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Kevin Hart desiste de apresentar o Oscar por causa de piadas homofóbicas

Polêmica por antigos tuítes ironizando homossexuais obriga o comediante a abrir mão da cerimônia, dois dias depois de anunciar que seria o apresentador em 2019

Kevin Hart, na estreia de ‘Jumanji’ no ano passado em Los Angeles
Kevin Hart, na estreia de ‘Jumanji’ no ano passado em Los AngelesJordan Strauss/Invision/AP
Pablo Ximénez de Sandoval
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Em apenas dois dias o comediante Kevin Hart passou de apresentador do Oscar 2019 a vítima de suas próprias piadas, vendo-se obrigado a abrir mão de um dos grandes trabalhos do ano para qualquer artista. Hart anunciou na noite desta quinta-feira, 6, que desistiu de apresentar a cerimônia da Academia de Hollywood no ano que vem para “não ser uma distração”, depois que as redes sociais recuperaram uma série de piadas homofóbicas que ele fez no começo da sua carreira. Hart pediu desculpas e disse que está “evoluindo”.

O próprio ator havia anunciado na terça-feira, 4, que seria o apresentador do Oscar. Hart é um comediante muito popular nos Estados Unidos, que protagonizou vários especiais de stand-up e comédias recentes como Jumanji e O Durão. “Durante anos me perguntaram se alguma vez apresentaria o Oscar”, disse ele numa mensagem no Instagram. Hart se declarou “alucinado” por conseguir um dos objetivos de sua vida.

O escrutínio sobre Hart começou imediatamente, e em poucas horas as redes sociais estavam recordando ao comediante sua tendência a fazer piadas homofóbicas no passado. Hart fazia o público rir contando como morria de medo de que seu filho fosse homossexual, e que estava muito atento a quais brinquedos usava. Repetiu essas mesmas piadas nas redes sociais há alguns anos. A busca por tuítes antigos revelou várias mensagens homofóbicas, algumas delas apagadas nas últimas horas.

Na manhã de quinta-feira, Hart publicou dois vídeos no Instagram. Em um deles, dizia ter recebido um telefonema da Academia exigindo que se desculpasse por esses tuítes, pois do contrário a instituição buscaria outras opções, segundo Hart. “Não vou me desculpar”, disse, argumentando que já tinha respondido sobre esse assunto em muitas ocasiões e que não poderia voltar constantemente ao passado. À Academia, ele informou que se quisessem procurar outro apresentador, ele entenderia e não teria problema. No outro vídeo, pedia que as pessoas “deixem de procurar razões para serem negativas” e contava seu esgotamento pela pressão que estava sofrendo.

Finalmente, na noite de quinta, Hart anunciou que havia desistido de apresentar o Oscar 2019. “Tomei a decisão de não fazer o Oscar deste ano... Isso porque não quero ser uma distração em uma noite que deveria ser uma festa para tantos artistas incríveis. Desculpo-me sinceramente com a comunidade LGBTQ por minhas palavras insensíveis no passado”. Em uma segunda mensagem acrescentou: “Lamento ter magoado algumas pessoas. Estou evoluindo e quero continuar a evoluir”. À Academia, despediu-se assim: “Espero que possamos nos encontrar de novo”.

Esta foi a segunda sequência anúncio-polêmica-retificação nesta 91ª. edição do Oscar. Em agosto, a Academia anunciou que pretendia criar uma nova categoria para premiar o filme “mais popular”. A ideia, destinada a aumentar a audiência televisiva, era incluir na cerimônia certos filmes com grande apelo nas bilheterias, mas que às vezes são descartados no processo de votação. Após uma tempestade de críticas, a Academia desistiu da ideia.

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