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Trump e as potências da América Latina e Europa cumprimentam Bolsonaro

Argentina, México, Colômbia, Chile e Peru felicitam ultradireitista pela vitória. Governo de Maduro exorta a “retomar o caminho das relações diplomáticas”

Eleitores de Bolsonaro neste domingo.
Eleitores de Bolsonaro neste domingo.F. Maia (EFE)
Francesco Manetto

Donald Trump e os principais Governos da América Latina cumprimentaram neste domingo o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, expressando seu desejo de fortalecer as relações bilaterais e trabalhar de mãos dadas. Em alguns casos foi questão de minutos. Argentina, México, Colômbia, Peru e Chile saudaram o resultado de uma eleição que levou a extrema direita ao poder com uma margem de mais de 10 pontos percentuais, inaugurando uma nova era no gigante sul-americano.

Foi o próprio Bolsonaro —que obteve a vitória graças a um discurso que guarda analogias com o do mandatário norte-americano— quem informou pelo Twitter sobre a mensagem de congratulações de Trump. “Manifestamos o desejo de aproximar ainda mais estas duas grandes nações e avançar no caminho da liberdade e da prosperidade”, salientou. Até o Governo da Venezuela, nos antípodas ideológicos do novo presidente brasileiro, ofereceu suas “sinceras felicitações” e exortou a “retomar o caminho das relações diplomáticas de respeito, harmonia, progresso e integração regional”. Da Europa, o vice-presidente e ministro do Interior da Itália, o ultradireitista Matteo Salvini, celebrou o resultado com euforia: “Também no Brasil os cidadãos mandaram a esquerda para casa!”.

Na França, o presidente Emmanuel Macron afirmou nesta segunda-feira, através de um comunicado, que seu país continuará cooperando com o Brasil, inclusive em políticas relacionadas ao meio ambiente. “A França e o Brasil têm uma parceria estratégica baseada em valores comuns de respeito e promoção de princípios democráticos. É no respeito desses valores que a França deseja continuar sua cooperação com o Brasil na resolução de grandes questões, como paz, segurança internacional e meio ambiente, no contexto do Acordo Climático de Paris", afirmou.

A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse Nesta segunda-feira que vigiará o respeito pelos direitos humanos no Brasil, informa a correspondente Silvia Ayuso. "É uma decisão soberana dos brasileiros a quem eleger presidente da República. Como houve alguns comentários preocupantes durante a campanha, só posso dizer que, como um escritório [da ONU], vamos estar muito atentos, porque queremos que, em uma democracia tão importante da América Latina, os direitos humanos continuem a ser respeitados e que a democracia continue consolidada", afirmou a ex-presidenta chilena.

Um dos primeiros em disparar sua mensagem foi o mexicano Enrique Peña Nieto, que no próximo 1º. de dezembro passa a faixa ao esquerdista Andrés Manuel López Obrador. “Em nome do povo e do Governo do México felicito a Jair Bolsonaro por sua eleição como presidente da República Federativa do Brasil, em uma exemplar jornada que reflete a fortaleza democrática desse país”, afirmou pelo Twitter, enquanto seu sucessor, ao menos por enquanto, evitou se pronunciar.

O argentino Mauricio Macri, que há alguns dias já recebeu uma ligação de Bolsonaro para tratar de ações conjuntas, insistiu na colaboração entre os dois Executivos. “Felicitações pelo triunfo no Brasil”, disse. “Desejo que em breve trabalhemos juntos pela relação entre nossos países e o bem-estar de argentinos e brasileiros.” O presidente chileno, o direitista Sebastián Piñera, já tinha afirmado que o programa econômico do Bolsonaro ia numa boa direção. Neste domingo aplaudiu “seu grande triunfo eleitoral”. “Felicito ao povo brasileiro por uma eleição limpa e democrática [...]. Convido-o a visitar o Chile e estou seguro de que trabalharemos com vontade, força e visão de futuro em favor do bem-estar de nossos povos e da integração”, ressaltou.

As posições políticas de Bolsonaro podem colocar em apertos os presidentes conservadores do continente, sobretudo os mais moderados, mas os laços econômicos e a diplomacia obrigam a um trato cordial. “Nosso desejo [é] para que esta nova etapa do país vizinho seja de bem-estar e união. Esperamos continuar nossa relação de irmandade para fortalecer vínculos políticos, comerciais e culturais”, escreveu o mandatário colombiano, o conservador Iván Duque, em sua felicitação. Antes dele, um comunicado oficial da Chancelaria destacou uma relação estratégica caracterizada pela “bem-sucedida cooperação” no âmbito político, comercial e de investimento.

O peruano Martín Vizcarra desejou a seu futuro homólogo brasileiro “os maiores sucessos em sua gestão”, uma mensagem semelhante à do equatoriano Lenín Moreno, que expressou “os melhores augúrios” ao ganhador de uma eleição que qualificou de “nova façanha democrática”. O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, foi além e, em vez de se ater à cordialidade diplomática, aplaudiu a “mensagem de verdade e paz” do presidente-eleito. “Conta com o compromisso da Secretaria General da OEA de trabalhar de forma conjunta pela democracia, os direitos humanos, a segurança e o desenvolvimento de região”, disse.

Também o chamado eixo bolivariano, radicalmente enfrentado ao projeto de Bolsonaro, aderiu aos critérios de cordialidade. O Governo de Nicolás Maduro, na Venezuela, expressou em nota “suas felicitações ao povo do Brasil pela celebração cívica do segundo turno eleitoral, em que resultou favorecido Bolsonaro como presidente eleito desse país irmão”. O chanceler Jorge Arreaza disse que seu ministério deseja “retomar o caminho das relações diplomáticas de respeito, harmonia, progresso e integração regional”. Durante a campanha, os pronunciamentos do próximo presidente do Brasil sobre os rumos do regime chavista foram marcados pela visceralidade. Tanto é que, na reta final, precisou negar que tenha a intenção de declarar uma guerra ou fechar a fronteira.

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