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COPA DO MUNDO RÚSSIA 2018
Análise
Exposição educativa de ideias, suposições ou hipóteses, baseada em fatos comprovados (que não precisam ser estritamente atualidades) referidos no texto. Se excluem os juízos de valor e o texto se aproxima a um artigo de opinião, sem julgar ou fazer previsões, simplesmente formulando hipóteses, dando explicações justificadas e reunindo vários dados

Messi contra o mundo

Ninguém se atreve a descartar França, Alemanha, Brasil ou Espanha mas, por outro lado, se fala da Argentina, apesar de ter o número 1

Ramon Besa
Messi, no final do duelo contra a Islândia
Messi, no final do duelo contra a IslândiaClive Rose (Getty Images)

A Copa do Mundo é dividida em dois tempos, como um jogo de futebol: a fase de classificação e as eliminatórias. No primeiro, se exibem algumas das seleções que não ganharão o título, mas que podem levar à eliminação de alguma favorita. Com exceção da França, as demais candidatas estão em situação precária na Rússia.

A campeã Alemanha é uma das mais pressionadas por sua derrota para o México. Tem um problema de gerenciamento, mais do que de futebol. Algumas decisões só podem ser interpretadas do ponto de vista da convivência e da hierarquia, de certos hábitos na relação jogador-treinador, como a exclusão de Sané, a titularidade de Neuer ou a condição física de jogadores como Özil. Todos se conhecem muito bem, o efeito surpresa desaparece e a confiabilidade diminui porque os rivais aprenderam a se decifrar. Löw luta para evitar que coloquem nele uma data de validade.

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A França não parece ter um meio termo. Aprendeu a competir no extremismo, indiferente ao barulho e ao que vão dizer. Não tem jogadores que produzem futebol e, para compensar, busca dominar as áreas, uma circunstância a ser levada em conta já que o destino de muitos jogos depende mais de aproveitar os erros, do que tomar a iniciativa.

A Espanha não mudou de plano nem de jogadores, mas há um novo treinador e um olhar diferente: a julgar pelo jogo contra Portugal, se repara mais no goleiro do que no centro-avante em uma equipe cheia de meio-campistas. Diego Costa ganhou o posto e, por outro lado, se discute sobre De Gea.

O futuro do Brasil é especialmente incerto, apesar de sua candidatura parecer uma das mais sólidas. Nada surpreendente quando se depende de um jogador fisicamente limitado e que continua sendo um adolescente caprichoso como Neymar. O atacante do PSG, que nunca foi um jogador de equipe, é prejudicado por seu individualismo. Os rivais se revezam na marcação sobre ele, antecipam suas jogadas cientes de que joga fora da área e não tem velocidade para se desvencilhar. A equipe de Tite costuma ter problemas com rivais da Europa.

E resta a depressiva Argentina. Sampaoli foi escolhido para dar segurança ao time e hoje atua como qualquer um de seus antecessores, confuso e desequilibrado. O problema de fundo continua o mesmo: o que agrada a Messi não é necessariamente o que convém à seleção argentina. Os técnicos jogam com a formação, pensam em função do 10, mas não resolvem o time e se resignam a encarar cada jogo como se fosse o último. Entre as seleções favoritas, é a que lança mais dúvidas do que certezas.

Ninguém se atreve a descartar França, Alemanha, Brasil e Espanha, mas, por outro lado, falam da Argentina, apesar de ter o número 1, Messi, que está jogando contra o mundo na Rússia.

 

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