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Guaidó retoma os protestos nas ruas para desbloquear ajuda humanitária

Primeiro carregamento de alimentos para crianças e grávidas chega a Caracas sem que sua procedência seja esclarecida

Francesco Manetto
Guaidó, em um ato com estudantes nesta segunda-feira.
Guaidó, em um ato com estudantes nesta segunda-feira.REUTERS
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Juan Guaidó quer acelerar o plano que colocou em andamento em 23 de janeiro para abrir um processo de transição na Venezuela. Nesse dia desafiou Nicolás Maduro durante uma grande manifestação ao tomar posse como presidente interino do país. Três semanas depois, com o reconhecimento de aproximadamente 60 Governos estrangeiros, o político mantém o confronto para tentar desalojar do poder o sucessor de Hugo Chávez. O também presidente da Assembleia Nacional começou pelo urgente, a ajuda humanitária, e recorreu ao envio de alimentos e remédios para forçar os militares a mudar de lado. E na terça-feira retoma os protestos nas ruas justamente para desbloquear a entrada dos carregamentos através da fronteira com a Colômbia.

As primeiras entregas, coordenadas por uma comissão do Parlamento venezuelano, a agência de cooperação norte-americana USAID e as autoridades do país vizinho já estão na cidade fronteiriça de Cúcuta. Enquanto o Governo recusa taxativamente sua entrada, por considerá-la uma intervenção indireta da Administração de Donald Trump, Guaidó tenta aumentar a pressão sobre os membros da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), que em última instância tomará a decisão. “Enviaremos uma mensagem clara: unam-se à luta dos venezuelanos e permitam o acesso de alimentos e medicamentos que nosso povo precisa”, disse o deputado da Vontade Popular à véspera dos protestos, convocados coincidindo com o Dia da Juventude.

É a terceira vez que a oposição mobiliza os opositores ao chavismo desde janeiro. Ocorreram paralisações de duas horas e, em 2 de fevereiro, uma maciça exibição de unidade para exigir a renúncia de Maduro. Guaidó pretende manter elevados os ânimos de seus seguidores e que a onda iniciada em 23 de janeiro não esfrie como aconteceu no passado em outros confrontos com o Governo. “Iremos nos mobilizar em todo o país”, anunciou. “É horrível pretender utilizar de chantagem com as necessidades do povo. Atenderemos às emergências e com a queda da usurpação levaremos essas iniciativas a todo o país”, afirmou se referindo à criação de redes de voluntários para coordenar a chegada da ajuda. Já possuem por volta de 100.000 pessoas em suas fileiras e entra elas quase 10.000 são trabalhadores do setor da saúde.

Para demonstrar que pode vencer essa disputa com Maduro, Guaidó mostrou na segunda-feira um carregamento de suplementos nutricionais para crianças e grávidas, o primeiro que chega em Caracas. Ninguém, entretanto, esclareceu sua procedência, uma vez que a fronteira colombiana está fechada para qualquer envio. As 85.000 doses de micronutrientes em pó para bebês e os 4.500 suplementos para mães prestes a dar à luz foram entregues a organizações humanitárias ligadas à Igreja.

“Obrigado pelo trabalho que fazem há anos, essa é uma primeira etapa. Sabemos que não é suficiente, por isso insistimos que a ajuda humanitária deve entrar na Venezuela, abrir o corredor para poder auxiliar de 200.000 a 300.000 venezuelanos que hoje correm risco de vida”, disse o presidente do Parlamento. Apesar da dimensão da abertura desse corredor, um pedido histórico da desaparecida Mesa de Unidade Democrática (MUD), Guaidó afirmou que nunca existiu o objetivo de politizar essa ajuda.

“Enquanto alguns falam de guerras, de militarismo”, disse o político em referência à máquina chavista, que agita o fantasma do inimigo exterior diante das advertências dos Estados Unidos, “nós estamos falando de ajuda, de salvar vidas na Venezuela, de construir um voluntariado sem precedentes em nosso país que irá justamente atender aos mais necessitados”.

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