_
_
_
_
_

Jorge Drexler, o grande vencedor do Grammy Latino

Artista uruguaio ganhou os prêmios de melhor música, gravação do ano e álbum de cantor e compositor

Elena Reina
O cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler no Grammy Latino.
O cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler no Grammy Latino.ROBYN BECK (AFP)
Mais informações
Grammy elege a voz latina do ano, a mexicana Natalia Lafourcade
Grammy Latino se rende a ‘Despacito’ e deixa brasileiros de fora
Nelson Motta: “Na música, o Brasil não tem problemas. Somos a solução”

O compositor uruguaio Jorge Drexler foi coroado como o grande vencedor da 19ª edição do Grammy Latino. Sua canção, Telefonía, ganhou os maiores prêmios: melhor música e gravação do ano. E seu disco, Salvavidas de Hielo, recebeu o prêmio de melhor álbum de cantor e compositor. Drexler foi o protagonista de uma das edições mais surpreendentes dos últimos anos. Uma cerimônia que deu uma guinada e com Drexler estabeleceu um precedente: o latino nem sempre é reggaeton. Foi o que disse o artista ao receber um dos três prêmios, incentivando a acabar com a rivalidade entre os gêneros: “Viva Borges, Pessoa. Mas também viva a cumbia e o reggaeton!”.

J Balvin, o rei do gênero urbano, indicado para oito prêmios, chegou a esta edição como favorito, mas subiu apenas uma vez ao palco. Seu disco Vibras, que estava entre as categorias mais relevantes, ganhou o prêmio de melhor álbum de música urbana. Seus temas X, Mi Gente e Sensualidad – os três indicados em uma categoria de cinco – perderam para o bem-sucedido Dura, de Daddy Yankee. O caso de Balvin foi a surpresa da noite. Yankee nem sequer compareceu à cerimônia.

Rosalía deixa Las Vegas com dois prêmios nas mãos: melhor música alternativa e melhor fusão urbana. Mas, acima de tudo, com a oportunidade de ter mostrado sua arte a todo o continente. Sua atuação na cerimônia foi uma das mais espetaculares da noite. A catalã irrompeu em Las Vegas sentada em uma vitrine de joalheria, usando um vestido branco cujo corte já é sua marca registrada, coroada por um letreiro luminoso anunciando seu hit, Malamente, a um auditório para o qual ainda é uma descoberta. Depois de receber os prêmios, fez um dos discursos mais comprometidos da noite: “Nunca vou parar de lutar até ver o mesmo número de mulheres que de homens em um estúdio de gravação”. E entre seus agradecimentos, fez um especial: “Quero agradecer àqueles que estão nesta indústria, que me ensinaram que é possível e graças a eles eu estou aqui”.

O grupo mexicano Maná, que recebeu o prêmio de Personalidade do Ano das mãos de Miguel Bosé, quis lembrar os migrantes que chegaram nestes dias à fronteira. Fher, o vocalista do grupo, disse que eles visitaram alguns dos abrigos no México e fez um apelo à solidariedade internacional. “Sabemos que há uma formalidade legal que impede que todos atravessem as fronteiras, mas é preciso tentar integrá-los, encontrar uma forma. Nós fomos integrados neste país”, disse o vocalista. O Maná, que não fazia um show há dois anos, anunciou na quinta-feira que em 2019 lançará um novo álbum e sairá em turnê.

O momento mais tenso da noite veio com o prêmio para o melhor disco do ano. Naquele momento, aconteceu o inesperado. Uma sorridente Thalía, irônica com o público, anunciou contente o vencedor de uma das categorias mais importantes: Luis Miguel. México por Siempre, o disco do ano. Um álbum que tinha passado despercebido nesta edição, inclusive para o cantor, que tampouco compareceu para receber o prêmio. Pouco depois de a cantora mexicana ter pronunciado o nome do amigo, a plateia vaiou estrepitosamente o resultado. Tanto que Thalía teve de pedir silêncio e encerrar a polêmica com uma brincadeira que nunca falha: “Não se preocupem, eu vou entregar pessoalmente”.

Depois da cerimônia, Drexler comentou a surpresa de sua vitória: “A vida me coloca em situações tão pouco previstas, a verdade é que eu deixei de raciocinar em função das expectativas”. Sobre a tradicional rivalidade no prêmio entre pop, rock e música urbana, o artista quis resolver a questão diplomaticamente: “O que está acontecendo com o reggaeton também aconteceu com o tango na sua época, eu adoro vê-lo nos clubes de todo o mundo. Conseguimos mover corações e quadris, vamos continuar fazendo isso. Não vamos estabelecer mais categorias”.

O uruguaio também prestou uma homenagem a Rosalía, que, juntamente com J Balvin, se destacou pelo número de indicações para ser uma das vencedoras da noite: “Dediquei-me a admirar os versos de Rosalía e de C. Tangana, que se recuperaram o romanceiro espanhol. Vamos fazer uma música como Di Mi Nombre, de Rosalía, entrar todas as emissoras do continente”.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_