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Tensão entre Paquistão e Índia escala com derrubada de caças indianos

Islamabad alega que os aviões invadiram no seu espaço aéreo na região da Caxemira

Um homem celebra nesta terça-feira o bombardeio do Paquistão em Calcutá.
Um homem celebra nesta terça-feira o bombardeio do Paquistão em Calcutá.PIYAL ADHIKARY (EFE)

A crise militar entre a Índia e Paquistão escalou mais um degrau nesta quarta-feira depois que as duas potências nucleares, que há décadas disputam entre si a região da Caxemira, informaram sobre a derrubada de aviões militares de ambos os países em seus respectivos espaços aéreos. O conflito entre os vizinhos asiáticos se intensificou na terça-feira, quando a Índia fez sua primeira incursão aérea em território paquistanês desde a guerra de 1971, desta vez para atacar posições do grupo terrorista responsável por um atentado no último dia 14. Nesta quarta, o porta-voz do Exército paquistanês confirmava a derrubada de dois caças indianos depois do bombardeio da Caxemira. A chancelaria de Nova Déli admite a perda de apenas um aparelho e diz que um caça paquistanês também foi abatido.

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O bombardeio executado por 12 caças Mirage 2000 do Exército indiano na madrugada de terça-feira (hora local) com o objetivo de anular vários campos de treinamento do grupo Jaish-e-Mohammad (JeM), que assumiu a autoria do atentado de duas semanas atrás, foi respondido com o ataque aéreo dentro da parte da Caxemira administrada pela Índia. Pouco depois dessa incursão, novamente as força aéreas indianas voltaram a penetrar em território paquistanês. A agência de notícias indiana ANI comunicou que um caça F-16 paquistanês caiu no lado indiano da fronteira.

Corroborando o ataque aéreo desta manhã, o porta-voz do Exército paquistanês, o general Asif Ghafoor, descreveu em um tuíte a derrubada dos aviões militares indianos: “Forças Aéreas do Paquistão abateram dois aviões indianos dentro do espaço aéreo paquistanês”, disse. Segundo Ghafoor, um dos dois caças caiu na parte da Caxemira administrada pela Índia, enquanto o segundo caiu em território paquistanês, onde “um piloto indiano foi detido por tropas terrestres”.

Ghafoor disse que o Paquistão não deseja um conflito armado com a Índia. “Queremos continuar sendo responsáveis, não queremos uma escalada. Não queremos nos encaminhar para a guerra”, afirmou. “O objetivo era dizer ‘Podemos fazer [a guerra], mas não queremos, se isto significa sacrificar a paz nesta região’”, acrescentou. Ghafoor informou ainda que dois pilotos indianos foram detidos, e um deles levado a um hospital.

O ministério indiano de Relações Exteriores admitiu a ofensiva do Paquistão “tendo como alvo instalações militares no lado indiano” da Caxemira, embora tenha rejeitado parte da versão paquistanesa. “Devido a nosso estado de alerta e rapidez, as tentativas do Paquistão foram frustrados com sucesso”, afirmou o porta-voz da chancelaria, Raveesh Kumar, em um pronunciamento à imprensa sem direito a perguntas, no começo da tarde. “As Forças Aéreas indianas derrubaram um avião de combate do Paquistão que equipes terrestres viram cair ao lado paquistanês”, relatou o porta-voz, que confirmava também a perda de um MiG21 indiano: “O piloto está desaparecido em combate. O Paquistão afirma tê-lo sob custódia. Estamos verificando esses dados”.

Diante da escalada de enfrentamentos aéreos entre os dois países, aeroportos indianos próximos à Caxemira foram fechados ao tráfego, incluindo os de Srinagar, Jammu, Chandigarh, Amritsar e Leh. Também o Paquistão suspendeu todos os voos civis em algumas de suas cidades, incluindo Lahore e Islamabad. Na Índia, as medidas de segurança foram intensificadas por causa de possíveis reações terroristas em cidades como Mumbai, capital financeira do país.

A crise militar entre as duas potências nucleares do sul da Ásia levou à mediação de diferentes atores internacionais. O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, conversou com os chanceleres de ambos os países para que “evitem uma maior atividade militar” e advertiu ao Paquistão sobre a necessidade de “tomar medidas significativas contra os grupos terroristas que operam em seu solo”. Da mesma forma, a China e a União Europeia pediram contenção e moderação aos dois países.

Fechamento de aeroportos em ambos países

Ante a escalada da tensão entre os dois países, aeroportos índios ao redor de Cachemira foram fechados este miercoles ao tráfico, incluindo os de Srinagar, Jammu, Chandigarh, Amritsar e Leh. Também Paquistão suspendeu todos os voos civis em algumas de suas cidades, incluindo Lahore e Islamabad. Na Índia, as medidas de segurança incrementaram-se ante possíveis respostas terroristas em cidades como Bombay, capital financeira do país.

Trabalhadores imigrantes procedentes de outras regiões da Índia estão abandonando Jammu e Cachemira, enquanto a chegada de turistas reduziu-se à mínima expressão, um mazazo para a economia local quando está a ponto de começar a temporada alta. / AGÊNCIAS

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