_
_
_
_
_

Donald Trump consolida guinada conservadora na Suprema Corte

O presidente reforça o giro para a direita do tribunal superior com a nomeação de Brett Kavanaugh, o segundo em um ano e meio

Amanda Mars
Jornalistas aguardam pronunciamento de Trump sobre nomeação de juiz da Suprema Corte.
Jornalistas aguardam pronunciamento de Trump sobre nomeação de juiz da Suprema Corte. TASOS KATOPODIS (AFP)
Mais informações
Supremo dos EUA apoia veto migratório de Trump
Suprema Corte dos EUA respalda confeiteiro que não quis fazer bolo nupcial para casal gay
Antonin Scalia, juiz da Suprema Corte dos EUA e ícone intelectual da direita

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu nomear o juiz Brett Kavanaugh, conselheiro de George W. Bush e membro da equipe que investigou o ex-presidente Bill Clinton, como um candidato para a nova posição da Suprema Corte dos Estados Unidos. A nomeação acontece após a aposentadoria de outro conservador, mas mais moderado, Anthony Kennedy, no final de junho. O presidente anunciou sua escolha nesta segunda-feira, na Casa Branca. O nome de Kavanaugh agora precisa ser aprovado no Senado, onde se inicia a nova luta. Se for bem-sucedido, Trump terá conseguido consolidar a virada à direita do mais alto órgão judicial do país, composto por nove membros, cinco considerados conservadores e quatro progressistas.

A eleição de um juiz da Suprema Corte é uma das decisões mais importantes para um presidente dos Estados Unidos, já que seus ocupantes tomam decisões críticas para a sociedade americana. Foi a alta corte que encerrou a segregação racial das escolas públicas em 1954, que descriminalizou o aborto, em 1973, ou declarou legal o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país, em 2015.

A agenda social tem sido fundamental nesta eleição. O medo dos democratas e dos ativistas pró-escolha ou direitos LGBT, entre outros, é que a virada conservadora da Suprema Corte acabe com os direitos que se acreditava estarem blindados. Algumas decisões recentes, como o apoio ao veto de imigração de Trump ou à decisão de um confeiteiro, que se recusou a fazer um bolo para um casamento entre dois homens, alimentam essas dúvidas.

Kavanaugh, um juiz federal de apelação em Washington DC, é um conservador respeitado por ter sido parte da equipe do promotor independente Kenneth Starr, que acusou Clinton no caso Monica Lewinsky, e por ser assistente de George W. Bush. Seu histórico de serviço também se encaixa com o republicanismo mais religioso. Em outubro passado, por exemplo, ele fez parte do grupos de juízes que vetou o aborto de uma imigrante irregular de 17 anos detida no Texas.

A postura do nomeado sobre o aborto se mostrava fundamental, como demonstraram protestos a favor e contra o direito, que foram realizados fora da sede do Supremo ao mesmo tempo que Trump anunciava o candidato. O juiz conservador aposentado, Kennedy, migrou para posições mais centristas ao longo dos anos e seu voto foi decisivo em questões sociais críticas, como discriminação positiva ou casamento gay. Seu substituto, caso seja aceito pelo Senado, assume uma curva para a direita.

Alguns republicanos como líder no Senado, Mitch McConnell, haviam advertido Trump que ele deveria escolher um nome que tivesse um consenso total entre os membros de seu próprio partido e não desse munição aos democratas para torpedear o processo de confirmação para garantir que ela ocorresse antes das eleições legislativas de novembro, quando a maioria conservadora do Senado está em risco.

Agora, com controle mínimo (51 dos 100 senadores e um dele, John McCain, de licença) será necessário conseguir algum apoio da oposição. Se der certo, Trump terá tido a oportunidade de nomear dois membros em apenas um ano e meio de mandato. A idade dos novos eleitos, os 50 anos de Gorsuch e os 53 do recém-nomeado, favorecem um mandato que durará décadas. Se outros dos membros mais velhos deixam a Corte, como os considerados progressistas, Ruth Bader Ginsburg (85) e Stephen Breyer (79), o presidente republicano poderia indicar ainda novos nomes, para fortalecer a ala conservadora do tribunal superior, o que explica o apelo de grupos progressistas para que esses juízes veteranos não deixem ainda seus cargos.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_