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Socialistas vencem na Espanha, e extrema direita entra no Parlamento

PSOE voltou a vencer as eleições gerais após 11 anos, mas precisará de pactos para governar. Direita se vê fracionada pela primeira vez em três siglas: PP, Ciudadanos e o ultradireitista Vox

Discurso de Pedro Sánchez após vitória nas urnas na noite deste domingo, 28
Discurso de Pedro Sánchez após vitória nas urnas na noite deste domingo, 28ULY MARTIN (EL PAÍS)
María Martín
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O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) voltou a vencer as eleições gerais da Espanha neste domingo, 28 de abril, após 11 anos sem chegar ao poder pelo voto. A vitória, porém, não será suficiente para que governe sozinho e o partido pode ter que depender dos independentistas catalães. O cenário contraria o líder da sigla, o premiê Pedro Sánchez, que convocou eleições no início deste ano justamente porque não quis ceder à chantagem política dos diversos grupos independentistas. Na Espanha, o presidente do Governo deve ser apoiado pela maioria simples do Parlamento (176 cadeiras). Para chegar a isso será necessário uma soma de alianças porque mesmo com os postos obtidos pelo aliado Unidas Podemos a esquerda não conseguiu chegar a este número. Após uma eleição repleta de incertezas, e movida com por uma participação histórica—o voto no país não é obrigatório—, a extrema direita também conseguiu entrar pela primeira vez no Parlamento, mas obteve menos cadeiras do que esperado.

O pleito deste domingo é o terceiro em menos de três anos e meio na Espanha. Em fevereiro, Sánchez se viu se obrigado a convocar eleições após ver sua proposta de Orçamento para 2019 reprovada no Congresso. Uma derrota precipitada pelo rechaço dos independentistas da Catalunha (Esquerda Republicana da Catalunha e o Partido Democrata Europeu Catalão), cujos votos, por outro lado, haviam sido necessários para que ele se pudesse se tornar presidente em 2018. A aliança com os catalães durou pouco, pois o preço cobrado pelo o apoio foi considerado muito alto: em troca do "sim" ao Orçamento, eles queriam planos para avançar na autodeterminação da região autônoma, algo que o Governo, apesar de se oferecer aberto ao diálogo, não estava disposto a abraçar.

Com 99,99% das urnas apuradas, o PSOE obteve 123 cadeiras e o Unidas Podemos, 42, totalizando 165. Caso Sanchez não consiga alcançar os 176 postos necessários nas últimas negociações, a possibilidade de um bloqueio político o colocaria nas mãos do líder da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Oriol Junqueras, cujo partido obteve 15 cadeiras. Seria o suficiente, entretanto, para que Sánchez conseguisse formar maioria sem ter que depender do grupo de outro dos líderes do movimento independentistas, Carles Puigdemont, o Junts por Catalunya, que obteve sete deputados —a legenda se radicalizou nos últimos tempos, enquanto o ERC é visto como mais moderado, o que facilitaria os acordos com Sánchez.

A direita, fracionada pela primeira vez em três siglas, obteve neste domingo um resultado demolidor. O tradicional PP, que teve Mariano Rajoy destituído da presidência do Governo em junho de 2018, dando lugar à Sanchéz, obteve 66 assentos, um colapso absoluto dos 135 conseguidos na eleição de 2016. Quase foi ultrapassado pelo mais novato Ciudadanos, que obteve 58. 

O Vox, a extrema direita que amedrontou a esquerda em direção às urnas, entrou no Congresso com 24 lugares. A Espanha perdeu, assim, a excepcionalidade de ser o único grande país europeu sem a presença de um forte partido de direita no Parlamento, embora mais afastado do poder, ao contrário do que acontece na Itália. A legenda de Santiago Abascal, grande protagonista da campanha, entra vigorosamente no Parlamento, mas não será decisiva para formar Governo e ficou muito aquém das melhores previsões feitas por algumas pesquisas. Eles serão o quinto partido e terão pouca capacidade de influência.

Com a colaboração de texto de Carlos E. Cué.

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