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Maduro rejeita antecipar eleições presidenciais, apesar da pressão internacional

“Não aceitamos o ultimato nem a chantagem de ninguém no mundo. Houve um resultado na Venezuela, e se o imperialismo quiser novas eleições que espere até 2025”, disse o dirigente venezuelano

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em um pronunciamento nesta semana
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em um pronunciamento nesta semanaPrensa Miraflores (EFE)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, manifestou em entrevista à agência de notícias russa Ria Novosti que não pretende convocar eleições presidenciais antes de 2025, quando termina seu atual mandato. Maduro responde assim aos apelos da comunidade internacional para convocar um novo pleito, e especialmente ao prazo de oito dias determinado no fim de semana por membros destacados da União Europeia, como Alemanha, França e Espanha. O prazo terminaria no próximo domingo, 3. Se Maduro não convocar os cidadãos às urnas, esses países pretendem reconhecer Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela.

“Não aceitamos o ultimato de ninguém no mundo, nem aceitamos a chantagem. Houve eleições presidenciais na Venezuela, houve um resultado, e se o imperialismo quer novas eleições que espere até 2025”, afirmou Maduro. O último pleito presidencial ocorreu em 20 de maio de 2018, com um veto aos principais partidos da oposição e inúmeras denúncias da comunidade internacional quanto à falta de garantias democráticas necessárias.

Na opinião de Maduro, ignorar os resultados das eleições presidenciais “é um despropósito do grupo de países alinhados como satélites à política de Donald Trump”. Segundo o mandatário, trata-se de um “novo colonialismo, onde a partir de uma capital europeia, ou de Washington, ordenam a qualquer país da África, da Ásia, da América Latina, do Caribe, a qualquer país do mundo: ‘Não reconheço suas eleições, repita-as’. Mas quem são eles para determinar isso?”, questionou.

O presidente venezuelano argumentou que recebeu 68% dos votos válidos e 32% do total do eleitorado, o que, segundo ele, representa “mais do que o dobro de qualquer primeiro-ministro da Europa, que ganham as eleições com 15% ou 16% do eleitorado. Por que estes são legítimos, e eu não?”.

Na entrevista à agência russa, o líder chavista admitiu que seria “muito bom” antecipar as eleições legislativas, ou seja, dos deputados da Assembleia Nacional, atualmente controlada pela oposição e privada de seus poderes por uma decisão judicial. “Seria muito bom que houvesse eleições antecipadas para o Parlamento venezuelano, seria uma boa forma de debate político e uma solução com o voto popular”, observou. “Eu estaria de acordo em que se antecipem, através de um decreto da Assembleia Nacional Constituinte [que funciona paralelamente ao Parlamento], as eleições da Assembleia Nacional, e que isso sirva como válvula de escape para a tensão à qual o golpe de Estado imperialista submeteu a Venezuela”, acrescentou, referindo-se à autoproclamação de Gaidó como presidente interino. Em princípio, a eleição parlamentar deveria ocorrer só em 2020.

Maduro disse que vários Governos – como os do México, Uruguai, Bolívia, Rússia, Vaticano e alguns países europeus – “estão demonstrando sua preocupação sincera com o que está ocorrendo na Venezuela e lançaram a ideia de um diálogo”. O presidente disse que atualmente há “conversas reservadas” e telefônicas entre presidentes e chanceleres, e que espera que “haja bons resultados nas próximas horas”.

O último pleito legislativo, em dezembro de 2015, representou um duro golpe ao chavismo, com uma derrota que levou a oposição a controlar a Assembleia Nacional. Um ano e meio depois, em março de 2017, o Tribunal Supremo venezuelano, controlado pelo chavismo, privou o Legislativo de seus poderes por um suposto delito de desacato, ao descumprir várias sentenças judiciais. Mais recentemente, em 2018, o chavismo implantou a sua própria Assembleia Constituinte.

Por outro lado, e durante a entrevista à Ria Novosti, o mandatário venezuelano acusou o presidente norte-americano de ter encarregado seu assassinato. “Sem dúvida, Donald Trump deu a ordem de me matar e disse dito ao Governo colombiano e às máfias da oligarquia colombiana que me matem”, afirmou. Nesse sentido, salientou que “se algum dia me acontecer alguma coisa os responsáveis seriam Donald Trump e o presidente da Colômbia, Iván Duque”. “Enquanto isso”, prosseguiu, “continuarei me protegendo, temos bons sistemas de proteção, boa assessoria mundial, e além disso temos a proteção maior, a proteção de nosso Deus criador que vai me dar uma longa vida”, concluiu.

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