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Descoberto o planeta mais longínquo dentro do sistema solar

Novo corpo celeste poderá esclarecer se há uma superterra além de Plutão

Reconstrução do planeta anão 2018 VG18.
Reconstrução do planeta anão 2018 VG18.Roberto Molar Candanosa/Carnegie
Nuño Domínguez
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Uma equipe de astrônomos descobriu o objeto mais longínquo já detectado dentro do Sistema Solar. Trata-se de um planeta anão que é o primeiro a ser observado a mais de 100 vezes a distância entre o Sol e a Terra. Se a média de separação entre estes dois corpos é de 150 milhões de quilômetros — uma unidade astronômica (UA) —, o novo objeto está 120 vezes mais distante, a 18 bilhões de quilômetros. Até agora, o objeto mais longínquo conhecido era Eris, a 96 UAs, muito mais distante que Plutão, a 39,5.

O Centro de Planetas Menores da União Astronômica Internacional anunciou nesta segunda-feira a existência desse corpo. Seu nome oficial é difícil de recordar — 2018 VG18 —, mas seus descobridores o apelidaram de Farout, que em inglês significa tanto distante como excêntrico, duas características desse objeto nos limites do Sistema Solar.

Imagem do planeta anão tomada pelo telescópio japonês Subaru, no Havaí.
Imagem do planeta anão tomada pelo telescópio japonês Subaru, no Havaí.Carnegie

Os norte-americanos Scott Sheppard, do Instituto Carnegie, David Tholen, da Universidade do Havaí, e Chad Trujillo, da Universidade do Norte do Arizona, descobriram o novo planeta por acaso. O que realmente procuravam é um planeta várias vezes maior que a Terra, que seria o nono conhecido, depois de Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Embora por enquanto não tenha sido possível observar esse planeta X, a equipe de astrônomos acredita que ele exista, pela suposta influência que sua gravidade exerce sobre outros corpos de menor tamanho, como o Duende, um planeta anão a 80 unidades astronômicas, descoberto em outubro passado.

Em 10 de novembro, o telescópio japonês Subaru, instalado no topo do vulcão havaiano Mauna Kea, captou a primeira imagem do planeta-anão. A observação foi confirmada no mesmo mês por outro telescópio no Observatório de Las Campanas, no Chile.

“O 2018 VG18 está mais longe e se move mais devagar do que qualquer outro objeto do Sistema Solar, por isso levaremos anos para determinar qual é sua órbita", diz Sheppard em um comunicado de imprensa. O planeta foi achado “em um ponto do céu próximo ao de outros dos corpos mais longínquos conhecidos, por isso pode ser que tenha uma órbita similar aos demais. As similitudes nas órbitas de muitos desses objetos são a base para a possível existência de um planeta maciço a várias centenas de unidades astronômicas, que influi em suas órbitas à distância”, explica o astrônomo.

Esquema da localização de ‘Farout’ dentro do Sistema Solar.
Esquema da localização de ‘Farout’ dentro do Sistema Solar.Carnegie

O novo planeta leva mais de 1.000 anos para dar uma volta ao redor do Sol. Por seu brilho, os cientistas calculam que tenha 500 quilômetros de diâmetro e uma cor rosada, que geralmente delata a presença de grande quantidade de gelo.

O astrônomo espanhol Guillem Anglada-Escudé acredita que provavelmente ainda serão descobertos mais planetas-anões, inclusive mais longínquos. “Deve haver dezenas deles, e quando houver suficientes se poderá ter uma melhor ideia da dinâmica destas órbitas longínquas, o que é um registro fóssil da formação do Sistema Solar e deveria ir afinando a existência ou ausência do planeta X, que, se as simulações forem corretas, poderia estar a 500 unidades astronômicas”, diz.

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