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Bolsonaro evolui bem após cirurgia de emergência, mas volta para UTI

Procedimento, realizado após a identificação de uma obstrução no intestino, durou cerca de duas horas e foi exitoso. O candidato está internado desde que foi alvo de um atentado, há uma semana

O candidato Jair Bolsonaro.
O candidato Jair Bolsonaro.REUTERS
Beatriz Jucá

Jair Bolsonaro passou por uma cirurgia de emergência na noite desta quarta-feira, 12, em São Paulo. A intervenção, realizada após a detecção de uma aderência obstruindo o intestino delgado, durou cerca de duas horas e foi exitosa. De acordo com boletim médico divulgado na manhã desta quinta-feira pelo hospital Albert Einstein, onde ele está internado, Bolsonaro "evoluiu bem após a cirurgia, sem intercorrências", mas voltou para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) durante a madrugada, onde o acompanham a esposa, Michelle, e o filho Carlos.

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O candidato à presidência pelo PSL, alvo de uma facada que atravessou vários órgãos na quinta-feira passada, vinha evoluindo bem até que, nesta quarta, teve uma piora, com a suspensão da comida por via oral que havia sido iniciada. "Durante o dia de ontem o paciente apresentou distensão abdominal progressiva sugerindo o diagnóstico de obstrução intestinal. Este diagnóstico foi confirmado por tomografia computadorizada realizada durante a tarde", afirma o boletim. Na cirurgia, os médicos liberaram os pontos de obstrução e constataram um extravasamento de secreção intestinal do ponto de obstrução em uma das suturas realizadas anteriormente. "Em grandes traumas abdominais esta complicação é mais frequente do que em cirurgias programadas. A limpeza abdominal foi realizada como feito rotineiramente", relata o comunicado.

Durante o procedimento, o filho dele Flávio Bolsonaro disse, por meio de sua conta no Twitter, que o estado do pai ainda era grave e pediu orações. Depois, Flávio fez nova postagem: "A cirurgia de emergência acabou bem, graças a Deus! Meu pai está pagando um preço muito alto por querer resgatar o Brasil, está literalmente dando seu sangue".

De acordo com a equipe de campanha, os atos serão mantidos mesmo com a piora de Bolsonaro. Correligionários seguirão assumindo os compromissos que já estavam agendados e Flávio seguirá comandando a campanha no Rio de Janeiro. O presidente do PSL em São Paulo, Major Olímpio, disse que estava prevista a gravação de um vídeo diariamente com o o candidato, mas que essa estratégia será adiada para quando ele estiver melhor e sem dores.

Atentado

O líder das pesquisas de intenção de voto para a presidência, que tem entre 24% e 26% da preferência dos eleitores, foi atacado enquanto fazia uma caminhada nas ruas de Juiz de Fora, Minas Gerais, na quinta-feira, 6, provocando um giro dramático na campanha presidencial brasileira. O agressor, Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, foi preso logo depois e agora se encontra em um presídio federal.

Após o ataque, Bolsonaro foi atendido primeiro na Santa Casa de Juiz de Fora, onde chegou em choque, com a pressão arterial muito baixa, 7 por 4, e hemorragia. O primeiro identificado pelos médicos foi que os intestinos delgado e grosso haviam sido afetados pela faca. “Ela pegou uma veia mesentérica. A primeira coisa que fizemos foi estancar a hemorragia interna, que era o mais grave”, explicou então, ao EL PAÍS, a médica Eunice Dantas, diretora medica e técnica da Santa Casa. "Ele poderia ter morrido, foi muito grave". Depois da primeira atenção em Juiz de Fora, pelo público SUS, a família decidiu transferi-lo para o Einstein, em São Paulo, um dos mais reputados hospitais privados do país.

Campanha apenas nas redes

O atentado força Bolsonaro a deixar a campanha de rua e as aparições em debates e entrevistas na TV —ainda não se sabe por quanto tempo, mas faltam apenas 25 dias para o primeiro turno, em 7 de outubro. Por ora, a campanha se mantém ativada nas redes sociais, zona de conforto e ponto forte do candidato de ultradireita. Desafiante, o candidato deixou-se fotografar pelo filho no leito do hospital fazendo com as mãos o gesto de uma arma.

As primeiras pesquisas mostraram um avanço, considerado modesto, das intenções de voto em Bolsonaro após o atentado. Ele também lidera o ranking da rejeição dos presidenciáveis, especialmente entre as mulheres, e isso é um obstáculo para seu crescimento nos levantamentos. Há expectativa pela nova pesquisa nacional do Datafolha, a ser divulgada na noite de sexta-feira, para que fiquem mais claros os movimentos do eleitorado num cenário tão movimentado.

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