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Venezuela acusa Governo Bolsonaro de apoiar atentado em base militar e Itamaraty rebate

Ao menos um soldado morreu após ataques em cidade venezuelana. Ministro, que também acusa Colômbia e Peru, diz que envolvidos treinaram em Pacaraima, em Roraima

Jovem atira pedra contra policiais da Guarda Nacional venezuelana, em setembro de 2019, na fronteira de Brasil e Venezuela.
Jovem atira pedra contra policiais da Guarda Nacional venezuelana, em setembro de 2019, na fronteira de Brasil e Venezuela.Joédson Alves (EFE)

Em uma série de manifestações das redes sociais, dois ministros do Governo de Nicolás Maduro acusaram o Brasil de apoiar grupos de criminosos que invadiram unidades militares da Venezuela, assassinaram um soldado e roubaram um arsenal no domingo. Em resposta, o Ministério da Relações Exteriores da gestão Jair Bolsonaro contestou a afirmação em uma nota sintética enviada a quem questionava o posicionamento do país diante das acusações: “O Brasil nega qualquer envolvimento no episódio”.

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Na madrugada de domingo, uma base militar situada na cidade de Gran Sabana foi atacada por ao menos 12 indígenas da etnia pemón. O município fica no Estado de Bolívar que faz fronteira com Roraima, no Brasil. Segundo informações oficiais, os indígenas eram comandados por um desertor das Forças Armadas venezuelanas. Dessa unidade, o grupo roubou um caminhão e armas. Depois, atacaram mais duas unidades policiais, de onde levaram mais armas. Por fim, ainda tentaram adentrar em uma quarta base, mas não conseguiram.

Chavistas dizem que desertores treinaram em Pacaraima

As primeiras reações do Governo Maduro partiram dos ministros da Comunicação, Jorge Rodríguez, das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, e da Defesa, Vladimir Padrino. Todos dizem que os ataques partiram de opositores do atual regime venezuelano. Enquanto os dois primeiros ministros acusaram diretamente o Brasil, o Peru e a Colômbia de terem envolvimento com os atos. Os três países fazem parte do Grupo de Lima, colegiado de países que é contrário ao Governo Maduro e reconhece o deputado Juan Guaidó como presidente de fato da Venezuela.

Em sua conta no Twitter, Rodríguez afirmou que os criminosos “treinaram em acampamentos paramilitares amplamente identificados na Colômbia e receberam a colaboração desonesta do Governo de Jair Bolsonaro”. Já o chanceler Arreaza afirmou que os ataques são uma “estratégia golpista do Grupo de Lima para produzir violência, morte e desestabilização política na Venezuela”.

O Governo peruano também reagiu à acusação. “Nosso país reitera seu compromisso com uma solução pacífica para a crise neste país irmão, que permita o retorno para a democratização e o fim do regime ilegal de Maduro”, afirmou o chanceler do Peru, Gustavo Meza-Cuadra, também pelo Twitter.

Conforme o Governo venezuelano, foram roubados ao menos 112 fuzis, 120 granadas, três lançadores de foguetes, três metralhadoras e dez bazucas, além munição. Ainda no domingo, o ministro Rodriguez afirmou que haviam sido recuperados 83 fuzis AK-103, 60 granadas, um lançador de foguetes, uma bazuca e uma metralhadora. A morte, segundo as agências de notícias, teria ocorrido após um confronto entre civis e militares na cidade de Luepa, também no Estado de Bolívar.

Nesta segunda-feira, em pronunciamento na TV pública, o ministro Rodríguez voltou a acusar o Brasil. “Jair Bolsonaro diz que não tem nada a ver com isso, pergunte quem financiou essas pessoas por 15 dias em um hotel na cidade de Pacaraima”, disse ele, segundo relato de O Globo. Rodríguez acusou Antonio Toñito Fernández, a quem chamou de “traficante de ouro e assassino”, de estar por trás dos ataques e de ter treinado em Pacaraima. “O Governo do Brasil não tem nada a ver com isso? Então que prenda e nos entregue Toñito”, disse o ministro.

Aliados por anos e rompidos desde a deriva autoritária de Maduro que coincidiu com o Governo Michel Temer, Brasil e Venezuela romperam de vez desde a posse de Jair Bolsonaro no início deste ano. Desde então, o presidente brasileiro tem apoiado o autoproclamado presidente Guaidó. O recebeu em agenda formal e teve de lidar com a invasão da embaixada da Venezuela em Brasília, ainda administrada por aliados de Maduro. Os dois países não romperam as relações, tanto que mantém diplomatas nas capitais. Em Pacaraima, no Brasil, o governo ainda instalou uma base para acolhida de migrantes venezuelanos.

Com agências internacionais

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