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Encurralado, Alckmin quer convencer eleitor de que PT e Bolsonaro “têm o mesmo DNA”

Em entrevista a veículos estrangeiros, tucano, que patina nas pesquisas, ataca Bolsonaro e PT "Não há hipótese nenhuma de uma discussão em que o PSDB não esteja no segundo turno"

Geraldo Alckmin durante coletiva nesta segunda-feira em Brasília.
Geraldo Alckmin durante coletiva nesta segunda-feira em Brasília. Eraldo Peres (AP)
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Quando Geraldo Alckmin entrou na sala de reuniões da sede do PSDB em Brasília, na manhã desta segunda-feira, já tinha de lidar com uma notícia negativa. Minutos antes havia sido publicada a mais recente pesquisa MDA encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). Nela, o ex-governador de São Paulo aparece num distante quarto lugar, com 6,1% das intenções de voto. Um desempenho que deixa o tucano com um longuíssimo caminho a percorrer para chegar ao segundo turno.

"Se pegarmos as últimas eleições, as definições de voto foram ao final da campanha. As grandes viradas ocorreram mais perto da data da eleição", defendeu-se Alckmin, durante coletiva de imprensa com veículos de comunicação estrangeiros. "A tendência é [o eleitor] ir para um voto de mais responsabilidade".

A menos de três semanas para o primeiro turno, é esse o discurso que Alckmin tenta reverberar tanto para seus eleitores quanto para aliados, que vivem à beira de um ataque de nervos diante da dificuldade do tucano em decolar. O de que, apesar da fraca pontuação nas sondagens de opinião, ele ainda não pode ser considerado carta fora do baralho. "Nós não vamos mudar a estratégia, entendemos [que há na campanha] duas aventuras populistas muito ruins para o país", afirmou o ex-governador nesta segunda. "Entendo que você tem muita oscilação [no comportamento do eleitorado]. Há várias ondas, o que vai valer é a onda final".

Estrutura para tentar virar a mesa, Alckmin tem. Aos 65 anos, ele construiu a maior aliança política destas eleições, o que lhe garantiu cerca de 40% de todo o horário eleitoral gratuito. Uma superexposição que, no final de julho, fez com que vários analistas políticos previssem que o tucano ganharia musculatura ao longo da campanha eleitoral e passaria para o segundo turno.

Só que, desde então, tudo parece ter dado errado para ele. Justo quando seu comitê de campanha havia iniciado uma agressiva ação de desconstrução de Jair Bolsonaro, o líder nas pesquisas de opinião sofreu um atentado a faca em Juiz de Fora. Os ataques ao candidato do PSL foram suspensos —a decisão de retomá-los só aconteceu recentemente, mais de dez dias depois do crime— e Bolsonaro consolidou sua liderança, de acordo com os institutos de pesquisa. 

Diante do atual bloqueio que enfrenta, Alckmin deu a senha nesta segunda da estratégia que adotará na reta final da eleição para tentar chegar ao segundo turno. Vai insistir no discurso de que Bolsonaro é uma espécie de outra face do PT: "O Bolsonaro é do outro lado, o do PT. O PT originou esse outro radicalismo. [Eles] têm o mesmo DNA, o da defesa das corporações", declarou o tucano. "[O Bolsonaro] é muito próximo do PT. [Ele foi] contra o Plano Real, contra a quebra de monopólio do petróleo e contra o cadastro positivo".

O tucano aposta nesse tipo de mensagem para tentar trazer para si parte do voto antipetista que hoje orbita Jair Bolsonaro. Um fenômeno que foi mapeado pelo Ibope, que identificou numa pesquisa recente que a maioria dos eleitores que se declaram anti-PT —antes próximos do PSDB nas eleições presidenciais— hoje apoia o capitão reformado do Exército.

"Nós vamos mostrar a aventura dos dois, o risco que o Brasil corre de retroceder. Nós já vimos no que deu com o Governo Dilma e o Governo do PT: treze milhões de desempregados. O outro [Bolsonaro], a mesma coisa. Um populismo corporativo, sempre votando junto com o PT", disse.

Num quadro com tantos obstáculos a superar, a pergunta sobre o que Alckmin fará caso não passe ao segundo turno surgiu com naturalidade. O tucano rechaça discutir a hipótese, mas adianta. "Nós sempre tivemos do outro lado que não o do PT. Aliás, em São Paulo, há 24 anos nós derrotamos o PT. Entendo que o PT não é o caminho, isso é retroceder". Questionado se também descartava apoiar Bolsonaro caso o capitão reformado do Exército passe para a segunda etapa do pleito contra o petista Fernando Haddad, Alckmin manteve o mantra de que não fala em plano B: "Não há hipótese nenhuma de uma discussão em que o PSDB não esteja no segundo turno".

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