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No fim do mandato de Santos, Colômbia reconhece Estado palestino

Novo presidente colombiano, Iván Duque, examinará as implicações da decisão do seu antecessor

Santiago Torrado
Iván Duque é recebido por Juan Manuel Santos ao chegar ao palácio de Nariño, sede da presidência.
Iván Duque é recebido por Juan Manuel Santos ao chegar ao palácio de Nariño, sede da presidência.EFE

Antes de entregar o poder, o agora ex-presidente Juan Manuel Santos decidiu que a Colômbia reconhecesse a Palestina como um “Estado livre, independente e soberano” e informou essa medida ao novo mandatário, Iván Duque, confirmaram fontes diplomáticas nesta quarta-feira. A Colômbia era o único país sul-americano que ainda não havia reconhecido o Estado palestino.

“Somos conscientes das dificuldades e sofrimentos que a população palestina tem enfrentado. Também reconhecemos que, para a construção gradual de seu Estado, a unidade da nação palestina é um imperativo, e esperamos que continuem se dando as condições internas para superar os desafios que se apresentam no caminho”, diz a carta oficial, datada de 3 de agosto e assinada por María Ángela Holguín, ministra de Relações Exteriores durante os dois mandatos de Santos (2010-2018). Nesta terça-feira, após a posse de Duque, Holguín foi substituída no cargo por Carlos Holmes Trujillo.

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O comunicado, dirigido ao ministro de Relações Exteriores do Estado da Palestina, Riad Malki, considera, com relação ao conflito entre Israel os palestinos, que “a negociação direta é a melhor maneira de chegar a uma solução duradoura e justa que permita a ambos os povos e Estados conviver de maneira pacífica”.

Santos informou a decisão à equipe de Duque dias antes de terminar seu mandato, e nesta quarta-feira o novo Governo reconheceu a nota assinada por Holguín, conforme declarações feitas por Trujillo na ilha de San Andrés, onde acompanhou o mandatário em sua primeira viagem oficial. “Diante de possíveis omissões que poderiam depreender-se da forma como se deu esta decisão do antigo Governo, o [novo] Governo examinará cuidadosamente suas implicações e agirá em conformidade com o direito internacional”, disse o recém-empossado chanceler.

A decisão “é profundamente grata para o povo palestino e seu Governo, que sempre viram a Colômbia e seu povo como irmãos infatigáveis na busca pela paz. Essa fraternidade se construiu durante mais de um século e hoje se vê materializada com uma das comunidades palestinas mais numerosas de toda a América Latina”, afirmou a Embaixada palestina em nota publicada nesta quarta-feira.

Já a Embaixada de Israel em Bogotá se mostrou “surpresa e decepcionada”, qualificou a decisão como “uma bofetada a um aliado fiel” e solicitou que seja revertida.

O Governo de Ernesto Samper (1994-1998) abriu as portas para a instalação da missão diplomática da Palestina na Colômbia, e o Governo de Santos já tinha elevado o status dessa legação, mas sem chegar ao pleno reconhecimento. Nos últimos oito anos, a diplomacia colombiana apoiou na ONU as resoluções que tratam da questão palestina.

Depois que o Uruguai reconheceu a Palestina como um Estado, em março de 2011, a Colômbia permanecia como o único país da região que não tinha dado esse passo. Naquele mesmo ano, um grupo de destacados estudiosos colombianos das relações internacionais assinou uma carta pública dirigida a Santos argumentando que “o reconhecimento da soberania do Estado Palestino é um ato consequente com a história, os valores e os interesses da Colômbia”.

A decisão foi o resultado “de um profundo trabalho de aproximação entre os Governos colombiano e palestino, esforço que hoje dá seus frutos e que sem dúvida será fortalecido no futuro próximo para bem de ambos os povos”, acrescentou a embaixada palestina na quarta-feira.

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