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A ex-assessora que ameaça Trump: gravações secretas e acusações de racismo

Omarosa Manigault Newman, que foi a principal defensora do presidente entre a população negra, tornou-se agora seu novo pesadelo

Newman e Trump, em fevereiro de 2017 na Casa Branca.
Newman e Trump, em fevereiro de 2017 na Casa Branca.MICHAEL REYNOLDS (EFE)

Omarosa Manigault Newman, que foi a principal defensora de Donald Trump entre a população negra, tornou-se agora seu novo pesadelo. Aquela que foi a mais destacada assessora afro-americana da Casa Branca embarcou em uma ofensiva contra o presidente americano. Ela acusa-o de ser racista, de sofrer um declínio mental, de tentar silenciá-la com dinheiro e de fazer comentários depreciativos sobre os afro-americanos. Omarosa, como é conhecida, não apresentou provas para embasar as acusações. Mas divulgou duas gravações secretas, uma de Trump, na Casa Branca, e ameaçou apresentar outras. A grande questão: é pura estratégia comercial para promover seu novo livro ou, como ela afirma, está disposta a puxar o manto que encobre os segredos presidenciais?

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O republicano contra-atacou com sua ferocidade habitual a qualquer crítica. Chamou de "escória" a mulher que por várias temporadas foi uma concorrente do programa de televisão apresentado por Trump e integrou sua campanha eleitoral. "A maluca Omarosa, que foi demitida três vezes em The Apprentice, agora foi despedida pela última vez. Não teve sucesso, nunca vai ter. Ela me implorou por um emprego, com lágrimas nos olhos. Eu disse: 'OK'. As pessoas na Casa Branca odiavam-na. Era agressiva, mas não esperta", escreveu ele no Twitter na segunda-feira. O presidente argumentou que mal a via, mas que escutou "coisas realmente ruins" dela e que não trabalhava direito. Ainda assim, ele admite que, como ela "apenas dizia grandes coisas" sobre ele, pediu ao seu chefe de Gabinete, John Kelly, que tentasse resolver suas diferenças com a assessora.

Nesta terça-feira ele redobrou os ataques no Twitter: "Suponho que simplesmente não funcionou você dar um descanso a uma gentalha louca e chorosa e lhe dar um emprego na Casa Branca. Ótimo trabalho do General Kelly ao despedir esse cachorro rapidamente!”.

Em dezembro Kelly demitiu Newman, de 44 anos, que trabalhava na área de comunicação e liderava o relacionamento com a comunidade afro-americana. Desde domingo, todos nos Estados Unidos puderam saber exatamente como isso aconteceu. Ela fez uma gravação secreta do momento em que o chefe da equipe lhe propôs uma saída amigável e no domingo a NBC a transmitiu durante uma entrevista com ela. A ex-assessora diz que gravou a conversa para se proteger no futuro. Parecia uma estratégia para manter a credibilidade de uma mulher camaleônica: depois de trabalhar brevemente na Casa Branca de Bill Clinton, passou a participar do The Apprentice, também ajudou na campanha de Barack Obama em Ohio, seu Estado natal, para anos depois entrar na de Trump e, depois de sua saída da Casa Branca, foi uma das participantes do Celebrity Big Brother.

Em uma reunião na sala de segurança máxima da Casa Branca, na gravação é possível ouvir Kelly dizendo a Newman que ela violou "sérias questões legais", relacionados a dinheiro e ao uso de veículos oficiais, e a convida a concordar com uma "saída amigável" da Administração. A ex-assessora tinha sido acusada de procurar protagonismo demais na Casa Branca. Nesta segunda-feira redobrou sua ofensiva. Em outra entrevista à NBC, divulgou nova gravação que fez secretamente. Ela conversa com Trump depois de ser demitida. "Ninguém me disse", diz o presidente, que afirma ter ficado sabendo pela imprensa sobre sua saída da Casa Branca e diz lamentar o fato.

A ex-assessora promete guerra. "Há muitas coisas muito corruptas acontecendo na Casa Branca e eu vou puxar o fio de muitas delas", advertiu na segunda-feira. Os porta-vozes de Trump criticaram duramente as acusações de Newman e consideraram uma "falta de integridade" ter feito gravações sem permissão. Dezenas de pessoas foram demitidas ou deixaram o círculo íntimo de Trump em seu ano e meio como presidente, mas o livro de Newman —intitulado Unhinged (desequilibrado) e que está sendo lançado nesta terça-feira— é o primeiro testemunho crítico de uma pessoa tão próxima do presidente.

A mulher, que conhece Trump há mais de 15 anos e o elogiava até ser demitida, acusa o presidente de não estar mentalmente preparado para o trabalho. "Não, eu não acho que ele esteja qualificado", disse em sua rodada de entrevistas. Ela também afirmou que a equipe de comunicação da Casa Branca aconselha Trump a mentir deliberadamente e que há um "padrão" de ataques a pessoas negras. Em seu livro, afirma, sem apresentar provas, que existem gravações durante os programas de The Apprentice em que Trump usa a palavra nigger (termo depreciativo para se referir aos negros).

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