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EUA denunciam “epidemia” do cigarro eletrônico

Governo ameaça proibir a venda para menores

Jovem fuma uma cigarro eletrônico na rua Pelayo, em Madri.
Jovem fuma uma cigarro eletrônico na rua Pelayo, em Madri.Víctor Sainz

A Administração de Drogas e Alimentos (FDA) dos Estados Unidos deu dois meses aos fabricantes de cigarros eletrônicos para que adotem medidas para evitar que menores comprem esses produtos. Do contrário, ameaça proibir sua venda. Scott Gottlieb, seu principal responsável, argumenta que o uso dos vaporizadores com sabores entre os jovens alcançou proporções “epidêmicas”.

A ação da FDA está voltada para os cinco grandes fabricantes desses aparelhos, e também para as 1.300 lojas que os comercializam no país. Gottlieb considera que a política de distribuição dessas empresas está fazendo “que se perpetue o acesso dos jovens” a esses produtos. “Tornou-se uma tendência quase ubíqua e perigosa entre os adolescentes”, afirma.

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A trajetória do uso desses vaporizadores aromatizados por menores se acelera nos EUA. Isso, segundo a FDA, os coloca no caminho da dependência. “Não podemos tolerar que uma geração de jovens se torne viciada em nicotina”, adverte o funcionário, que estava disposto a dar apoio a esses produtos como uma alternativa para os consumidores adultos de tabaco.

O cigarro eletrônico, aliás, é apresentado como uma opção menos aditiva que os cigarros convencionais, porque contém níveis menores de nicotina. Esses dispositivos, portanto, são vistos pela FDA como uma via menos nociva para adultos que não conseguem parar de fumar. Mas as vantagens para os adultos estão sendo ofuscadas pela espiral no uso entre os jovens.

As cinco marcas de vaporizadores que são alvo dessa advertência são Juul, Vuse (comercializada pela multinacional British American Tobacco), MarkTen (Altria), Blu E-cigs (Imperial Brands) e Logic (da Japan Tobacco). Os inaladores são oferecidos em múltiplos sabores. Os jovens os consomem sem saber que contêm nicotina, enquanto publicam as fotos nas redes sociais.

Para evitar a proibição, os fabricantes terão 60 dias para detalhar aos órgãos reguladores como vão prevenir que os adolescentes utilizem seus produtos. Isso, portanto, os obrigará a rever suas políticas de comercialização, distribuição e as campanhas de publicidade, para poder ter a autorização de venda. A FDA utilizará esse período para examinar as práticas comerciais.

A Campanha para Crianças Sem Tabaco elogiou a firmeza da FDA. “É a primeira vez que se reconhece que é preciso abordar o problema exigindo que os fabricantes eliminem do mercado os produtos aromatizados, a menos que tenham sido autorizados, modifiquem suas práticas comerciais e tomem medidas significativas para reduzir a venda ilegal a menores”, diz seu presidente, Matthew Myers.

Os fabricantes alegam que há décadas já tentam reduzir o uso dos vaporizadores entre os jovens, e nesse sentido se comprometem a cooperar com a FDA para reagir ao problema. Os EUA proíbem em nível federal a venda desse tipo de produto a menores, e as lojas que não respeitam as regras podem ser multadas em até 11.200 dólares (46.600 reais) por violação.

Este passo surge justamente porque nos últimos meses foram feitas inspeções-surpresas nas lojas. Também foram rastreados sites que oferecem vaporizadores na Internet, para detectar se os próprios fabricantes estariam usando essas lojas eletrônicas para vender a menores e esquivar a regulação. Gottlieb ameaça inclusive mover ações penais se essa prática prosseguir.

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