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Bolsonaro volta à mesa de cirurgia quase cinco meses após atentado

Presidente é operado nesta segunda em São Paulo para retirar a bolsa de colostomia. Mourão assume a presidência por ao menos 48 horas

Presidente segue internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, que conta com segurança reforçada.
Presidente segue internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, que conta com segurança reforçada.Fernando Bizerra (EFE)
Naiara Galarraga Gortázar

Prestes a completar seu primeiro mês como presidente do Brasil, Jair Bolsonaro retorna ao hospital para passar pela terceira cirurgia desde que sofreu um atentado durante a campanha eleitoral. O capitão aposentado, de 63 anos, foi internado no domingo de manhã no Hospital Israelita Albert Einstein, um centro particular em São Paulo, onde nesta segunda-feira lhe é reconstruído o trânsito intestinal para, como ele mesmo explicou em um vídeo, que a bolsa de colostomia seja retirada. O dispositivo foi colocado, como solução temporária, depois de Bolsonaro ter sido esfaqueado durante um comício em setembro. A partir do início da cirurgia e durante dois dias, o vice-presidente, o general aposentado Hamilton Mourão, assumirá a presidência da primeira potência latino-americana.

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Bolsonaro deve permanecer em “estrito repouso” por 48 horas depois da operação, que começou no início da manhã, segundo divulgou o filho dele Eduardo por meio e sua conta no Twitter. O presidente poderá receber seus ministros no hospital a partir do terceiro dia, porque “toda a sua estrutura foi transferida para São Paulo (desde Brasília), para que possam estabelecer um Governo eficaz”, segundo seu porta-voz, o general Otávio Santana do Rego. O presidente foi anestesiado para a operação, que durará cerca de três horas, e depois ficará hospitalizado, segundo os médicos, durante cerca de dez dias.

O presidente, que neste sábado sobrevoou em um helicóptero militar a região afetada pela catástrofe da barragem de Brumadinho, entrou no hospital sem fazer declarações. Mas à tarde recorreu ao seu método preferido para se dirigir aos seus seguidores e aos jornalistas que cobrem suas atividades. Outros presidentes o fazem, mas em Bolsonaro chama a atenção que, desde o atentado, ele divulga assuntos íntimos relacionados à sua saúde. Em um vídeo postado no Twitter ele recapitulou, vestindo uma camisola de hospital, sua intensa atividade desde que viajou para Davos há uma semana para anunciar ao mundo que o Brasil que governa desde 1º de janeiro quer fazer negócios. Bolsonaro, como faz com frequência, começa dando graças a Deus por estar vivo e comenta em seu tuíte: “Deus no comando!”.

Fantasma de Trancredo

O ultradireitista ficou gravemente ferido, com perfuração do intestino grosso e delgado, em 6 de setembro ao ser esfaqueado durante um comício eleitoral em Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais, o mesmo onde na sexta-feira aconteceu o desastre da barragem. O agressor, Adélio Bispo de Oliveira, está preso desde o momento do atentado. A investigação policial afirma que ele agiu sozinho por “inconformidade política”. Oliveira militou no Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), de esquerda, até alguns anos atrás, fato que Bolsonaro recordou há alguns dias. O Ministério Público continua investigando quem pagou seu advogado de defesa.

A intervenção foi adiada duas vezes devido à apertadíssima agenda de Bolsonaro. A última para que pudesse participar do fórum de Davos. O capitão aposentado venceu a eleição com folga depois que a impugnação da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Sila, preso por corrupção, fez dele o favorito. O esfaqueamento o catapultou em algumas pesquisas que já liderava e o confinou em sua casa no Rio de Janeiro pelo resto da campanha eleitoral, o que também lhe permitiu evitar os debates com seus adversários.

O fantasma da morte de Tancredo Neves, o primeiro presidente eleito após a ditadura, que morreu em 1985 antes de tomar posse, ronda nas redes sociais por ocasião da cirurgia do atual presidente. Neves, de 75 anos, foi internado com fortes dores abdominais na véspera da posse e acabou morrendo, depois de várias operações, de uma infecção generalizada.

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