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Maduro exibe apoio da Rússia frente ao aumento da pressão internacional

EUA qualificam de “profundamente defeituosas” as eleições municipais de domingo na Venezuela

Nicolás Maduro neste domingo durante as eleições locais.
Nicolás Maduro neste domingo durante as eleições locais.Reuters
Francesco Manetto
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O Governo venezuelano procura se reafirmar após vencer as eleições municipais de domingo passado, que, sem a participação das principais forças oposicionistas, registrou abstenção de 72,6%. Esse pleito, o último do atual ciclo eleitoral, antecede o início do novo mandato do presidente Nicolás Maduro, em 10 de janeiro. Em meio a um contexto de crescente pressão internacional, com a ameaça de novas sanções, o regime chavista tratou nesta segunda-feira de exibir força para tentar refutar seu isolamento internacional. A mensagem, na falta de um pronunciamento do mandatário, coube a Vladimir Padrino López, ministro da Defesa, que pela manhã recebeu bombardeiros russos e uma centena de pilotos no aeroporto de Maiquetía, nos arredores de Caracas.

A Venezuela realizará manobras militares com a Rússia. São apenas demonstrações, mas servem de aviso com duas finalidades. Primeiro, demonstrar que o país não está sozinho no tabuleiro internacional, apesar de isolado dentro da sua região e confrontado aos EUA e à União Europeia. Segundo, o que expressou o próprio ministro da Defesa: “Devemos dizer ao povo da Venezuela e ao mundo inteiro que assim como estamos cooperando em diversas áreas de desenvolvimento para ambos os povos, também estamos nos preparando para defender a Venezuela até o último palmo quando for necessário”.

A retórica do inimigo externo e da guerra econômica dos mercados internacionais não é nenhuma novidade. Embora neste contexto ganhe especial relevância pela fuga para frente do chavismo e pelos questionamentos que as principais instâncias internacionais, de Washington a Bruxelas, mostram perante os rumos do chavismo. “As eleições de Câmaras Municipais, nas quais o regime de Maduro desacreditou os partidos de oposição, foram profundamente defeituosas. Apoiamos os que estão comprometidos com a democracia e fazemos um chamado ao regime para que a restabeleça na Venezuela”, afirmaram os Estados Unidos nesta segunda-feira.

Some-se a isso que nem a Administração de Donald Trump nem a União Europeia reconhecerão o Governo de Maduro a partir de janeiro. As eleições presidenciais de maio foram questionadas pela imensa maioria da comunidade internacional, e os principais partidos opositores se recusaram a participar, por considerar que o processo eleitoral não oferecia garantias democráticas. No entanto, a Europa não abre mão de explorar uma nova etapa de diálogo entre o Governo e a oposição, apesar de várias tentativas frustradas.

Assim afirmou a alta representante do bloco para a Política Externa, Federica Mogherini. “Estamos falando, na América Latina e além, em um trabalho para estabelecer este grupo internacional de contato na região, com bom nível de interesse de alguns atores cruciais que podem estar dispostos a se unirem a este grupo de contato”, disse a chefa da diplomacia europeia.

Essa possibilidade, entretanto, não impede que Bruxelas contemple também novas sanções. Além disso, a cúpula do regime se empenhou nos últimos dias em destilar desprezo por essas instituições. “Na verdade não estamos nem aí, não nos importa absolutamente nada do que diga a União Europeia”, afirmou o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, durante a votação de domingo. Maduro está desde a véspera dessas eleições tentando demonstrar que a solidão da Venezuela é um mito. Não só gabou-se do apoio da Rússia como também da Turquia, país com o qual selou na semana passada acordos em um valor superior a 5,1 bilhões de dólares (quase 20 bilhões de reais). Inclusive compareceu à posse do novo presidente do México, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, tentando incluí-lo nessa frente de aliados.

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