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Foragido após morte de paciente, ‘Doutor Bumbum’ é preso em bairro nobre do Rio

Paciente de 46 anos havia se submetido a uma cirurgia ilegal no apartamento do cirurgião plástico, na Barra da Tijuca

Denis Furtado, conhecido como Doutor Bumbum.
Denis Furtado, conhecido como Doutor Bumbum.FB
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Impostores com seringas

Policiais do 31º BPM (Barra da Tijuca) do Rio de Janeiro prenderam, nesta quinta-feira, o médico Denis César Barros Furtado, conhecido como Doutor Bumbum, de 45 anos, em um centro comercial da cidade. Furtado foi detido junto com sua mãe, Maria de Fátima Barros Furtado. Ambos são suspeitos de envolvimento na cirurgia plástica ilegal que provocou a morte da bancária Lilian Quézia Calixto, de 46 anos, e estavam foragidos desde o domingo, 15 de julho. Os policiais localizaram o médico e sua mãe após receberem informações pelo Disque-Denúncia.

Denis Furtado, que tem mais de 650.000 seguidores no Instagram, se gabava de fazer mágica nos corpos das brasileiras. Mas desapareceu depois da morte de Calixto, que se submeteu a uma cirurgia estética clandestina em seu apartamento.

A paciente conheceu o trabalho de Furtado através de amigas e viajou 2.000 quilômetros desde Cuiabá até o Rio para um procedimento estético de aumento de glúteos com a polêmica substância polimetilmetacrilato. Furtado operou Calixto na cobertura do seu apartamento na Barra da Tijuca e, pouco tempo depois, ela começou a passar mal.

Antes de ser preso, Denis César publicou sua defesa em cinco postagens no Instagram

Com taquicardia e hipotensão, a mulher ingressou no hospital no domingo e, depois de quatro paradas cardíacas, faleceu. O Doutor Bumbum fugiu e passou a ser buscado por homicídio qualificado e associação criminosa, enquanto sua namorada, que seria também sua assistente, foi detida.

A advogada Naira Baldanza, defensora de Furtado, indicou que a paciente "não apresentou nenhuma complicação" durante a cirurgia, segundo uma nota citada pelo site G1. "Qualquer conclusão sobre a morte de Lilian e a eventual responsabilidade de meu cliente (...) é precipitada", acrescentou. Mas uma fonte policial, também citada no G1, indicou que em seu depoimento "a diretora do hospital contou que Lilian ainda estava lúcida e descreveu o que havia acontecido".

Lilian Quézia Calixto.
Lilian Quézia Calixto.FACEBOOK

A história teve uma grande repercussão no segundo país com mais cirurgias plásticas do mundo, após Estados Unidos. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC) repudiou rapidamente o caso e denunciou que "a crescente invasão da especialidade por não especialistas promove cada vez mais casos fatais como este".

"Uma cirurgia plástica não pode ser feita em um apartamento. Há muitas pessoas que vendem uma ilusão, uma fantasia para pacientes de uma forma que não ética e as pessoas, fragilizadas, se sentem atraídas muitas vezes por preços baixos, sem querer saber se serão operadas em condições adequadas", disse o presidente da SBPC, Niveo Steffen. Este cirurgião plástico lembra, além disso, que procedimentos com biopolímeros e polímeros são muito perigosos e já causaram problemas e até a morte de dezenas de mulheres na América Latina, com casos especialmente graves na Venezuela.

O caso do médico revela "a banalização dos procedimentos estéticos por profissionais não especializados, que muitas vezes nem são médicos e colocam a população em risco", acrescentou. De acordo com G1, Furtado também operava em Brasília e foi denunciado quatro vezes pela Policial Civil do Distrito Federal por exercício ilegal da medicina e crimes contra o consumidor.

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