratadas”, afirma Stone, aos 61 anos. “Os executivos dos estúdios se sentavam em torno de uma grande mesa e discutiam se cada uma de nós era ou não fuckable.”

Em seus primeiros anos, Stone vendeu a imagem de mulher sexy. Aceitou aparecer quase nua em capas de revista, interpretou papéis que representavam mulheres que hoje são vilipendiadas na era do #MeToo.

A estrela em uma cena do filme ‘Instinto Selvagem 2’, de 2006.
A estrela em uma cena do filme ‘Instinto Selvagem 2’, de 2006.CORDON PRESS

“Usei meu cérebro para parecer fuckable. Era o melhor a fazer”, diz a estrela. Sharon Stone foi várias vezes vítima do sexismo que reina nas filmagens. Cita um exemplo concreto: “Em Instinto Selvagem 2, trabalhei com um diretor que me pedia que sentasse em seu colo todos os dias para receber suas instruções, e quando me neguei ele não quis filmar comigo. Durou semanas”.

Em outubro de 2017, o caso Harvey Weinstein sacudiu Hollywood. Durante vários meses, Sharon Stone ficou em silêncio. Até que, em janeiro de 2018, falou à TV CBS do sexismo na indústria do cinema.

“Estou neste negócio há 40 anos”, diz a atriz à revista Madame Figaro. “Então, imaginem 40 anos atrás. Com o físico que tinha e vindo de um buraco perdido na Pensilvânia, cheguei aqui sem nenhuma proteção. Vi de tudo.” Stone está convencida de que a revolução feminista está conseguindo vitórias: “As mulheres estão começando a entender que podem ser elas mesmas e já não precisam se comportar como homens para tomar o poder ou ter valor”.

Stone também se uniu ao movimento de protesto contra a desigualdade salarial entre homens e mulheres em Hollywood, que inclui outras estrelas, como Jennifer Lawrence, Natalie Portman e Meryl Streep. A atriz contou que depois de Instinto Selvagem ninguém a contratava, porque ela exigia o mesmo salário que seus colegas homens recebiam. “Lembro de estar sentada em minha cozinha, com meu agente, chorando e dizendo que não voltaria a trabalhar enquanto não me pagassem o que era justo”, relatou Stone.

“Ainda assim, continuo recebendo muito menos que um homem”, contou a atriz. Sharon Stone também propôs que a mudança não seja só para as atrizes, mas se estenda a todas as mulheres, e falou de sua própria experiência quando começou no mundo da interpretação: “Eu servia mesas e limpava o chão, e se você faz a mesma coisa, não é justo que receba um pagamento diferente”.

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