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Por que chego ao orgasmo sozinha, mas não com meu parceiro

Não se trata só de falta de comunicação; o estresse também pode ser um dos motivos

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Seis em cada 10 mulheres espanholas têm problema para chegar ao orgasmo nas relações sexuais com seus parceiros. Uma cifra que é muito menor no caso dos homens (20%), segundo uma pesquisa realizada pela marca de preservativos Control. Isso não quer dizer que 60% das mulheres sejam incapazes de vivenciar orgasmos. Ao contrário. Segundo a psicóloga e sexóloga Ruth González Pérez, “é bastante comum que elas possam chegar ao clímax sozinhas”. Mas, afinal, por que não conseguem com o parceiro?

A principal chave desse problema, diz a especialista, é bastante óbvia. “Nosso modelo sexual é baseado na penetração e isso não favorece o orgasmo da mulher, que precisa de estimulação do clitóris para consegui-lo”, afirma. “Além disso, ela precisa estar tranquila e sem preocupações para poder se deixar levar e se concentrar nas sensações que propiciam o orgasmo.”

Relaxar não é tão simples, considerando nosso ritmo de vida atual e o estresse envolvido — que é maior nas mulheres porque, além das responsabilidades do trabalho, tendem a se encarregar de mais tarefas no entorno familiar e pessoal, o que inevitavelmente traz consequências. Tudo isso pode fazer com que elas estejam mais dispersas nos encontros sexuais e tenham maior dificuldade de atingir o clímax. No entanto, “quando estamos sozinhas e sabemos do que gostamos, e como gostamos, relaxamos e não temos problema em focar no nosso corpo e estimulá-lo”, diz González.

A desigualdade no casal pode dificultar o orgasmo

Embora as cifras de mulheres que não atingem o orgasmo sejam altas, talvez igualmente preocupante seja o número de mulheres que optam por fingir em vez de comunicar e fazer algo a respeito: 56,4% das mulheres entrevistadas pela marca Control reconhecem que fingiram em mais de uma ocasião, contra 17% dos participantes masculinos. Um problema que só tem uma solução: aumentar a comunicação com o parceiro. “Temos que normalizar a conversa sobre sexo e não ter vergonha de pedir o que nos satisfaz”, diz a sexóloga. Mas ela lembra que é preciso ter tato e levar em conta “as necessidades do outro para que não se sinta ferido ou julgado”.

Às vezes, não é preciso verbalizar: você pode dar pistas através de gestos, sons e jogos que ajudem a outra pessoa a entender o que você gosta ou não. Seja qual for a maneira, “dizer o que nos faz curtir, o que queremos ou não experimentar e o que desejamos mudar ou melhorar sempre será positivo para o parceiro e para o prazer de ambos”, diz Ana García, sexóloga e terapeuta de casal.

Também é importante que haja uma situação de igualdade no casal. Do contrário, a vida sexual piora, segundo um estudo da Universidade de Chicago realizado em 29 países ocidentais. “Nas relações baseadas em igualdade, os casais tendem a desenvolver hábitos sexuais que condizem mais com os interesses de ambos”, diz a pesquisa. Além disso, uma divisão mais igualitária das tarefas ajuda a diminuir as tensões no casal, fazendo com que cada um tenha mais vontade e seja mais receptivo, inclusive mais generoso, durante as relações com o outro.

Conseguir o orgasmo sozinha facilita atingi-lo com o parceiro

Apesar de tudo, é importante esclarecer que chegar ao orgasmo com o parceiro nunca será tão fácil quanto atingi-lo sozinha. Afinal, como diz González, o autoerotismo é um prazer mais egoísta, centrado apenas nas emoções e sensações próprias. “Sozinha eu exploro meu corpo, meus genitais, olho para eles, toco e experimento diferentes formas de masturbação”, explica. Assim, é mais fácil conseguir atalhos para chegar ao clímax.

A boa notícia: se você atinge o orgasmo sozinha, tem um bom ponto de partida para consegui-lo com o parceiro porque pelo menos sabe “como e onde”. Só é questão de compartilhar essas indicações com carinho. “Ao fazer um trabalho de autoconhecimento para aprender a curtir você mesma, poderá depois guiar as outras pessoas”, afirma a especialista. “O caminho fica muito mais fácil e efetivo.”

Do mesmo modo, uma vez que conseguimos isso, as perspectivas são bastante boas. Segundo o mesmo estudo da Control, “27,7% das mulheres dizem ter mais de um orgasmo em cada ato sexual, algo que só 12,5% dos homens podem se orgulhar de conseguir.”

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