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“Nossos grupos combatem as notícias maldosas para desconstruir Bolsonaro”

Carlos Nacli, apoiador voluntário de candidato do PSL e criador de 50 grupos de WhatsApp, diz que a guerra virtual é contra a grande mídia

Apoiadores erguem boneco inflável de Bolsonaro, em São Paulo.
Apoiadores erguem boneco inflável de Bolsonaro, em São Paulo.Fernando Bizerra (EFE)
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Empreendedor e uma das lideranças do movimento Nas Ruas, Carlos Nacli diz que o objetivo de espalhar vídeos favoráveis a Jair Bolsonaro (PSL) é combater notícias “tendenciosas” ou “maldosas” da grande imprensa. Formado em Educação Física e criador do Double Fighting, uma espécie de MMA de duplas, ele é um dos administradores de 50 grupos do WhatsApp que difundem imagens positivas ao candidato à presidência. Em sua estimativa, cerca de 10.000 pessoas são alcançadas pelas postagens. Vivendo há três meses em Portugal, Nacli não pretende retornar ao Brasil em definitivo caso seu candidato seja eleito. Nos últimos dias, ele está no Paraná para resolver assuntos pessoais. A entrevista com o apoiador de Bolsonaro se deu por meio do próprio WhatsApp. “Nosso trabalho aqui é fazer o feitiço virar contra o feiticeiro”, diz.

Pergunta. Vi que você é vinculado ao movimento Nas Ruas. Quantos grupos foram criados por vocês em apoio à candidatura de Jair Bolsonaro à presidência da República?

Resposta. Estes grupos são uma iniciativa voluntária minha e do Newton, que mora em Boston. criamos 50 grupos.

P. Consegue estimar qual é o alcance das mensagens que vocês divulgam? Quantas pessoas são abordadas?

R. Diretamente abordamos 10.000 pessoas de todas as partes do Brasil. Daí elas replicam e acaba viralizando na rede WhatsApp.

P. Você e/ou algum outro membro de seu grupo recebem verbas da campanha de Bolsonaro? Ou vocês atuam voluntariamente?

R. 100% voluntários.

P. Vi que em outros grupos de apoio ao Bolsonaro, nos quais não te encontrei como participante, é comum a difusão de boatos. Com relação aos seus grupos, qual é o comprometimento de vocês em não divulgar notícias falsas?

R. Na verdade nossos grupos surgiram da necessidade de combatermos as fakes news dos outros candidatos. Bolsonaro não tem tempo de TV e não tem a verba milionária do fundão que os principais concorrentes têm. Então, diariamente vemos notícias no mínimo tendenciosas para não falar maldosas no intuito de desconstruir o Bolsonaro. Nossos vídeos têm o objetivo central de difundir a verdade. Além da guerra entre os partidos esta eleição será marcada pela guerra virtual. Uma guerra entre a grande mídia tendenciosa e a mídia nas redes sociais onde tem de tudo, mas com certeza é mais democrática e está se mostrando mais poderosa. Um exemplo claro disso é a matéria nojenta que a Folha acabou de soltar da ex-mulher do Bolsonaro que foi replicada pelo resto da mídia tradicional sem critério técnico nenhum, somente espalhar a maldade (a reportagem da Folha é baseada em telegrama oficial de um diplomata brasileiro, que registra relato de ameaça). Graças às redes sociais ela já fez um vídeo desmentindo a Folha e estamos espalhando o vídeo dela para combater os efeitos danosos que a grande mídia propositadamente faz contra Bolsonaro. Temos a certeza que esse efeito multiplicador das redes sociais é mais forte que qualquer grande grupo, ainda mais quando eles lançam notícias maldosas. Em resumo, nosso trabalho aqui é fazer o feitiço virar contra o feiticeiro.

P. Notei que seu telefone é de outro país, me parece que é de Portugal. Certo? Você mora fora do Brasil ou apenas o número é de outro país? Se for essa segunda hipótese, por qual razão você usa um número internacional?

R. Estou morando há três meses em Portugal. Decidi ir morar lá porque o Brasil está muito ruim, a corrupção política está acabando com o Brasil. Lá independentemente de ideologias o básico que todo ser humano deveria ter tem. Aqui no Brasil, PT, PSDB, MDB e seus aliados ficaram os últimos 30 anos só pensando em reeleição e no próprio bolso. Literalmente quebraram o país. Vejo no Bolsonaro a última esperança do Brasil não seguir os rumos da Venezuela.

P. Você trata Portugal como lá. Esses dias você está no Brasil?

R. Estou passando uma semana aqui em Curitiba. Vim pegar minha esposa e filho mais novo para voltarmos semana que vem.

P. Você vai votar lá?

R. Sim.

P. Se o Bolsonaro for eleito, você regressa ao Brasil?

R. Não. Estou adorando Portugal e acho que o Brasil vai precisar de uns 20 anos para recuperar o tempo perdido. Vou ficar vindo de férias somente.

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