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Suprema Corte da Venezuela ordena prisão do oposicionista Julio Borges pelo atentado contra Maduro

Presidente venezuelano acusa o ex-presidente do Congresso de ser um dos responsáveis do ataque

O deputado opositor venezuelano Julio Borges a sua chegada ao Congresso de Bogotá, Colômbia, nesta quarta-feira.
O deputado opositor venezuelano Julio Borges a sua chegada ao Congresso de Bogotá, Colômbia, nesta quarta-feira.Fernando Vergara (AP)
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A Suprema Corte da Venezuela ordenou nesta quarta-feira a prisão do deputado oposicionista e ex-presidente do Congresso Julio Borges por “crime de homicídio doloso”. O tribunal o acusa de ser um dos responsáveis pelo ataque sofrido pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro no sábado em Caracas.

“Na análise das atas que compõem o processo contra Julio Andrés Borges Juyent fica evidente que existem elementos que comprometem sua responsabilidade na execução flagrante do crime de homicídio doloso qualificado em grau de frustração contra o cidadão Nicolás Maduro Moros”, especifica o comunicado da Suprema Corte.

Ao mesmo tempo em que a decisão do tribunal era divulgada, Borges, em Bogotá, a cidade onde reside, se reunia com Ernesto Macías, presidente do Senado colombiano. “Nos acusam de tudo há anos: de que íamos para bombardear Caracas pilotando um avião, de que estávamos envolvidos em conspirações militares, de que estávamos com o Governo da Colômbia colocando dinheiro da Venezuela aqui, de tráfico de mulheres, de praticar terrorismo”, defendeu-se diante das palavras do presidente venezuelano.

O deputado atribui as acusações à sua posição contra Maduro. “Conseguimos promover sanções, o cerco internacional, e nos recusamos a assinar o acordo da República Dominicana”, disse no parlamento colombiano. “Ele não nos perdoa por essa posição.”

Depois da reunião Borges qualificou a Assembleia Constituinte da Venezuela como “espúria”, porque durante a tarde de quarta-feira, segundo o político venezuelano, sua imunidade parlamentar seria retirada. A Corte Suprema da Venezuela considera improcedente o julgamento do mérito da denúncia contra Borges, “razão pela qual seu ajuizamento” será feito por tribunais penais comuns e foi “ordenada a prisão imediata do parlamentar”, uma ordem que foi emitida apesar de o deputado não estar no país.

“Queremos enviar uma mensagem para Nicolás Maduro: ‘O senhor estará fora do poder, preso por violação dos direitos humanos e pela destruição da democracia’”, continuou, enquanto condenou o que considera ‘a detenção arbitrária’ de Juan Requesens, companheiro de seu partido Primero Justicia, e também acusado pelo regime de Maduro de ser um dos autores intelectuais do atentado que sofreu. “Eles o sequestraram, o levaram contra as leis, contra a Constituição, violaram todos os direitos humanos”, disse no Congresso colombiano. “Sua família nem sequer sabe onde está.”

Em Bogotá, Borges está acompanhado por Antonio Ledezma, ex-prefeito de Caracas, que fugiu da Venezuela pela fronteira terrestre com a Colômbia, e José Manuel Olivares, outro deputado do Primero Justicia que se exilou recentemente. “Ninguém quer violência na Venezuela”, reiterou o ex-presidente do Congresso, “o único promotor da violência se chama Nicolás Maduro, por isso precisamos que no curto prazo e democraticamente haja uma mudança de paz e liberdade”.

Colômbia, na mira de Maduro

Na tarde de terça-feira, enquanto Iván Duque tomava posse como novo presidente da Colômbia, Maduro fez uma aparição pública na qual disse que dois grupos treinados entre abril e junho em uma fazenda na cidade de Chinacota, no norte de Santander (Colômbia), foram encarregados de operar os dois drones que explodiram no sábado durante um desfile militar em Caracas e que tinham como objetivo atacar a tribuna presidencial onde estava Nicolás Maduro, segundo a versão do próprio presidente.

Maduro forneceu o depoimento de seis dos supostos participantes do atentado. No entanto, especialistas policiais consultados por este jornal colocaram em dúvida a solidez das provas apresentadas pelo presidente. Dias antes, Maduro acusou o então presidente colombiano, Juan Manuel Santos, de ser outro dos responsáveis pelo que considera uma tentativa de assassinato.

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