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Globo de Ouro 2019: cinco coisas para se prestar atenção na cerimônia

Começa a temporada de prêmios, em que ‘Roma’ tenta entrar em lista incomumente ampla de destaque

Lady Gaga ao chegar à 76ª edição do Globo de Ouro.
Lady Gaga ao chegar à 76ª edição do Globo de Ouro.Steve Granitz (WireImage)
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A temporada de prêmios de 2019 em Hollywood começa oficialmente neste domingo (em Beverly Hills, às 17h, 23h de Brasília) com o Globo de Ouro, em uma edição na qual é difícil oferecer um vencedor claro. A premiação não indica os melhores filmes do ano, mas dá algumas boas recomendações dos filmes que o espectador médio não deveria perder antes do Oscar. Nesse ano será difícil que o Globo de Ouro sirva para esclarecer as coisas e mostrar ao público quais são os favoritos em Hollywood. As indicações estão incomumente divididas entre muitos títulos e a estratégia de ter duas categorias nos prêmios principais (drama e comédia, sem muita lógica na divisão) basicamente permite indicar quase todo mundo e premiar em dobro. Mas servirá para medir as possibilidades das apostas mais fortes do ano, Nasce uma Estrela e Roma, e de todas as que pretendem disputar os grandes prêmios, como Vice, Pantera Negra e Green Book. O tabuleiro do jogo para domingo pode ser resumido assim:

Qual é o alcance de ‘Roma’ em Hollywood?

O ano no cinema começou com Pantera Negra como grande fenômeno. No final do segundo semestre o público dos Estados Unidos se viu inundado pela promoção de Nasce uma Estrela. Os últimos dois meses foram de Roma, o extraordinário drama autobiográfico de Alfonso Cuarón, que graças ao poder da Netflix invadiu de forma asfixiante toda a conversa sobre cinema em Hollywood. O cartaz ocupa marquises e painéis publicitários por toda a cidade. O objetivo é conseguir com que seja indicado ao Oscar de melhor filme apesar de ser filmado em espanhol. É o filme mais aclamado pela crítica nesse ano e um verdadeiro fenômeno na cidade do cinema. Após vencer o Leão de Ouro em Veneza, ganhou os prêmios dos críticos de Nova York e Los Angeles. Os prêmios da Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood de domingo não servirão para medir se está conseguindo. Roma não pode competir em melhor drama no Globo de Ouro porque não é filmado em inglês. A vitória na categoria de melhor filme estrangeiro é dada como certa. Pode ser, entretanto, o grande vencedor do Globo, já que foi indicado a melhor roteiro e diretor. O Globo de Ouro não pode nunca ser comparado ao Oscar e não dá para estabelecer conclusões de um ao outro. Mas a votação do Oscar começa na segunda-feira. Ver Alfonso Cuarón subir três vezes para receber prêmios (filme estrangeiro, diretor e roteiro) na noite anterior seria a promoção mais poderosa possível.

Duelo de grandes bilheterias

Se entendemos o filme do ano como o que mais deu o que falar e o que fez mais barulho na imprensa (e que não seja Roma), esses são Nasce uma Estrela, Pantera Negra e Infiltrado na Klan dentro da categoria drama. E desses três, os dois primeiros foram os verdadeiros sucessos de bilheteria. Não há pequenas joias a mostrar ao público como Moonlight: Sob a Luz do Luar e Projeto Flórida. O duelo neste ano vai diretamente da bilheteria aos prêmios entre filmes que quase todo mundo viu. Nasce uma Estrela parte como favorito nessa categoria porque foi um verdadeiro fenômeno de bilheteria e crítica, mas é um ano ruim para se fazer previsões. Até Se a Rua Beale Falasse seria um vencedor razoável. A mesma coisa acontece em comédia, onde o filme com mais indicações da noite, Vice, compete com Green Book, The Favourite, Podres de Ricos e O Retorno de Mary Poppins. A amarga comédia política de Adam McKay sobre o vice-presidente (2001-2009) Dick Cheney também foi indicada à direção e roteiro e todos os seus atores, liderados por um impactante Christian Bale. Somente Green Book e The Favourite parecem estar em condições de vencê-lo. Como somente Viggo Mortensen parece um competidor sério para Bale.

Bradley Cooper e Lady Gaga, o casal do ano

O casal do ano, sem sombra de dúvida, é o formado por Bradley Cooper e Lady Gaga em Nasce uma Estrela. Os dois foram indicados e com boas possibilidades na categoria drama. Poucos discutem que seu trabalho tem fôlego até o Oscar, onde somente em sete ocasiões o casal protagonista foi premiado nas respectivas categorias. Os dois estarão na premiação e serão o casal mais procurado do tapete vermelho. Em relação aos prêmios, se este ano é muito arriscado fazer apostas entre os filmes, é muito mais entre os atores. Cooper compete com o Van Gogh de Willem Dafoe (No Portal da Eternidade), o Freddie Mercury de Rami Malek (Bohemian Rhapsody) e o policial negro infiltrado na KKK de John David Washington. Lady Gaga disputa com Glenn Close (A Esposa).

O verdadeiro efeito ‘Ms. Maisel’

O Globo de Ouro de 2018 tinha como tarefa decidir qual série de televisão merecia o prêmio de melhor comédia no ano em que Veep não estava e não existia uma série clara para premiar. A escolhida foi Maravilhosa Ms. Maisel. Meses depois, o Emmy confirmou a escolha. O Globo de Ouro, entretanto, é conhecido por estar um passo à frente no momento de se descobrir séries. A segunda temporada de Ms. Maisel compete com grandes comédias como Barry, The Good Place e O Método Kominsky. Nenhuma parece ser uma série de longas temporadas, mas todas podem disputar o título da senhora Maisel sem problemas. O trabalho de televisão mais indicado nesse ano é a minissérie O Assassinato de Gianni Versace, uma escolha em que os papéis se intercambiam e o Globo segue a trajetória do Emmy.

#MeToo, um ano depois

Em outubro de 2017, a queda do produtor Harvey Weinstein desencadeou uma profunda mudança cultural contra o assédio sexual que se originou em Hollywood e se estendeu a países e indústria com enorme rapidez. O primeiro cenário onde o movimento #MeToo teve rosto e discursos foi o do Globo de Ouro, somente dois meses após o escândalo. O tapete vermelho se transformou em um poderoso alto-falante ao movimento. As vítimas de Weinstein foram convidadas. As atrizes usaram negro e o #MeToo entrou em milhões de televisões através das maiores estrelas de Hollywood. Um ano depois, parece existir a necessidade de se manter esse espírito vivo, mas com menos solenidade. O único gesto que veio a público é que algumas estrelas utilizarão laços com o lema Time’s Up x2. A organização Time’s Up (acabou) é o fundo criado para pagar assistência legal às mulheres que denunciam assédio. O segundo ano do #MeToo também começa neste domingo.

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