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Seleção brasileira inicia 2019 com pressão para ganhar Copa América em casa

Derrota para a Bélgica marcou 2018 do Brasil, que agora sediará o torneio continental. Brasileiros nunca perderam o título jogando em casa. Tite enxerga triunfo como obrigação

Tite durante convocação da seleção brasileira em 2018.
Tite durante convocação da seleção brasileira em 2018.Fernando Frazão (Agência Brasil)
Diogo Magri
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A seleção brasileira de futebol sofreu apenas uma derrota em 2018. E ela bastou para deixar um gosto amargo pelo ano todo. A fatídica queda diante da Bélgica nas quartas de final da Copa do Mundo Rússia 2018 eliminou o Brasil da competição e postergou o sonho do hexacampeonato. A partir dela, o treinador Tite, que tinha até então um trabalho incontestável desde 2016, começou a sofrer suas primeiras cobranças a frente do time da CBF. De contrato renovado, ele ganhou a chance de iniciar o novo ciclo com a seleção, visando o Mundial de 2022, no Catar. No entanto, os desafios começam antes: em junho deste ano, o Brasil tem a missão de voltar a vencer a Copa América, desta vez como sede do torneio.

Ganhar uma competição disputada em casa pode ajudar a pagar parte do trauma vivenciado com a derrota para a Alemanha, em 2014, por 7 a 1, na semifinal da Copa. Após o desastre do Mineirão, então sob o comando de Luiz Felipe Scolari, a CBF apostou em Dunga, que foi demitido após dois anos de fracassos nas Eliminatórias e nas duas Copas Américas que disputou. Tite assumiu seu usando de um esquema tático e jogadores conhecidos dos tempos de Corinthians, levou o Brasil do quinto ao primeiro lugar na América do Sul e se classificou com rodadas de antecedência para a Copa. Tendo em vista a preparação do treinador, tudo indicava que a formação titular brasileira na Rússia seria Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Miranda, Marcelo, Casemiro, Paulinho, Renato Augusto, Philippe Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus.

No Mundial, entretanto, Tite optou por uma mudança significativa: trocou Renato Augusto por Willian e trouxe Coutinho para o meio. O jogador do Barcelona até teve bom desempenho na Rússia, mas Willian pouco convenceu — e, quando trocado por Douglas Costa, viu o ponta da Juventus jogar bem, mas não se firmar por conta das lesões. Dani Alves também se machucou, o que proporcionou o duelo na posição entre Danilo e Fágner, sem que nenhum dos dois igualassem o desempenho do lesionado. Por fim, Tite insistiu na má fase de Gabriel Jesus, que não marcou nenhum gol na Copa, enquanto tinha Roberto Firmino em ótimo momento no banco de reservas. Com vitórias convincentes somente em cima de Sérvia e México, o Brasil deu adeus ao hexa derrotado pela "ótima geração belga".

"Firmino e Jesus têm características diferentes. Não abro mão da qualidade do Gabriel e o Firmino sabe que será importante. Ele me disse que prefere atuar ao lado do 9", disse Tite em entrevistas coletivas durante a Copa. No entanto, os atacantes jogaram poucos minutos juntos: 25 contra a Costa Rica, cinco contra o México, quando Firmino marcou, e 12 contra a Bélgica. Renato Augusto teve poucas chances, também por problemas físicos, mas melhorou o time quando entrou no jogo das quartas, no qual marcou o único gol brasileiro. Após a eliminação, o treinador resumiu o sentimento: "Talvez tenha faltado competência de nós [comissão técnica] em algum momento, mas fizemos o possível. Orgulho do trabalho, mas sentimento de derrota". Meses mais tarde, em entrevista ao canal SporTV, confessou: "A seleção esteve abaixo da minha expectativa".

Apesar da derrota, Tite ganhou teve o contrato renovado e iniciou o novo ciclo de quatro anos pensando na Copa do Catar, em 2022. Antes, porém, tem a Copa América. Na primeira convocação da comissão após a Copa do Mundo, em agosto, o coordenador de seleções da CBF, Edu Gaspar, explicou que o planejamento será feito em três etapas: a primeira a curto prazo, até o fim de 2018; a segunda, de janeiro até o fim da Copa América; e a terceira, a longo prazo, da Copa América em diante. A primeira etapa foi concluída com seis vitórias em seis amistosos: Estados Unidos (2 a 0), El Salvador (5 a 0), Arábia Saudita (2 a 0), Argentina (1 a 0), Uruguai (1 a 0) e Camarões (1 a 0). Nenhuma partida foi jogada no Brasil.

Gaspar deixou claro que o objetivo seria "potencializar" a equipe para o torneio continental deste ano e, por isso, jogadores que terão idade avançada em 2022 ainda não seriam totalmente descartados. Miranda, Thiago Silva, Paulinho e Renato Augusto, por exemplo, voltaram a ser convocados. Por outro lado, novatos também começaram a ter chances: Arthur, que já se estabeleceu no Barcelona, Éder Militão (Porto), Lucas Paquetá (Milan), Andreas Pereira (Manchester United), Everton (Grêmio) e Richarlison (Everton) são alguns exemplos. "A pressão em ganhar a Copa América é maior a partir do momento em que não ganhamos a Copa do Mundo", admitiu Tite, mais preocupado em relação à cultura de resultados que assola os técnicos no contexto brasileiro. "Não me sinto seguro de que chegarei ao Catar. O futebol precisa de resultados".

O Brasil abre a Copa América no dia 14 de junho, no estádio do Morumbi, contra adversário ainda a ser definido. Antes, dois amistosos devem ser agendados em território brasileiro, em março. Entre os rivais da competição, o Uruguai fez a melhor campanha na Copa, chegando às quartas como o Brasil. Argentina, de Messi, Colômbia, eliminada nos pênaltis para a semifinalista Inglaterra, e Chile, atual bicampeão, não podem ser descartados como pleiteantes ao título. Tite chama a responsabilidade: "Tem que ganhar. A seleção te exige isso. Corro o risco de perder e ser demitido". O último título dos brasileiros no torneio foi em 2007, em cima dos argentinos, como em 2004. A CBF acumulou fracassos na competição em 2011 e 2015, eliminada para o Paraguai, e em 2016, quando caiu na primeira fase para o Peru. Sempre que sediou uma Copa América (1919, 1922, 1949 e 1989), o Brasil foi campeão. A pressão pela invencibilidade continua em 2019.

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