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Empresário assume financiamento de vídeo pró-golpe veiculado por Governo

Após mais de 48 horas de silêncio, Osmar Stábile diz ter pago produto. Planalto repete que não se pronunciará sobre a veiculação do material em canal oficial

O empresário Osmar Stábile, que assumiu a autoria e financiamento do vídeo pró-ditadura.
O empresário Osmar Stábile, que assumiu a autoria e financiamento do vídeo pró-ditadura.Arquivo pessoal
Marina Rossi
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Mais de 48 horas após o silêncio diante da veiculação de um vídeo revisionista sobre a ditadura por um canal oficial do Governo Federal, o empresário Osmar Stábile afirmou, nesta terça-feira, ser o autor e financiador do material. "Fi-lo (o vídeo), de moto próprio e às minhas expensas", disse o empresário, por meio de uma nota enviada por seu advogado, Piraci Oliveira. Questionada sobre por que o Governo distribuiu um material extraoficial em seu canal no WhatsApp e se ele teve algum custo para os cofres públicos, a Secretaria de Comunicação afirmou, por e-mail, que não se pronunciará sobre o caso.

"Como cidadão, quite com suas obrigações constitucionais e legais, tenho o total direito de expor minha opinião de forma livre", escreveu na nota o empresário e dono da empresa Bendsteel, do ramo de metalurgia. "Sou um patriota e entusiasta do contragolpe preventivo (pois é assim que boa parte que [sic] os historiadores sem ideologias pré-concebidas enxergam "1964")". O empresário ainda afirma que não teve a intenção de "mexer com os brios, dores e sentimentos daqueles que se dizem perseguidos pelas Forças do Estado naquele importante período da história".

O vídeo, apresentado por um ator, defende que em 1964 o Brasil vivia uma ameaça comunista, mas, conclamado pela população e pela imprensa, o Exército agiu e "nos salvou". O material foi enviado no domingo, data de aniversário dos 55 anos do golpe militar, pela manhã, pelo canal oficial do Planalto no WhatsApp, sem nenhuma marca do Governo ou qualquer outra informação. "É preciso saber até que ponto legalmente essa mensagem estaria ou não compreendida dentro do que deve ser a publicidade institucional do Governo”, disse Gil Castello Branco, do Contas Abertas, entidade que acompanha os gastos públicos.

Nenhum outro canal oficial - nem mesmo o Twitter do presidente Jair Bolsonaro, uma das plataformas mais atualizadas de informações sobre o Governo - publicou o vídeo. Somente o filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), realizou a publicação.

Na nota de Stábile, ele ainda afirma não pretender fazer revisionismo histórico. "Só tive a intenção de mostrar a outra face da moeda". Ele afirma também ser eleitor de Bolsonaro e pede respeito "por minhas convicções". "Penso que todo democrata deve respeitar a vontade demonstrada nas urnas".

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