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Eleito do PSL será interventor em Roraima e enfrenta crise um mês antes da posse

Problemas no sistema penitenciário e grande fluxo de migrantes venezuelanos foram gatilho da medida

O presidente Michel Temer.
O presidente Michel Temer.ADRIANO MACHADO (REUTERS)

O presidente Michel Temer, anunciou nesta sexta-feira a intervenção federal no Estado de Roraima, fronteiriço à Venezuela, em frágil situação financeira e de segurança devido a uma crise aguda no sistema penitenciário e à multiplicação do fluxo de imigrantes que chegam há meses do país vizinho. “Falei com a senhora governadora [Suely Campos] e lhe disse que a única hipótese para solucionar a questão, especialmente a de natureza salarial, seria decretar a intervenção até a posse do novo governador”, afirmou o presidente depois de uma reunião com vários ministros em Brasília, na qual decidiram que a medida seja estendida até 31 de dezembro. O interventor será o governador eleito, Antonio Denarium (PSL), que elencou o pagamento dos salários das forças de segurança será uma prioridade.

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A situação desse estado da combalida região norte piorou nas últimas semanas, depois que agentes penitenciários deram início a uma série de paralisações e bloqueios em protesto por suas precárias condições de trabalho e para reclamar salários atrasados. Com o Estado em grave crise econômica, policiais e outros funcionários da área de segurança pública de Roraima também estão em greve.

“Espero que com isso o movimento se acalme, seja um pouco mais, digamos, compreensivo, porque afinal, especialmente as forças militares, os agentes penitenciários e todos aqueles que se dedicam às tarefas públicas têm de pensar precisamente na população de Roraima”, acrescentou Temer, que reconheceu que a situação estava se “agravando” nos últimos dias.

O presidente não detalhou em que implica exatamente essa intervenção federal e anunciou que no sábado levará sua decisão ao Conselho de Defesa Nacional e ao Conselho da República antes de decretá-la oficialmente. A crise no sistema de segurança somou-se aos problemas que já vinha enfrentando o empobrecido e remoto estado amazônico devido ao aumento do fluxo de imigrantes venezuelanos que cruzam a fronteira fugindo da grave crise no país.

Nos últimos três anos, mais de 100.000 venezuelanos entraram no Brasil, e só Roraima recebeu 75.500 solicitações de regularização desde 2015. A multiplicação de entradas pela fronteira terrestre deixou os serviços públicos do estado à beira de um colapso, gerando tensões e violência com a população local, o que acabou fazendo com que centenas de venezuelanos cruzassem de volta para seu país.

E até o Governo do Estado chegou a pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) que ordenasse o fechamento da fronteira, solicitação que foi negada. O governo brasileiro sempre descartou o fechamento da fronteira, mas em agosto decretou o uso das Forças Armadas para reforçar a segurança na região.

A intervenção federal se estenderá até o último dia do mandato de Temer, cujo posto será ocupado pelo ultradireitista Jair Bolsonaro, vencedor das eleições de outubro. Esta não é a primeira decisão do tipo adotada pelo governo Temer, que já ordenou em fevereiro a intervenção do exército na área de segurança do Rio de Janeiro.

A medida, inédita desde a restauração da democracia em 1985, foi decretada com o objetivo de lutar contra o crime organizado —só nessa área— e também tem como data final o dia 31 de dezembro.

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