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UE adverte May que seu plano para o 'Brexit' é inaceitável

Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, declarou que a proposta não funcionará

Theresa May chega nesta quinta-feira à cúpula europeia de Salzburgo (Áustria).
Theresa May chega nesta quinta-feira à cúpula europeia de Salzburgo (Áustria).LISI NIESNER (REUTERS)

O plano da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, para o divórcio de Bruxelas "não vai funcionar", declarou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, após a finalização da reunião do Conselho Europeu realizada nesta quinta-feira em Salzburgo (Áustria). O presidente francês, Emmanuel Macron, qualificou a proposta de Downing Street como "inaceitável" e enviou uma mensagem aos outros parceiros: "Aqueles que explicam que podemos facilmente viver sem a Europa, que tudo vai ficar bem, e que isso vai trazer muito dinheiro para casa são mentirosos ", disse ele.

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Além disso, a "quase unanimidade" dos Estados se envolve agora na controvérsia e aposta na necessidade da Grã-Bretanha votar o divórcio da UE em um segundo referendo, como adiantou o primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat, à emissora britânica BBC.

A polêmica sobre um segundo referendo no Reino Unido sobre o Brexit entrou em erupção na cúpula europeia em Salzburgo, uma reunião em que Theresa May pediu a ajuda de seus parceiros comunitários para levar adiante seu confuso plano para um Brexit suave e gradual. Mas não teve êxito e, além de terem rejeitado sua proposta de divórcio, alguns dos chefes de Governo e Estado começaram a ventilar na cidade austríaca a solução mantida em voz baixa até agora, que passaria por dar de novo a última palavra ao povo britânico.

A faísca surgiu no ângulo mais inesperado da cúpula, durante uma entrevista do primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, à televisão pública britânica BBC. "Há unanimidade ou quase unanimidade em torno da mesa em que gostaríamos de ver o que parece quase impossível, que é outro referendo no Reino Unido", disse ele.

Por insistência dos jornalistas –foi o prefeito de Londres, o trabalhista Sadiq Khan, que solicitou oficialmente um segundo referendo–, May afirmou: "As pessoas votaram, e votaram por deixar a UE. Agora se trata de confiar nos políticos, pois devemos cumprir a vontade do povo britânico”.

A declaração do maltês se espalhou com a velocidade de um raio e causou réplicas secundárias a favor e contra. O percurso e o apoio à iniciativa são incertos em nível europeu. Mas parece inevitável que desencadeie o debate num momento em que as negociações do Brexit entraram em terreno pantanoso e estão perigosamente perto do limite de tempo a partir do qual parecem fadadas ao fracasso.

Na cúpula de Salzburgo estava previsto o anúncio nesta quinta-feira do adiamento do acordo, esperado para meados de outubro. Tusk queria marcar uma cúpula extraordinária em 17 e 18 de novembro, como o cenário final para um acordo final ou o descarrilamento definitivo do divórcio do Reino Unido e Bruxelas, mas no final esse ponto foi descartado pela reunião de chefes de Estado e de governo da UE, e a data para chegarem a um acordo está mantida para o próximo mês.

Tusk e outros líderes europeus sempre insistiram em que ainda estava em tempo de o Reino Unido recuar no Brexit. Mas o Governo de May se apegou à sua estratégia de "Brexit significa Brexit" como uma maneira de se impor à ala mais radical dos conservadores (partidários de uma saída difícil do clube comunitário, sem acordo com Bruxelas), algo que foi rejeitado de imediato. "As propostas [de Londres] em seu estado atual não são aceitáveis, especialmente na parte econômica", destacou Macron.

"O problema em Londres é que o cenário político é dominado pelos extremos, então eles deveriam procurar uma fórmula para resolver a bagunça", prevê um alto funcionário europeu presente em Salzburgo. "O momento da verdade está se aproximando e é o momento da verdade para o Reino Unido", acrescenta a mesma fonte.

Fontes diplomáticas alertam que o Governo britânico terá de ser claro quanto antes, porque "a UE não está disposta a conceder prorrogações do período de negociação", fixado em dois anos a partir de 29 de março de 2019. O Reino Unido pediu um período de saída a partir dessa data, que expiraria em 31 de dezembro de 2020. Mas, durante esse período, já seria um terceiro país, portanto, teria de decidir sobre um possível referendo muito antes da saída definitiva.

Depois do jantar de líderes na quarta-feira, a primeira-ministra britânica enfatizou duas vezes diante dos jornalistas que essa hipótese estava descartada. "Quero deixar claro: este Governo nunca aceitará um segundo referendo. O povo britânico votou para deixar a UE e partiremos em 29 de março", disse ela, pedindo que o Partido Trabalhista pare de divulgar essas mensagens.

"Unanimidade a favor de outro referendo"

De impossível a inevitável, e de quimera a realidade. A polêmica sobre um segundo referendo em Reino Unido sobre o Brexit estourou em plena cúpula europeia de Salzburgo (Áustria). Alguns dos presidentes de Governo começaram a arejar na cidade austríaca a solução mantida até agora, que passaria por dar novamente a última palavra ao povo britânico.

A faísca surgiu no momento mais inesperado, durante uma entrevista do primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, à BBC. "Há unanimidade ou quase unanimidade em torno da mesa em que nos encantaria que ocorresse o que parece quase impossível, que é outro referendo no Reino Unido", assinalou.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, negou esta possibilidade. "Quero deixar claro: este Governo nunca aceitará um segundo referendo. O povo britânico votou sair da UE e nos iremos no dia 29 de março", assegurou.

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