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Nicolás Maduro visita a China em busca de ajuda para a Venezuela

Presidente visa acordos milionários que apoiem seu plano de recuperação econômica

Nicolás Maduro junto a Xi Jinping durante a cerimônia de boas-vindas, em Pequim.
Nicolás Maduro junto a Xi Jinping durante a cerimônia de boas-vindas, em Pequim.MARCELO GARCIA (AFP)

A China recebeu nesta sexta-feira o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em uma visita de última hora do mandatário latino-americano, que busca apoio de seu principal credor para tentar revitalizar seu país, afundado em uma profunda crise econômica. O alto comissariado do Governo chinês respaldou Maduro e foram assinados acordos econômicos conjuntos “valorados em bilhões de dólares”, segundo o presidente venezuelano, mas não foram anunciados compromissos concretos quanto ao desembolso de novas linhas de crédito.

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Maduro se encontrou na sexta-feira com o presidente chinês Xi Jinping; o primeiro ministro, Li Keqiang; e o conselheiro de Estado e ministro das Relações Exteriores, Wang Yi. Mais ou menos explicitamente, todos apoiaram o líder venezuelano, de acordo com as conversas que ocorreram através da mídia oficial chinesa (ao contrário do que é habitual em outras visitas de Estado, os meios de comunicação de outros países não puderam cobrir esta reunião). Enquanto Xi defendia que Pequim e Caracas "promovam sua confiança e amizade", Li "apoiou os esforços para desenvolver a economia do país" e estava disposto a dar qualquer ajuda necessária.

A inesperada visita tem o objetivo de conseguir algum alívio econômico por meio de alianças nos setores de energia, comercial, financeiro e tecnológico. O caminho foi preparado por Delcy Rodríguez, vice-presidenta da Venezuela, que esteve no país oriental dias antes. Rodríguez afirmou na quinta-feira que o Governo assinou acordos “importantíssimos” com a China e manteve encontros com empresários. Enquanto isso, Simón Zerpa, ministro da Economia e Finanças, disse que um empréstimo de 5 bilhões de dólares (cerca de 21 bilhões de reais) foi obtido junto ao gigante asiático, de acordo com a Bloomberg News.

Semanas antes da visita diplomática surgiu uma nova crise venezuelana, resultado do plano de “recuperação” econômica implantado por Maduro. Entre as medidas se destacam um novo controle de preços, a criação de uma nova moeda, o aumento do salário mínimo e outros ajustes. A oposição considerou as medidas um “paquetazo” que só acelerou a hiperinflação, paralisou vários empresários e terminou com a prisão de outros comerciantes por ordem do regime.

A isca do Governo são as promessas de tempos melhores. A economia venezuelana é administrada com sigilo, o Governo se agarra a esquemas de negócios que oferecem garantias em recursos minerais ou petrolíferos, em sua maioria. Em dezembro, o sucessor de Hugo Chávez criou uma criptomoeda, o “Petro”, lastreada pelas reservas de petróleo, ouro e diamantes. Por isso indexou os novos salários à moeda virtual e até criou os “lingoticos” de ouro para incentivar a poupança.

A viagem do governante à China termina no domingo. “Estou partindo para a República Popular da China em uma visita de Estado muito necessária, muito oportuna e cheia de grandes expectativas”, disse o presidente na quarta-feira.

De uma década para cá a China é um prestamista indispensável para a Venezuela. Os acordos entre os dois países se consolidaram durante a ascensão ao poder de Hugo Chávez, executando mais de 780 projetos com um investimento de mais de 50 bilhões de dólares.

Mas não há garantias de que os acordos possam recuperar a frágil economia venezuelana. O deputado da oposição Jorge Millán adverte que os empréstimos são “ilegais” por não terem a aprovação do Legislativo. “Esse dinheiro nós sabemos onde vai parar, porque já vimos o desfalque à nação na questão elétrica e petrolífera”, disse em uma entrevista coletiva.

Maduro se agarra às relações com seus poucos aliados políticos diante do crescente isolamento internacional. As sanções e a corrupção levaram seu Governo ao limite financeiro. Dos poucos apoios internacionais, conta com o gigante asiático, Bolívia, Cuba, Nicarágua, Rússia e Turquia.

Em julho, o líder chavista viajou para a Turquia para assistir à posse de seu colega Recep Tayyip Erdogan. Aproveitou a viagem para garantir projetos empresariais. Há poucos dias, o Governo anunciou a criação de duas empresas mistas entre os dois países na área de mineração.

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